NOVO CASTRO DA IDADE DO BRONZE E DO FERRO DESCOBERTO EM MIRANDA DO DOURO
Escavações realizadas permitiram perceber que
o castro de S. João das Arribas teve uma ocupação humana descontinuada,
desde a Idade do Bronze até ao século I, já no Império Romano, e,
depois, até ao século VII.
As mais recentes
escavações arqueológicas no castro de S. João das Arribas, em Miranda do
Douro, colocaram a descoberto “dados importantes” sobre a ocupação
humana de um sítio que poderá remontar ao período alto medieval.
Ao longo de um mês, foram realizadas quatro sondagens arqueológicas e
os arqueólogos descobriram ocupação humana que remonta ao período alto
medieval -séculos V e VI..
Segundo a arqueóloga Mónica Salgada, é possível ver o que resta de
“quatro edifícios, uma calçada, um possível lagar, uma lareira e um
conjunto de artefactos em bronze, moedas e muita cerâmica”.
O balanço do trabalho realizado, é por isso, muito positivo, “não só
pela quantidade de material encontrado, mas também pela beleza das peças
encontradas, que apontam para a monumentalidade do sítio arqueológico,
que se encontra em estudo”, realça a arqueóloga.
Os arqueólogos que integram o Projecto de Investigação S. João das
Arribas sublinham ainda que as escavações realizadas no ano passado
permitiram perceber que “o castro teve uma ocupação humana
descontinuada, desde a Pré-História (Idade do Bronze) até ao século I,
já no Império Romano, e depois da queda deste até ao século VII”.
O arqueólogo Pedro Pereira, da Universidade do Porto, considera que é
preciso escavar mais para melhor compreender este sítio arqueológico
que pode ir desde a Idade do Bronze até ao período alto medieval.
“Se queremos compreender, é necessário escavar e quanto mais
escavamos mais compreendemos, também surgem muitas novas questões, mas é
isso o interessante na investigação”, refere.
E até ao momento o que os arqueólogos conseguiram compreender, por
exemplo, a nível de cerâmica é que se trata de “cerâmica doméstica ou
seja, são níveis de ocupação de habitação”.
“Temos locais que estão associados ao depósito de matérias-primas
devido aos espaços colocados a descoberto, tais como um celeiro ou um
lagar”, exemplifica.
O projecto de investigação S. João das Arribas vai já no seu segundo
ano, de um conjunto de quatro. Os próximos dois anos serão reservados
para a abertura de mais sondagens e para o início do processo de
musealização de todos os achados que, ao que tudo indica, ficarão em
Aldeia Nova, a localidade mais próxima deste castro situado no distrito
de Bragança.
“Pretendemos criar um museu, onde possa ficar exposto todo o espólio
encontrado e deixar no local e à vista de todos algumas das construções
descobertas”, revela Mónica Salgado.
Quanto ao material descoberto nas mais recentes escavações “vai ficar
guardado num sítio apropriado, para ser estudado, catalogado,
inventariado e limpo, para se poder fazer uma interpretação rigorosa do
conjunto do espólio arqueológico exumado”, frisa a técnica.
Nas escavações participaram voluntários de Espanha, Rússia, Polónia, Ucrânia, Itália, França e Irão.
O castro de S. João das Arribas está classificado como monumento
nacional desde 1910. Fica no Parque Natural do Douro Internacional,
junto à localidade de Aldeia Nova, no concelho de Miranda do Douro.
O Projecto de Investigação S. João das Arribas, na Aldeia Nova,
Miranda do Douro, é um projecto de investigação arqueológica que,
através de operações de baixo impacto, como prospecções e sondagens,
pretende trazer à luz novos dados sobre a romanização e ocupação humana
no território do planalto mirandês.
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Fonte: http://rr.sapo.pt/noticia/93626/arqueologos_encontram_povoado_com_1500_anos_em_miranda_do_douro?utm_source=rss
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