NACIONALISTAS CATALÃES DIZEM-SE SÓS DIANTE DO MUNDO
Faltando cinco dias para realização de referendo independentista da Catalunha, a Sputnik falou com Jordi Pacheco i Canals, presidente do Colégio de Cientistas Políticos e Sociólogos da Catalunha, para entender melhor a que se deve o desinteresse de muitos catalães quanto à Espanha e que papel desempenhou a União Europeia neste processo.
"Madri ainda não compreendeu que o independentismo não é uma invenção da Generalidade da Catalunha e que na realidade é o povo que está obrigando o governo catalão a agir", assegura Pacheco, que alerta que esta concepção faz com que o governo central creia que a Generalidade é o "foco de irradiação" e que com eliminação deste foco o movimento independentista pode ser contido.
No entanto, afirma, após as detenções realizadas pela Guarda Civil contra membros do governo catalão, a situação pode piorar.
"Não descarto que detenham o presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, e que cheguem a invadir o Palácio da Generalidade para levá-lo", alertou.
O que ocorrerá no dia 1º de Outubro
O especialista acredita que, dificultando a votação de 1º de Outubro de modo tão contundente, o governo espanhol lhe concede uma importância que os seus próprios organizadores procuravam alcançar.
O cientista político também sublinha o importantíssimo papel da polícia e se esta permitirá ou não que as pessoas votem.
Se o número de votantes que votarem sim à independência corresponder à metade do número das passadas eleições ao parlamento da Catalunha (2,1 milhões de pessoas), o referendo será legítimo. É importante nas condições actuais, pois "por enquanto será um referendo sem garantias", disse Jordi Pacheco i Canals à Sputnik Mundo.
Sobre a insatisfação com Espanha
"Não há insatisfação com Espanha", disse Pacheco, explicando que as pessoas estão insatisfeitas com o Partido Popular que está no poder desde 2011.
"O PP não tem base eleitoral na Catalunha. Os seus resultados aqui sempre foram muito pobres e por isso não corresponde às demandas da Catalunha e não se preocupa com elas. Isto provoca uma sensação de insatisfação democrática e política em relação à Espanha."
Neste sentido, reconhece o especialista, uma das principais razões para explicar o elevado número de independentistas não é a vontade de torná-la independente, mas sim porque estão insatisfeitos com a forma que são tratados por Madrid.
Pachaco recordou que apesar das detenções, apreensão de publicidade e do alto número de polícias, levados à Catalunha, as manifestações são mais massivas do que antes.
"Os últimos acontecimentos na Catalunha deram ao independentismo o empurro de que precisava para que este já não possa parar […] Se tentavam intimidar com as suas acções dos últimos dias, conseguiram o contrário", frisou.
Sobre a interferência da União Europeia e o seu problema de legitimidade
A posição da União Europeia quanto ao processo independentista catalão tem mantido sem mudanças ao longo dos últimos anos. A posição baseia-se na não interferência nos assuntos nacionais espanhóis, especialmente devido ao peso da Espanha na União. No entanto, assegura Pacheco, "tudo tem limite", sublinhando que o envolvimento do povo é o factor-chave.
"No início do processo independentista, em 2012, às ruas saíram um pouco mais de um milhão de catalães; as respostas da UE eram hesitantes. E até agora continuam sendo firmes no apoio a Espanha, pois é um membro importante […] Mas quando são ultrapassados limites de respeito dos direitos fundamentais e de liberdades públicas, e o número de protestos aumenta, isso muda o cenário."
Esses limites poderiam ter sido vistos durante as últimas semanas: o governo espanhol tem apreendido propaganda a favor do referendo e tem multado os que participam das manifestações.
Segundo o cientista político, "a União Europeia não pode apresentar-se como campeã mundial da liberdade, da democracia e do Estado de bem-estar, caso não aplique tudo isto em sua casa". Na situação actual na Catalunha a UE tem duas opções: "pressionar Espanha para que dê uma resposta adequada ao problema", disse, "ou perder toda a sua legitimidade".
A sorte da Crimeia
Ao responder à pergunta se há correlação entre o referendo da Crimeia de 2014, quando 97,77% votaram a favor da reunificação com a Rússia, e o da Catalunha, Pacheco destacou "uma diferença fundamental":
"Por trás do referendo na Crimeia estava um Estado muito poderoso com presença na ONU, a Rússia. Além disso, o jogo geoestratégico na Crimeia é muito importante; um jogo estratégico que não está presente na Catalunha. Nós estamos sozinhos perante o mundo".
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Fonte: https://br.sputniknews.com/opiniao/201709279451248-catalunha-referendo-espanha-uniao-europeia-insatisfacao-razao/
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Nunca será demais recordar a sorte que Portugal teve em alcançar a independência a partir de 1640, com o apoio da sua velha aliada, a enevoada Albion...
1 Comments:
Os Nacionalistas Catalães foram isolados... tal como Donald Trump foi isolado
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Os MERCENÁRIOS ao serviço da alta finança (capital global) trabalham para a eliminação de fronteiras: a alta finança ambiciona terraplanar as Identidades, dividir/dissolver as Nações para reinar...
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Uma curiosidade: Na sua cegueira anti-Trump (ele tocou no tema-tabu -» fronteiras), o JORNALISMO CÃO-DE-FILA DA ALTA FINANÇA (capital global) chegou ao ponto de andar a evocar a imigração para a América... quer dizer, ao mesmo tempo que o jornalismo cão-de-fila anda por aí a acusar povos de deixarem 'pegada ecológica' no planeta, em simultâneo, eles revelam um COMPLETO DESPREZO pelo holocausto massivo cometido sobre povos nativos na América do Norte, na América do Sul, na Austrália, que (apesar de serem economicamente pouco rentáveis) tiveram o «desplante»... de quererem ter o SEU espaço no planeta, de quererem sobreviver pacatamente no planeta, de quererem prosperar ao SEU RITMO.
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É NECESSÁRIO UM ACTIVISMO GLOBAL: Imagine-se manifestações (pró-Direito à Sobrevivência) na Europa, na América do Norte (Índios nativos), na América do Sul (Índios da Amazónia), na Ásia (Tibetanos), na Austrália (Aborígenes), ETC... manifestações essas envolvendo, lado a lado, participantes dos diversos continentes do planeta... tais manifestações teriam um impacto global muito forte.
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