quarta-feira, setembro 27, 2017

RÚSSIA RESPONDE A ACUSAÇÃO CASTELHANA DE INTERFERÊNCIA NA CATALUNHA

Moscovo tem sido repetidamente acusada de se intrometer nos assuntos internos de outros países, mas essas alegações nunca foram provadas. No entanto, a comunidade internacional ainda considera conveniente culpar a Rússia dos seus problemas.
Na Martes (26), o embaixador da Rússia na Espanha, Yuri Korchagin, em entrevista à Sputnik, refutou as alegações dos média sobre o envolvimento do Kremlin no próximo referendo sobre a independência da Catalunha, considerado ilegal por Madrid.
O jornal espanhol El País publicou recentemente um artigo, acusando Moscovo de tentar influenciar a crise catalã usando os média estatais russos para desestabilizar a Europa. De acordo com El Pais, vários meios de comunicação "vinculados ao Kremlin", como a emissora RT e a agência de notícias Sputnik, não têm objectividade na cobertura do referendo na região autónoma da Catalunha.
"A nossa posição oficial é conhecida, foi expressa mais de uma vez: [o referendo] é um processo interno de Espanha. Procedemos com base no facto de que todas as questões que surjam durante esses processos internos devam ser resolvidas no âmbito da lei e a Constituição espanholas. A Rússia não está de modo algum vinculada a esses processos e não tem interesse em estar conectada a eles", afirmou o embaixador.
Korchagin disse que o artigo do El Pais misturou vários tópicos e acusou a Rússia de orquestrar várias campanhas secretas para influenciar a política noutros países.
Segundo o embaixador, a sociedade espanhola passou por vários períodos complicados, o que permitiu "desenvolver imunidade contra várias insinuações politizadas e motivadas por ideologias".
Korchagin disse que a embaixada da Rússia enviou uma carta aberta ao El Pais, que foi publicada pela versão on-line do jornal, e também explicou o seu ponto de vista através das redes sociais.
"O feedback que recebemos mostra que os espanhóis são ‘imunes’; os leitores não aceitam o ponto de vista sugestivo que culpa a 'mão de Moscovo' por tudo o que acontece no mundo. As relações russo-espanholas foram e permanecerão – faremos todo o possível para garantir isso – brilhantes, amigáveis e mutuamente vantajosas", disse Korchagin.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu o projecto de lei do referendo aprovado pelo Parlamento da Catalunha, tornando ilegal todos os novos preparativos para a votação. No entanto, os apoiantes do referendo, agendado para 1º de outubro, não desistem da causa.
A Rússia enfrentou muitas acusações de interferir nos assuntos de outros países, uma vez que os funcionários e mídia dos Estados Unidos alegaram, após as eleições presidenciais dos EUA em 2016, que Moscovo influenciou na votação. Várias autoridades europeias expressaram a sua preocupação com a alegada potencial interferência da Rússia nos assuntos internos dos seus países.
As autoridades russas sublinharam que as alegações são infundadas e salientaram que Moscovo nunca interferiu nos assuntos de outros países e não pretende fazê-lo.
A RT e a Sputnik foram repetidamente acusadas de publicar notícias falsas ou cobertura parcial pelas autoridades ocidentais. Em Novembro de 2016, o Parlamento Europeu votou a favor de uma resolução para contrariar meios de comunicação com base na Rússia, como a RT e a Sputnik, alegando que representavam uma ameaça à união da Europa. O presidente russo, Vladimir Putin, comentando a adopção da resolução, salientou que isso provava uma aparente degradação do conceito de democracia no Ocidente.
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Fonte: https://br.sputniknews.com/mundo/201709279447665-russia-catalunha-espanha-referendo-independencia/