terça-feira, março 07, 2017

O DESCENDENTE DE ESCRAVOS QUE VOLUNTARIAMENTE OU NÃO PÔS O DEDO NA FERIDA DA IMIGRAÇÃO EM MASSA...

Ben Carson, responsável pela Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano no executivo de Donald Trump, está no centro de nova polémica, depois de sugerir que aqueles que chegaram aos EUA em navios de escravos eram na verdade imigrantes.
A afirmação surgiu naquele que foi o primeiro discurso de Ben Carson – que até ter entrado na política era um reputado neuro-cirurgião na cidade de Baltimore – nas suas novas funções. Nesse discurso, o ex-candidato às primárias republicanas começou por enaltecer a resiliência e capacidade de trabalho de várias gerações de imigrantes que chegaram aos EUA.
“Eles não trabalhavam cinco dias por semana, mas sim seis ou sete dias por semana. Não trabalhavam oito horas por dia, mas sim 10, 12 ou 16 horas. Não havia salário mínimo. Eles trabalhavam não para si, mas para que os seus filhos, as suas filhas, os seus netos e as suas netas tivessem uma oportunidade nesta terra”, disse.
E, depois, seguiu-se a parte que agora está a gerar críticas: “Houve outros imigrantes que chegaram no fundo de navios, que trabalhavam ainda mais horas, mais arduamente e por menos”. A seguir ao discurso, seguiram-se várias reacções a esta afirmação. Uma delas foi a de Samuel L. Jackson, ator afro-americano:
Ben Carson: “As pessoas deviam ir ver o significado da palavra ‘imigrante'”
Horas depois, Ben Carson tentou justificar a sua afirmação em entrevista ao programa de rádio Armstrong Williams Show, onde disse que uma pessoa “pode ser imigrante de forma involuntária” e que “as pessoas deviam ir ver o significado da palavra ‘imigrante'”. Segundo a definição apresentada por Ben Carson, um imigrante é alguém que “quer seja voluntário ou involuntário, vem de fora para dentro” — algo que as definições apresentadas pelo Merriam-Webster e o The American Heritage Dictionary, dois dos dicionários mais usados nos EUA, não corroboram.
“Os escravos vieram para cá de forma involuntária mas ainda assim tiveram a força necessária para aguentar”, disse na mesma entrevista.
Na página de Facebook que partilha com a mulher, Candy Carson, foi também publicado um post assinado por Ben Carson. Ali, o neurocirurgião reformado escrevia: “A narrativa da escravatura e a narrativa da imigração são duas experiências completamente diferentes. Os escravos eram arrancados às suas famílias e das suas casas e eram forçados, contra as suas vontades, depois de serem vendidos a traficantes de escravos”.
Num registo que, desta vez, não deixava espaço para nenhum mal-entendido, traçou uma distinção clara entre imigrantes e escravos: “Os imigrantes fizeram a escolha para vir para a América. Eles viram este país como uma terra de oportunidade. Em contraste, os escravos eram forçados, contra as suas vontades, e perdiam todas as suas oportunidades. Nós continuamos a viver com esse legado”.
Esta não é a primeira afirmação controversa sobre escravatura proferida por Ben Carson. Em 2013, referiu-se ao Obamacare como “a pior coisa que aconteceu a esta nação desde a escravatura”.
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Fonte: http://observador.pt/2017/03/07/ben-carson-o-unico-afro-americano-no-executivo-de-trump-compara-escravos-a-imigrantes/

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Uma escandaleira em grande medida hipócrita - os imigrantes são em grande medida uma espécie de novos escravos, uma vez que vêm para ser explorados como mão de obra pelos novos negreiros que são os donos do patronato imigracionista. Evidentemente que não vivem estes «novos escravos» como viviam os escravos de há uns séculos, era o que mais faltava, nem carece de explicação que as consciências mudaram, mas é por outro lado devido a esta mudança global que a comparação tem alguma substância, precisamente devido à equivalência proporcional e ao contexto, com a agravante de que no tempo da escravatura o trabalho desenvolvido pelos escravos beneficiava materialmente toda a sociedade ao passo que o trabalho imigrante maciço serve à elite reinante para indirectamente espezinhar os direitos dos trabalhadores ocidentais, uma vez que a presença maciça da mão-de-obra alógena permite estagnar senão mesmo baixar os salários das classes mais baixas. Ou seja, o trabalho imigrante permite explorar, não apenas os imigrantes, mas toda a classe baixa dos países ocidentais - para a elite reinante, o povo, o povinho, é todo igual, tenha a cor que tiver, é tudo gado para trabalhar e para ser usado como plasticina humana na construção de um novo mundo sem fronteiras nem identidades.