domingo, outubro 02, 2016

ESMAGADORA MAIORIA DOS ELEITORES HÚNGAROS VOTOU CONTRA ENTRADA DE REFUGIADOS MAS REFERENDO NÃO É VÁLIDO

O referendo na Hungria sobre o sistema da União Europeia de quotas de redistribuição de refugiados não teve participação suficiente para poder ser considerado válido. Votaram 43,23% dos eleitores, segundo os mais recentes dados da Comissão Nacional de Eleições, quando estavam apurados mais de 90% dos votos. 
O resultado fica assim abaixo dos 50% necessários para que a consulta pública promovida pelo Governo de Viktor Orbán não possa ser validada.
No entanto, 98,3% dos que votaram rejeitaram que a União Europeia obrigue a Hungria a aceitar as quotas de refugiados, mesmo que o Parlamento de Budapeste as rejeite. São ainda cerca de 3,2 milhões de eleitores, num universo de mais de 8,3 milhões, o que Viktor Orbán pode usar ainda como argumento face a Bruxelas.
A oposição tinha apelado à abstenção no referendo. 
"Orbán falhou, e nós ganhámos, não muito mas um bocadinho", comentou o ex-primeiro-ministro socialista Ferenc Gyurcsány, hoje líder de um pequeno partido da oposição, a Coligação Democratica.
Apesar de ainda não haver resultados finais, o responsável da Comissão Nacional de Eleições, Andras Pulai, reconheceu que a participação não atingirá a linha limite dos 50% de votos expressos, necessária para que o referendo tenha força de lei, diz a AFP.
Num país de 10 milhões de habitantes, a UE tinha proposto apenas que a Hungria recebesse 1294 refugiados dos 160 mil que Bruxelas prometeu relocalizar. Além disso, este sistema de quotas é voluntário, e não obrigatório.
De qualquer forma, Marion Le Pen, a sobrinha da francesa Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita e anti-imigrantes muçulmanos Frente Nacional, deu os parabéns no Twitter aos húngaros, por 95% dos eleitores terem votado "contra a repartição forçada de imigrantes no seu país" - ignorando que menos de 50% foram às urnas depositar o seu voto.
A Hungria destaca-se na UE como um país com opiniões muito negativas sobre os refugiados, revelam análises do Centro de Estudos Pew.
Apesar de a Hungria ter perdido cerca de 400 mil pessoas para a emigração nos últimos anos, e de ter problemas de falta de mão-de-obra, a aversão aos refugiados cresceu consideravelmente, revelam estudos de opinião do Instituto Publicus: se no ano passado 64% dos húngaros se reviam na afirmação “é nosso dever ajudar os refugiados”, em Agosto já só 37% pensavam assim. E se 52% pensavam, em 2015, que o Governo de Budapeste devia tratar os migrantes de forma mais humana, hoje só 44% é dessa opinião.
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Fonte: https://www.publico.pt/mundo/noticia/referendo-da-hungria-sobre-refugiados-nao-e-valido-diz-sondagem-1745939

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Que o povo está cada vez mais contra a iminvasão, isso é óbvio. Que o discurso nacionalista convence cada vez mais o homem comum a respeito da justeza do combate à iminvasão, está bem à vista e não surpreende - o discurso nacionalista constitui, no essencial, a forma organizada e sistematizada do espírito tribal da estirpe. 
O que falhou aqui foi o civismo democrático. A fraca afluência às urnas é uma demonstração clara de que o povo não está ainda suficientemente democratizado. Nem é nada impossível que alguns dos que não votaram o tenham feito por indiferença ao processo democrático ou porque davam como certo que «a manada» ia toda votar contra a entrada maciça de pretensos refugiados e portanto nem valia a pena ir às urnas. O desleixo paga-se caro.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se a maioria votasse a favor dos refugiados sem 50% de adesao, a historia ja era outra. Ja nao interessava se era valido, so se falava que ganhou quem quer receber refugiados. A pressao que nao fariam ao governo.. Lideres, escumalha esquerdista a sair a rua em protesto..

2 de outubro de 2016 às 22:42:00 WEST  

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