AO DEUS DAS FRONTEIRAS, TÉRMINO
Dia 23 de Fevereiro é consagrado no calendário religioso latino a Terminus, Deus das Fronteiras. Trata-Se de uma Divindade, representada por uma pedra, que zela pelo respeito devido aos marcos que delimitam os territórios. Nesta data, os proprietários enfeitavam com grinaldas as pedras que marcavam as fronteiras das suas terras e ofereciam bolos, frutos e vinho à Divindade.
Celebrava-se a Terminália junto de uma rocha fronteiriça, no templo de I.O.M. - Iuppiter Optimus Maximus ou Júpiter o Melhor e o Maior - localizado no monte Capitolino, em Roma.
O poeta Ovídio consagrou-Lhe estas palavras:
«Santo Terminus, Tu defines povos e cidades e nações dentro das suas fronteiras. Toda a terra estaria em disputa se não fosses Tu. Não procuras serviços nem o favor de ninguém; nenhuma quantia de ouro pode corromper o Teu julgamento. Em boa fé, Tu preservas as reivindicações legítimas às terras rurais.»
(Ovídio, Fastos II.658-62).
Saúde-Se portanto o Deus das Fronteiras, garantia de justiça e de identidade...
De notar, entretanto, que uma das facetas de Júpiter, o Deus Máximo dos Romanos (e de outros Povos áricos), é Júpiter Terminalus, isto é, Júpiter Guardião das Fronteiras.
Terminus é, em termos etno-históricos, um dos testemunhos do carácter arcaico e indo-europeu da Religião Romana, dado que parece ter equivalentes noutras tradições indo-europeias: Heimdall entre os Nórdicos, Bhaga entre os Arianos da Índia. De acordo com uma lenda romana, Terminus recusou que o Seu altar fosse retirado do Monte Capitolino para aí se erigir um templo a Júpiter. Os Romanos consideraram que essa recusa constituía um bom augúrio para a futura defesa das fronteiras devidas da cidade. O altar de Terminus acabou por ser incluído no templo de Júpiter, tendo sobre si uma abertura, uma vez que a tradição ritual ordenava que o altar estivesse sob o céu.
Terminus faria parte, segundo Georges Dumézil, de uma arcaica tríade juntamente com Júpiter e Juventas (Juventude), tríade esta que seria a versão latina de uma tríade indo-europeia, obviamente mais arcaica, cuja versão indiana seria constituída por Mitra (soberano jurista, como Júpiter), Aryaman (entrada dos homens na sociedade, passando da infância à idade adulta, tendo relação nisso com Juventas, personificação divina da Juventude) e Bhaga (distribuidor dos bens, portanto, da propriedade, um pouco como Terminus). Segundo Plutarco, o culto original de Terminus não recebia sacrifícios sangrentos por ser uma Divindade pacífica.
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