terça-feira, maio 01, 2018

PARTIDO TURCO ETNICISTA E NÃO MUÇULMANO...

Um fenómeno curioso na Turquia foi o surgimento em Dezembro do União Ötüken, partido abertamente racialista e não muçulmano - «anti-muçulmano» diz o texto da Sputnik alemã - que declara ser a nacionalidade baseada apenas na raça e não na religião. O nome desta nova formação está enraizado no paganismo túrquico e tem aparentemente vários significados: Ötüken foi uma cidade lendária e neste contexto significaria «no país tatar, não muito longe do país uigur», em alusão a uma espécie de terra santa que se estenderia das Montanhas Changai na Mongólia às Montanhas Sayan em Tuva, que é hoje um Estado siberiano pertencente à Rússia. Segundo o artigo da Sputnik, Ötüken era também o nome de um antigo Deus turco da terra e da fertilidade. O programa do partido abre com a bênção «Tanri turku korusun» ou «Que Deus vos proteja, Turcos!»
O seu líder, Mehmet Hakan Semerci, dirigia anteriormente uma secção do «Partido para a Justiça e Igualdade», registado em 2008 com um ideário nacionalista.
O partido Ötüken afirma ainda que os Povos Túrquicos constituem a mais valiosa raça do mundo, que deve dominar o planeta. Alega também que é preciso defender os Túrquicos «em sofrimento», do Médio Oriente ao Turquestão, às Balcãs, ao Cáucaso e à Crimeia. 
O partido quer também encerrar as escolas religiosas Imam-Chatib, cujo número aumentou na Turquia. No programa desta formação política pode ler-se que estas escolas foram criadas «para educar intelectuais de modo a satisfazer as necessidades dos imãs; é onde se treinam oficiais para fazerem o seu melhor no sentido de destruírem a república secular democrática.»
A sua agenda pode à primeira vista parecer utópica e excêntrica, mas, segundo o cientista político Stanislaw Tarasov, há de facto gente na Turquia que pode adoptar esta ideologia, na sequência da escalada dos nacionalismos na região, nomeadamente o turco, o árabe e o persa. Acrescenta que «as reformas que Recep Tayyip Erdogan empreendeu sob pressão da UE tornaram clara a rejeição do kemalismo e que a Turquia é um país multi-nacional e multi-confessional. No passado, toda a população era denominada turca enquanto actualmente há os Aisors, os Curdos, os Crito-Arménios, os Alevis, os Gregos, etc.». 
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Fonte: https://de.sputniknews.com/zeitungen/20180118319115515-oetueken-partei-tuerkei/

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Só é de lamentar a atitude supremacista e imperialista, infelizmente presente em certos sectores de todas as Extremas-Direitas, embora talvez mais numas que noutras. Tirando este «detalhezito», a ideia é altamente prometedora, em todos os sentidos, não apenas pelo exemplo da salvaguarda étnica de uma determinada estirpe mas também pela redução do perigo islamista às portas da Europa. 

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Defende o povo turco? Então estão na disposição de dar independência aos curdos.

1 de maio de 2018 às 23:19:00 WEST  

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