NOVO TEMPLO MAZDEÍSTA EM NOVA IORQUE

No final de Março, época do «Ano Novo» persa ou Nowruz, foi inaugurado um templo mazdeísta em Nova Iorque, o templo Dar-e-Mehr, que significa «Porta da Paz». É a partir daí um centro de encontro na área - Nova Iorque, Nova Jersey e Connecticut - para cerca de mil seguidores do Mazdeísmo ou Zoroastrismo, religião indo-europeia do ramo irânico que consiste no culto ao grande Deus Ahura-Mazda, ou Ormuzd, Senhor Sábio, eventualmente o mais arcaico Deus indo-europeu, equivalente ao ário-indiano Varuna e ao helénico Úrano. Esta religião foi reformada pelo profeta Zaratustra ou Zoroastro e terá cerca de quatro mil anos de existência, enquanto o profeta em si poderá ter nascido no século VI a.e.c. ou mesmo no décimo século a.e.c.. O seu lema e mandamento central é «Bons pensamentos, bons feitos e boas palavras» e o seu símbolo é o fogo, daí que os seus sacerdotes fossem em tempos conhecidos como «padres do fogo». No seu altar encontra-se um «kebla» ou vaso de fogo no qual arde madeira durante os serviços religiosos. Os fiéis descalçam-se e cobrem a cabeça ao entrar na sala de culto, enquanto os sacerdotes tapam a cara com pano para manter puro o fogo.

Este novo templo, que custou cerca de quatro milhões e meio de dólares e foi construído no local do templo anterior, que por sua vez tinha sido uma sinagoga até ser comprado em 2001, alberga dois ramos do Mazdeísmo: um do Irão, sob a Associação Iraniana Zoroástrica, e outro da Índia e Paquistão, os da Associação Zoroástrica da Nova Iorque Maior. Estes últimos, os do subcontinente indiano, descendem dos persas que há mil e quatrocentos anos fugiram da Pérsia depois da invasão muçulmana. Na Índia ficaram conhecidos como Parses. Aí (não sei se também no Irão) não aceitam em geral conversões à sua fé, o que significa que só é parse quem nasce parse. A religião de Ahura-Mazda ou Ormuzd tem pois um carácter estritamente étnico.

O templo é de planta quadrada e tem muita luz natural, a evocar a ligação da religião à natureza. Os adoradores oficiam em geral ao ar livre, tendo um altar ígneo perto. Os templos são usados para ocasiões especiais de serviço ou acção de graças, denominada «jashan». 

A cerimónia foi conduzida a 26 de Março por um sacerdote oriundo da Índia e nela tomaram parte trinta sacerdotes. O banquete realizado nesta ocasião incluiu uma comparência de crianças num palco para falarem entusiasticamente de mazdeístas importantes, tais como estudiosos, pensadores e o famoso cantor de rock Freddie Mercury, vocalista da banda britânica Queen.

O arquitecto deste novo edifício baseou-se na arquitectura da antiga Persépolis; o templo tem quatro salas de aula, três salas de encontros, uma livraria, um hall de oração tradicional, uma cozinha, um quarto de divertimento e um salão principal com espaço para quatrocentos convidados.

Existem hoje cerca de duzentos mil praticantes desta religião em todo o mundo, e o seu número parece estar a decrescer, pelo que este novo templo constitui um farol de esperança para a salvaguarda desta entidade etno-religiosa. Aliás, a comunidade local tem crescido consideravelmente nos últimos quarenta anos. 

*

Fontes:

http://www.usatoday.com/story/news/nation-now/2016/04/03/zoroastrian-temple-erected-new-york/82588552/

http://www.lohud.com/story/news/religion/2016/04/01/s-like-having-home-inside-home/82350298/

Podem ver-se mais fotos do evento aqui: http://www.dmzt.org/press-release-inauguration#jp-carousel-1454