quarta-feira, maio 04, 2016

MACACOS JÁ TINHAM RELIGIÃO?

Um grupo de cientistas estava estudando uma população de chimpanzés na Guiné quando o guia, um daqueles nativos que se vê em filme e acha que são pura ficção, mas que segundo a autora da pesquisa era capaz de enxergar a olho nu chimpanzés que eles não conseguiam achar com binóculos, percebeu algo estranho: marcas numa árvore, mas não algo feito por um animal a coçar-se. As marcas eram compatíveis com algo do tamanho de um chimpanzé atirando pedras. Pesquisas posteriores descobriram várias árvores na região com as mesmas marcas, além de pilhas de pedras cuidadosamente colocadas próximas delas.
Pilhas de pedras idênticas a pedras cerimoniais usadas até hoje por algumas culturas humanas.
Câmaras foram colocadas e por algum motivo os chimpanzés quando passam por aquelas árvores atiram-lhe pedras, agitados, ou então tocam-lhe e seguem em frente. 
(...)
Outros pesquisadores descobriram comportamento semelhante em chimpanzés da Guiné Bissau, Libéria e Costa do Marfim, mas não em regiões mais distantes.
(...)

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Fontes: http://meiobit.com/338227/chimpanzes-podem-ter-inventado-seu-primeiro-deus/

Mais: https://elmicrolector.org/2016/03/04/los-cientificos-perplejos-los-chimpances-tienen-una-religion-propia/
A investigadora pensou a princípio que os chimpanzés pudessem estar a usar a árvore nalgum processo de comunicação a longa distância, lançando pedras a um tronco para provocarem um ruído análogo ao de tambores que se podem ouvir a grande distância. Mas um jovem chimpanzé que se dedicava a colocar pedras no interior da árvore fazia-o em silêncio. E nada permitia entender como é que pedras acumuladas poderiam constituir algum método de comunicação. A investigadora começou então a considerar a possibilidade de esta atitude constituir uma demonstração de respeito ou ritual simbólico.
Em diversas culturas, o amontoamento de pedras serviu e serve como referência a enterramentos e a santuários. Os habitantes da África Ocidental também amontoam pedras em árvores sagradas, havendo similares comportamentos noutros locais, num paralelismo óbvio com o que os chimpanzés fazem. 

De notar que na antiga Grécia, por exemplo, existiam as hermas, montículos de pedras que serviam de orientação nos caminhos e cujo nome se liga ao do Deus dos Caminhos, Hermes, que em Roma vem a chamar-Se Mercúrio.

Assim, das duas uma - ou os chimpanzés têm de facto algo que se pode qualificar como religião, ou então o seu gesto, podendo ter qualquer outro sentido ainda desconhecido, veio a ser sacralizado nas culturas humanas geograficamente mais próximas. No primeiro caso, comprova-se o valor da religião para os primatas; no segundo, comprova-se que a sacralização do já existente é algo especificamente humano. Em ambas as situações se verifica ser a religião algo de estrutural e inerente à condição humana.






2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Em ambas as situações se verifica ser a religião algo de estrutural e inerente à condição humana."

mas isso não quer dizer que haja mesmo um deus ou varios como cada um na sua religião crê.
Penso que cria-se a religião por causa do medo, da morte e da dor. É mais facil superar a perda e o desconhecido, pensando que tudo se resolve com vida depois da morte e com um criador a olhar por nós. Porém a realidade é so uma e não creio que haja um deus como as religiões dizem.

5 de maio de 2016 às 02:46:00 WEST  
Blogger Caturo said...

A teoria de que a religião tenha sido inventada «por causa do medo, da morte da dor» não pega. É precisamente em culturas humanas arcaicas que se constata que na religião pode haver medo e dor, e muita. Em diversas culturas, a vida após a morte está longe de ser boa, basta ler a Ilíada para perceber isso.
De resto, que haja ou não Deuses, isso é outro assunto. Nada prova que não existam, já agora.

5 de maio de 2016 às 23:25:00 WEST  

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