quarta-feira, junho 01, 2016

O À VONTADE COM QUE O CDS EXIGE QUE O POVO META DINHEIRO NOS BOLSOS DO ENSINO PRIVADO

A líder do CDS sugere que o critério para financiamento das escolas não deve passar pelo proprietário das mesmas, mas pela escolha dos pais, custos, qualidade e resultados do estabelecimento.
"Se uma escola é melhor, se tem melhores resultados, se os pais a preferem e se não é mais caro que uma escola estatal, porque é que não há de ser essa turma nessa escola que deve prosseguir?", questiona Assunção Cristas, que falava esta segunda-feira aos jornalistas à margem de uma visita ao Colégio Apostólico da Imaculada Conceição (CAIC), em Coimbra.
Com "o problema da natalidade" a criar uma falta de crianças "para encher as escolas", será necessário perceber o que se quer: "Se queremos olhar para a escolha dos pais, para a preferência dos pais, para a qualidade do ensino, olhar para os custos, certamente, ou se queremos olhar simplesmente para o dono da escola", afirmou.
"O Estado deve intervir menos, dar mais liberdade à escola, independentemente de ser do sector estatal ou não", diz a líder centrista, negando que haja alguma incoerência entre a posição que o CDS defende para a Economia (menor peso do Estado) e a manutenção do financiamento público de escolas privadas.
A líder centrista sublinha que a liberdade deve estar presente não apenas na definição dos projectos educativos de cada escola, mas também no momento em que os pais fazem a escolha do estabelecimento de ensino onde querem ter o seu filho.
Assunção Cristas voltou a criticar a posição do PS, que considera estar "capturado claramente por uma agenda das Esquerdas mais radicais", que defendem que "deve ir tudo para a escola estatal e as outras só devem aparecer quando não há oferta ou possibilidade de acomodar as crianças na escola estatal".
"Se nós olharmos para o histórico do Partido Socialista e de ministros de governos socialistas nesta matéria, acho que não estarei a fugir à verdade se disser que [o PS] certamente teria uma posição diferente", considera.
Para a líder do CDS, é necessário alterar "o despacho normativo" que revê os contratos de associação com estabelecimentos de ensino privado e cooperativo, considerando que esse mesmo documento "põe em causa o cumprimento dos contratos, como foram definidos para os três anos".
Segundo Assunção Cristas, questões como a área geográfica, continuidade entre ciclos de ensino e alunos com necessidades educativas especiais são alguns dos aspectos que terão de ser revistos para se garantir um "cabal cumprimento do acordo que foi feito".
A dirigente do CDS visitou esta manhã o CAIC de Coimbra, um dos colégios de Coimbra com contrato de associação. Segundo a Federação Nacional de Professores (Fenprof), Coimbra é um dos concelhos com maior desperdício de dinheiro público com contratos de associação no ensino particular e cooperativo.
De acordo com um estudo do docente António Rochete, da Universidade de Coimbra, citado pela Fenprof, 80% dos contratos de associação existentes no concelho não seriam necessários face à capacidade de oferta da escola pública.
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Fonte: http://expresso.sapo.pt/politica/2016-05-16-Cristas-sugere-que-dono-das-escolas-nao-deve-ser-criterio-para-financiamento

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Tudo o que o CDS diz é gravíssimo: primeiro fala em «proprietários» como se pusesse tudo ao mesmo nível, como se tanto fizesse o proprietário ser um fulano bem nutrido ou todo o povo; segundo, quer que se possam escolher as escolas com base na alegada «qualidade», o que há-de ser giro quando todos os papazinhos desatarem a encher um estabelecimento de ensino com os filhos até este abarrotar, depois as turmas aumentam, o resultado piora e os papazinhos não percebem como pode isso ser e queixam-se, enquanto as escolas circundantes ficam vazias; e chamar «liberdade» à escolha pelos privados é um bocado como exigir ser financiado para comprar um Mercedes porque não se quer ser «obrigado» a andar de Clio... Quanto ao argumento com o qual a líder dos centristas diz que o seu partido não está a ser incoerente, nem sequer aparecem na notícia...
O mais desagradável nisto é a forte probabilidade de que quem assim fala venha daqui a quatro anos ou menos a fazer parte de um novo governo...
Mais uma vez se confirma que, mal por mal, antes o governo da geringonça...