TURQUIA AMEAÇA COM GUERRA CASO O REFERENDO DO CURDISTÃO IRAQUIANO PONHA EM CAUSA OS SEUS INTERESSES
As relações entre os curdos do Iraque e os seus vizinhos imediatos são reveladoras do difícil equilíbrio geopolítico naquela região.
A Turquia aumentou a pressão contra a eventual declaração de independência do Curdistão iraquiano, avisando esta terça-feira que a divisão do Iraque ou da Síria poderá conduzir a um conflito global.
Depois de ter lançado na segunda-feira exercícios militares de larga escala precisamente junto à fronteira com o Curdistão iraquiano a Turquia avisou, pela voz do ministro da Defesa, que o país tomaria as medidas necessárias para impedir qualquer ameaça aos seus interesses.
Nurettin Canikli referia-se ao receio da Turquia de que a declaração de independência do Curdistão iraquiano possa levar os curdos da Turquia a procurar fazer o mesmo.
A comunidade curda está espalhada por quatro países. A esmagadora maioria vive na Turquia, onde se assiste a uma guerra com três décadas entre o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) e o Governo, o Iraque tem a segunda maior população curda, que já tem autonomia e que na próxima segunda-feira realizará um referendo para decidir se declara independência ou não. A restante comunidade curda vive no leste da Síria e no Irão.
De todos os curdos, os iraquianos são os que mais progrediram no sentido da autonomia, beneficiando da zona de interdição aérea que foi criado pela coligação internacional depois da primeira guerra do Golfo para forjarem o seu próprio território e instituições. Depois da queda do regime de Saddam Hussein, o Curdistão foi reconhecido como região autónoma na nova Constituição do país e quando o auto-proclamado Estado Islâmico desbaratou o exército iraquiano em Mossul os Curdos foram os únicos a fazer-lhe frente no terreno, impedindo o seu avanço, numa primeira fase, e forçando uma retirada depois. No processo consolidaram o controlo de vários territórios disputados entre o Curdistão e o Governo central do Iraque.
Vários países, incluindo aliados, pediram aos Curdos para não realizarem o referendo, mas Erbil mantém-se determinado a fazê-lo. Turquia, Irão e Iraque dizem temer conflitos numa zona onde as rivalidades inter-étnicas facilmente passam a lutas armadas e os EUA afirmam que a independência poderá distrair da luta contra o Estado Islâmico, que tendo sido expulso de Mossul ainda controla algum território no Iraque e na Síria.
A posição da Turquia é particularmente difícil e revela o complexo equilíbrio geopolítico no Médio Oriente. A Turquia está em guerra com o PKK, que domina a comunidade curda naquele país, mas também na Síria, onde os Curdos aproveitaram o caos dos últimos anos para estabelecer um quase-Estado, juntamente com outras minorias não árabes, incluindo cristãos. Mas o PKK está de costas voltadas para a liderança do Curdistão iraquiano o que, ao longo dos últimos anos, tem contribuído para uma excelente relação política e económica entre Ancara e Erbil, relação essa apenas posta à prova pelas pretensões independentistas dos curdos iraquianos.
Já o Curdistão iraquiano pretende continuar no seu percurso, acreditando que as palavras e ameaças dos seus vizinhos imediatos sejam substituídas por pragmatismo quando a independência for oficialmente declarada.
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Fonte: http://rr.sapo.pt/noticia/93650/independencia_do_curdistao_iraquiano_pode_levar_a_guerra_global_diz_turquia?utm_source=rss
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E ainda há quem queira a Turquia na União Europeia... até a sua pertença à OTAN acaba por ameaçar o bem-estar europeu, quanto mais a sua eventual inclusão na UE...
Quanto à questão propriamente dita, é o que se sabe - as divisões territoriais mais ou menos imperiais fizeram os Curdos ficar sem o seu próprio espaço soberano e agora os países instituídos não querem perder o que consideram seu, mesmo que estejam a violar o direito de uma nação à auto-determinação. Já Mussolini, creio, dizia que era sinal de «fraqueza» abdicar do que está em seu poder... e depois levou o seu país ao desastre total, claro...
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