quarta-feira, março 20, 2019

IRÃO FOI MESMO ADMITIDO NA COMISSÃO SOBRE O ESTATUTO DA MULHER NA ONU...

"ONU escolhe Irão para chefiar subcomissão para mulheres", destaca-se no título de um artigo que está circular nas redes sociais, publicado numa página do Brasil. "Esta subcomissão irá tratar de temas como igualdade de género e empoderamento de mulheres e de meninas", lê-se no texto, acrescentando que o regime iraniano "acabou de sentenciar uma advogada de direitos da mulher no país, Nasrin Sotudeh, a 38 anos de prisão e 148 chibatadas". 
O artigo foi publicado no dia 14 de Março de 2019, na página "MBL News", sediada no Brasil. "ONU escolhe Irão para chefiar subcomissão para mulheres", destaca-se no título. Apesar de ter origem no Brasil, a difusão nas redes sociais já chegou a Portugal, através de centenas de partilhas. Vários leitores do Polígrafo depararam com a publicação e questionam sobre se é verdade ou mentira.
"Esta subcomissão irá tratar de temas como igualdade de género e empoderamento de mulheres e de meninas. O cientista político André Lajst disse que 'foi uma escolha muito grave. O regime acabou de sentenciar uma advogada de direitos da mulher no país, Nasrin Sotudeh, a 38 anos de prisão e 148 chibatadas'", lê-se no texto do artigo.
É mesmo verdade que o Irão foi admitido em comissão sobre os direitos das mulheres da Organização das Nações Unidas (ONU) um dia depois de condenar uma mulher a 148 chicotadas? Sim. Em reunião plenária realizada no dia 11 de Março de 2019, a Comissão sobre o Estatuto da Mulher da ONU nomeou a República Islâmica do Irão e a Nigéria para integrarem o Grupo de Trabalho das Comunicações sobre o Estatuto da Mulher.
É verdade que "esta subcomissão" - ou grupo de trabalho - "irá tratar de temas como igualdade de género e empoderamento de mulheres e de meninas". Mais, vai analisar queixas sobre violações dos direitos das mulheres. O título da publicação em análise indica que o Irão vai "chefiar" a subcomissão, algo que parece não ter fundamento, pelo menos de acordo com a informação oficial disponível. Mas é verdade que foi integrado no referido grupo de trabalho.
Tal como é verdade que essa integração foi decidida um dia depois de se saber que a activista dos direitos humanos iraniana Nasrin Sotoudeh, Prémio Sakharov em 2012, foi condenada a 38 anos de prisão e 148 chicotadas.
A advogada representou activistas da oposição e mulheres processadas por remover o véu em público, tendo sido detida em Junho de 2018 e acusada de espionagem, difusão de propaganda e insultos ao denominado "Líder Supremo" do Irão, Ali Khamenei.
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Fonte: https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/o-irao-foi-admitido-na-comissao-sobre-o-estatuto-da-mulher-da-onu-um-dia-depois-de-condenar-mulher-a-148-chicotadas

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Será abjecta manobra política para contrariar a administração Trump?, ou simplesmente um acto de dar a outra face para sensibilizar o Irão?
Mete nojo de todas as maneiras e só confirma que para a elite reinante os direitos da mulher estão,. na hierarquia de valores «mainstream», abaixo da adoração do Amado Outro...