terça-feira, agosto 14, 2018

BATALHA DE ALJUBARROTA


No dia 14 de Agosto de 1385 as forças portuguesas lideradas no terreno por D. Nuno Álvares Pereira e D. João I derrotaram pesadamente as tropas castelhanas de D. Juan I. Estas traziam consigo cavaleiros franceses, bem como combatentes italianos; do lado de Portugal, estava um contingente de arqueiros ingleses, com os seus então temidos «longbow», ou arco longo, terror dos inimigos da velha Albion.
Nesta ocasião, todo o povo se levantou pela causa nacional, tendo, na quase lendária padeira de Aljubarrota, um símbolo assaz significativo: mulher forte, guerreira, lutando ao lado dos homens, fazendo lembrar referências às antigas mulheres celtas, que alegadamente combatiam por vezes ao lado dos maridos. Coincidentemente, até o seu nome próprio, Brites, evoca a antiga celticidade.
Pode ler-se mais sobre a batalha aqui
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Permanece o exemplo colectivo de um povo que pela independência da sua estirpe enfrentou um oponente consabidamente imperialista e cuja superioridade numérica ganha laivos de inverosimilhança quando se sabe que perdeu; entretanto, os Portugueses, é bom lembrar, tinham a elite do seu próprio país contra si, uma vez que o grosso da nobreza e do alto clero de Portugal estava por Castela. Esta foi pois uma vitória do povo, até mesmo ao nível do aspecto técnico-militar, uma vez que parece ter-se tratado de uma das primeiras ocasiões na história medieval militar da Europa em que uma massa de combatentes a pé - portanto, usualmente de origem plebeia - consegue, mesmo em desvantagem numérica, levar de vencida a cavalaria. Uma vitória que só pôde acontecer porque quem estava em franca desvantagem no que ao número diz respeito não se deixou ficar numa derrota prévia, antes cumpriu o seu dever para com a Nação, quaisquer que fossem as consequências, conseguindo por isso fazer história que ainda não estava feita, permitindo que brilhassem os defensores da Nacionalidade a todos os níveis, do mestre de Avis que, mesmo sendo bastardo lutou pelo seu poder, e também de D. Nuno Álvares Pereira, sempre inspirado na pérola da cultura tradicional europeia que é a literatura arturiana - mais concretamente na figura de Galaaz ou Galaad, cavaleiro do Graal, modelo pessoal do Condestável - à supracitada padeira de Aljubarrota, Brites, imagem como que telúrica, primordial, talvez ecoando a de antigas Deusas da Guerra Cujo sopro move a grei. Do lado oposto, estava o seu irmão, D. Pedro Álvares Pereira, que liderou tropas castelhanas contra Portugal, ou não fosse frequente no seio da nobreza a traição da Nação, que a essa nobreza interessava inequivocamente menos do que a linhagem nobre, daí a incompatibilidade, tarde ou cedo, entre um regime autenticamente nacionalista e uma sociedade de ordens em que os membros de uma delas devem mais lealdade aos seus homólogos estrangeiros do que à sua própria Nação.
A vitória de Aljubarrota não é «o nascimento» de uma Nação que nesta altura já tinha séculos de história, mas sim uma vitória da Nacionalidade sobre os princípios tradicionais medievais de aristocracia.