quarta-feira, agosto 23, 2017

IAZIDIS NO NOROESTE DO IRAQUE DECLARAM AUTONOMIA


No passado dia 20 de Agosto, o Conselho Administrativo Autónomo Democrático de Sinjar (região do noroeste do Iraque) declarou a sua «autonomia democrática» para garantir uma «vida livre e democrática para todos os Yazidis».
Sinjar, também conhecida como Singhal, é um dos territórios disputados entre o Governo Regional do Curdistão (GRC) e o governo de Bagdade. O GRC afirma que o referendo agendado irá incluir Singhal. Esta zona, junto à fronteira síria, é palco de uma tensão entre o Partido Democrático do Curdistão (KDP, na sigla local), apoiado pela Turquia, e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla local), que luta pela autonomia curda em território curdo e também exerce influência no Iraque, no Irão e na Síria. A administração apoiada pelo PKK diz que não autorizará que o referendo inclua áreas sob o seu controlo. Esta situação pode, segundo um observador político, Bilal Wahab, colocar os iazidis da região entre dois fogos, o do PKK e o do KDP. Um dos episódios desta tensão deu-se em Setembro de 2014, quando, perante um massacre de milhares de yazidis cometido na zona pelo califado, muita gente culpou os soldados (peshmerga) do KDP por terem falhado na defesa da população iazidi e por fugirem sem sequer deixarem armas para que a minoria iazidi se defendesse. Foi nesta altura que o PKK resolveu intervir, conduzindo milhares de iazidis para a segurança das montanhas de Singhal. O PKK estabeleceu doravante uma milícia iazidi, Unidades de Resistência de Sinjar (YBS), bem como um corpo de tropas inteiramente feminino. A vila de Sinjar continua sob controlo dos iazidis pró-KDP, mas o resto da região está largamente dividido entre grupos pró-KDP e grupos pró-PKK; nalguns locais coabitam.
A assembleia de domingo apresentou uma lista de instituições planeadas para criar um carácter autónomo na zona, tais como um corpo diplomático e um tribunal neutral. Declarou que as YBS serão as suas forças de protecção; declarou também a igualdade entre homens e mulheres e uma quota de 40% de participação feminina em todas as administrações e conselhos etc..
Tudo isto incomoda a Turquia, que vê a presença do PKK em Sinjar como particularmente ameaçadora para a segurança turca.Em Abril, caças de combate turcos tentaram o PKK e as YBS, mas em vez disso mataram seis peshmergas do KDP.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou anteontem que considera a possibilidade de uma acção militar conjunta turco-iraniana contra o PKK.
Entretanto, há um número crescente de yazidis a abandonar as fileiras do KDP e do PKK para se juntarem às Unidades de Mobilização Popular, predominantemente xiitas e apoiadas por Bagdade, que expulsaram o califado de Sinjar, reduzindo a influência dos supramencionados partidos curdos.
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Fontes: 
http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2017/08/independence-iraqi-kurdistan-referendum-opposition.html#ixzz4qcPS07f3
http://www.tribune.gr/world/news/article/385932/kourdi-giazinti-tou-voriodytikou-irak-diakiryxan-tin-aftonomia-tous.html

No mapa de guerra que se segue, no círculo vermelho indicado pela flecha, a área Yazidi que proclamou a sua autonomia em laranja. Amarelo na Síria e no Iraque mostra os territórios controlados pelos Curdos e laranja (em amarelo) os territórios controlados Curdistão iraquiano, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Em preto é o Estado islâmico, com os governos do Iraque e da Síria vermelho, e da Al-Qaeda e do exército livre sírio verde:

É, até ver, um bom princípio para que se estabeleça na região um Estado soberano iazidi, garantia da sobrevivência desta comunidade etno-religiosa de origem árica. Poderá eventualmente registar-se aqui mais uma vitória do Nacionalismo e mais uma salvaguarda de uma comunidade étnica integralmente ariana.