terça-feira, maio 03, 2016

TRÊS DE MAIO - FESTA DAS CRUZES

Nas Maias acendem-se as Fogueiras de Maio e os Postes de Maio são levantados. As mulheres usam coroas de flores, tradição que pode vir do culto à Deusa Flora, também celebrada por estes dias, e todos dançam ao redor das chamas. 
No Alentejo dá-se-lhe também o nome de «Festa das Cruzes» (como em Barcelos), que esteve proibida durante muitos anos, sendo restaurada por iniciativa popular depois do 25 de Abril - não conta com a intervenção das autoridades eclesiásticas...

Vejamos como é em Monsanto:


De acordo com uma antiga tradição, no séc. II a. C. o pretor romano Lucius Emilius Paulus ergueu cerco a Mons Sanctus, nome romano de Monsanto, onde se encontrava um núcleo de resistentes ao poder de Roma. Durante 7 anos a população combateu as investidas romanas, porventura sob a chefia do grande guerreiro lusitano Viriato.
Quando os sitiados viram que a sua resistência chegava ao fim - e os mantimentos também - atiraram dos muros do castro uma vaca com o estômago cheio de trigo, provavelmente o último trigo e a última vaca, para demostrar que ainda tinham víveres em abundância e poderiam continuar a resistir. O estratagema resultou e os sitiantes levantaram o cerco.



É esta lenda que todos os anos no dia 3 de Maio a população de Monsanto festeja subindo em cortejo até ao castelo, ao som de adufes e de antigas canções ritmadas, levando consigo vasos cheios de flores que atira para os rochedos, evocando com este gesto simbólico a liberdade conseguida há mais de dois mil anos. As mulheres e as raparigas levam consigo "marafonas" (bonecas de trapos) que as suas avós acreditavam ter poderes para afugentar as trovoadas e hoje, conjuntamente com os adufes, fazem parte do interessante artesanato local.





Agora em Barcelos:


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A Sua origem remonta ao início do século XVI, onde no ano de 1504, sob o reinado de D. Manuel I, numa sexta-feira, dia 20 de Dezembro, por volta das 9 horas da manhã, quando o sapateiro João Pires regressava da missa da Ermida do Salvador, ao passar no campo da Feira, observou na terra, uma cruz de cor preta. Como não quis guardar só para si aquilo que considerou ser um sinal sagrado, alertou o povo que depressa veio ao local.
“A cruz apareceu sob a forma de uma nódoa negra que ia crescendo até se formar uma cruz perfeita em que a cor não ficava só à superfície mas penetrava em profundidade na terra – por mais que se cave, sempre se acha.”
Este facto que recorda a “Cruz do Senhor Jesus”, fez nascer a devoção ao “Senhor da Cruz”. Primeiramente, surgiu um cruzeiro em pedra, logo em seguida uma ermida, para dois séculos mais tarde ser construído um magnífico templo, que hoje é o epicentro da Festa das Cruzes.
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Ou seja, a celebração tem o mesmo nome em diferentes partes do País, mas diversos mitos explicativos, que podem ou não ter sido criados, ou pela Igreja ou até pelo engenho popular, para dar sentido a uma festa que bem pode vir da noite dos tempos. No caso, Monsanto parece conservar mais de pagão do que outras localidades, talvez porque a terra, centro interior, coração da Lusitânia, tenha sido menos profundamente cristianizada do que o norte, não sei. 

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Esta festa tem ainda uma particularidade: quando o 3 de Maio não calha a um Domingo, a data é assinalada por uma cerimónia simples. A grande celebração fica para o Domingo seguinte. Sobem ao castelo cantando e dançando ao som dos adufes para atirar das muralhas potes de barro enfeitados com flores simbolizando a bezerra, numa festa de muita cor. (...) https://www.facebook.com/PNR.Partido.Nacional.Renovador/posts/1186383284727784?pnref=story