terça-feira, janeiro 31, 2017

SENADORA NORTE-AMERICANA «QUEIMADA» NOS MÉ(R)DIA AMERICANOS POR DIALOGAR COM REGIME SÍRIO E TESTEMUNHAR QUE OS INIMIGOS DE ASSAD SÃO TODOS ISLAMISTAS


Os principais meios de comunicação dos EUA, especialistas e autoridades vêm tentando de todas as formas manchar a reputação da congressista Tulsi Gabbard, que viajou para a Síria no início deste mês. Gabbard criticou em rede nacional a política de financiamento dos EUA em armar terroristas afiliados à Al Qaeda.
Conhecida apoiante de Bernie Sanders e ex-vice-presidente do Comité Nacional Democrata (posição a que renunciou em Fevereiro do ano passado), Gabbard viajou numa missão de investigação à Síria no início deste ano. Lá, a congressista encontrou-se com o presidente Bashar Assad.
Veterana de guerra com duas incursões ao Iraque no currículo, Gabbard defendeu na quinta-feira a decisão de se encontrar com o presidente sírio. "Se professarmos verdadeiramente o cuidado com o Povo Sírio, sobre o seu sofrimento, então temos de ser capazes de encontrar-nos com quem for preciso encontrarmo-nos se houver a possibilidade de que possamos alcançar a paz", disse ela durante entrevista à CNN.
Durante a entrevista, o repórter Jake Tapper afirmou que Assad é responsável pela violência no país e acusou Gabbard de "dar maior credibilidade ao presidente sírio", ao que a congressista respondeu, enfatizando que "isso é o que você pensa sobre o presidente Assad, o facto é que ele é o Presidente da Síria. Para que haja qualquer acordo de paz, para que haja qualquer possibilidade de um acordo de paz viável, tem que haver uma conversa com ele.
Gabbard sublinhou que este precisa de ser o procedimento da diplomacia americana até que os Sírios determinem o destino de Assad, "o que acontece com o seu governo e seu futuro".
O que se seguiu foi um debate entre Gabbard e Tapper, que chamou Assad de "açougueiro" e disse que não havia democracia na Síria. Gabbard, que documentou as suas conversas com os sírios comuns durante a viagem, disse que ouviu algo muito diferente do que a narrativa dos média estão a apresentar.
— Vou contar-lhe o que ouvi do Povo Sírio que conheci andando pelas ruas de Aleppo, em Damasco — disse a congressista. "Eles expressaram contentamento e alegria ao verem um americano andando pelas ruas, mas [perguntaram]: porque é que os Estados Unidos, seus aliados e outros países estão a fornecer apoio e armas a grupos terroristas como al-Nusra (al- Qaeda), Ahrar al-Sham, ISIS que estão a estuprar, a sequestrar, a torturar e a matar o Povo Sírio?"
"Perguntaram-me: Porque é que os Estados Unidos e seus aliados estão a apoiar esses grupos terroristas que estão a destruir a Síria, quando foi a Al-Qaeda a atacar os Estados Unidos no  11 de Setembro e não a Síria. Eu não tinha resposta para eles", Gabbard sublinhou.
Com Tapper insistindo que os Estados Unidos só prestaram assistência aos chamados rebeldes moderados, Gabbard respondeu, dizendo que "em toda parte, a cada pessoa com quem falei fiz essa pergunta, e sem hesitação disseram que não havia rebeldes moderados".
"Independentemente do nome desses grupos, a força de combate mais forte no terreno na Síria é al-Nusra (al-Qaeda) e o Daesh — isso é um facto", enfatizou Gabbard. "Há vários outros grupos diferentes, todos eles essencialmente estão a lutar lado a lado, com ou sob o comando do grupo mais forte no terreno que está a tentar derrubar Assad".
Desde que retornou da sua viagem e da entrevista da CNN, Gabbard foi abertamente atacada por jornalistas nas principais médias, pelos colegas membros do Congresso e por especialistas de todos os tipos. O congressista Adam Kinzinger, por exemplo, criticou-a por fazer a viagem, e disse que esperava que ela não se tivesse encontrado com o "açougueiro Assad".
Daily Kos chamou a Gabbard "fantoche do ditador da Síria", enquanto o Daily Beast emitiu um artigo com os dizeres "Tulsi Gabbard corteja fascistas na Síria". O ex-assessor de segurança nacional da Câmara dos Deputados, Evan McMullin, difamou-a dizendo que "ela desfruta do apoio da rede de propaganda de Putin na América, @RT_America", simplesmente porque o canal russo RT publicou uma matéria sobre a sua viagem. O Washington Post, por sua vez, criticou Gabbard por "minar" as "deliberações políticas mais amplas de Washington sobre como abordar a Síria".
O especialista em Médio Oriente, Charles Lister, criticou o projecto de lei assinado por Gabbard, que classificaria como terroristas vários grupos rebeldes apoiados pelos EUA.
Gostaria de saber se @TulsiGabbard sabe que os 2 grupos "apoiados pela CIA", que o seu projecto de lei propõe classificar como "terroristas" estão a lutar contra a Al-Quaeda enquanto falamos?
O tweet provocou uma divertida resposta do comediante e comentarista político norte-americano Jimmy Dore, cuja resposta recebeu três vezes mais retweets.
Eu pergunto-me se Charles Lister sabe que a Al-Qaeda está a lutar com armas que os EUA forneceram? #QuantoMaisVocêSabe 
Na sexta-feira, Gabbard disse ao comentarista de Fox News, Tucker Carlson, que acredita que o presidente Assad "está a tentar o que o nosso novo presidente, Donald Trump, veria como um interesse compartilhado com a Síria. O interesse compartilhado que ele viu foi o compromisso de derrotar o Daesh — este compromisso de derrotar esta ameaça terrorista que existe não só para o povo da Síria, mas para o Médio Oriente e para o mundo".
Perguntado sobre a viagem de Gabbard, e a reacção histérica dos média, o famoso especialista russo no Médio Oriente, Semyon Bagdasarov, disse à Radio Sputnik que acreditava que ela fez a viagem de forma independente e que a política dos EUA na região não deve mudar no futuro próximo. Damasco, observou Bagdasarov, não deve esperar mudanças fundamentais na posição de Washington, "com a possível excepção de alguns esforços conjuntos dos EUA e da Rússia na luta contra o Daesh" no país.
"Os EUA não se resignaram [ao que está acontecendo]", disse o analista. "No outro dia, de acordo com fontes próximas à Federação [Curda] da Síria do Norte, os EUA abriram outra base norte-americana, composta por 800 funcionários, equipamentos, etc., em Al-Hasakah. A CIA está empenhada em executar as suas tarefas. Sim, o governo dos EUA está mudando, mas a tendência permanece — ninguém vai desistir na Síria ".
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Fonte: https://br.sputniknews.com/americas/201701297546497-tulsi-gabbard-siria-midia/

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Uma esquerdista honesta que está a pagar o preço da honestidade.