sexta-feira, fevereiro 26, 2016

A IGREJA APOIA NOVAMENTE A MISCIGENAÇÃO

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Os migrantes representam um desafio especial para mim, por ser Pastor duma Igreja sem fronteiras que se sente mãe de todos. Por isso, exorto os países a uma abertura generosa, que, em vez de temer a destruição da identidade local, seja capaz de criar novas sínteses culturais.
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Fonte: Exortação Apostólica Evangélica Gaudium do Santo Padre Francisco ao Episcopado, ao Clero, às Pessoas Consagradas e aos Fiéis Leigos Sobre o Anúncio do Evangelho no Mundo Actual
http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html#Cuidar_da_fragilidade

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Os fluxos migratórios constituem já uma realidade estrutural, e a primeira questão que se impõe refere-se à superação da fase de emergência para dar espaço a programas que tenham em conta as causas das migrações, das mudanças que se produzem e das consequências que imprimem novos rostos às sociedades e aos povos.
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Neste momento da história da humanidade, fortemente marcado pelas migrações, a questão da identidade não é uma questão de importância secundária. De facto, quem emigra é forçado a modificar certos aspectos que definem a sua pessoa e, mesmo sem querer, obriga a mudar também quem o acolhe.
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Como fazer para que a integração se torne um enriquecimento mútuo, abra percursos positivos para as comunidades e previna o risco da discriminação, do racismo, do nacionalismo extremo ou da xenofobia?
A revelação bíblica encoraja a recepção do estrangeiro, motivando-a com a certeza de que, assim fazendo, abrem-se as portas a Deus e, no rosto do outro, manifestam-se os traços de Jesus Cristo. Muitas instituições, associações, movimentos, grupos comprometidos, organismos diocesanos, nacionais e internacionais experimentam o encanto e a alegria da festa do encontro, do intercâmbio e da solidariedade. Eles reconheceram a voz de Jesus Cristo: «Olha que Eu estou à porta e bato» (Ap 3, 20). E todavia não cessam de multiplicar-se também os debates sobre as condições e os limites que se devem pôr à recepção, não só nas políticas dos Estados, mas também nalgumas comunidades paroquiais que vêem ameaçada a tranquilidade tradicional.
Diante de tais questões, como pode a Igreja agir senão inspirando-se no exemplo e nas palavras de Jesus Cristo? A resposta do Evangelho é a misericórdia.
Em primeiro lugar, esta é dom de Deus Pai revelado no Filho: de facto, a misericórdia recebida de Deus suscita sentimentos de jubilosa gratidão pela esperança que nos abriu o mistério da redenção no sangue de Cristo. Depois, a misericórdia alimenta e robustece a solidariedade para com o próximo, enquanto exigência de resposta ao amor gratuito de Deus, que «foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo» (Rm 5, 5). Aliás, cada um de nós é responsável pelo seu vizinho: somos guardiões dos nossos irmãos e irmãs, onde quer que vivam. O cultivo de bons contactos pessoais e a capacidade de superar preconceitos e medos são ingredientes essenciais para se promover a cultura do encontro, onde cada um esteja disposto não só a dar, mas também a receber dos outros.
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Sobre isto, é indispensável que a opinião pública seja informada de modo correcto, até para prevenir medos injustificados e especulações sobre a pele dos emigrantes.
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Fonte: Mensagem do Papa Francisco Para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2016 [17 de Janeiro de 2016]
https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/migration/documents/papa-francesco_20150912_world-migrants-day-2016.html
http://denzingerbergoglio.com/hay-que-crear-nuevas-sintesis-culturales-quien-emigra-obliga-al-cambio-a-quien-lo-acoge-no-cesan-de-multiplicarse-los-debates-sobre-los-limites-que-se-han-de-poner-a-la-acogida-en-algunas-comunidade/

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Isto é a Igreja a fazer agora uma apologia levezinha à miscigenação como forma de «encontro com o outro» «em Cristo», chega mesmo a ver em Cristo o rosto do alógeno, depois de nos séculos transactos ter celebrado casamentos mistos entre europeus e africanos contra a própria lei de Portugal, por exemplo. Note-se o pormenor de que em todo o texto da mensagem de 17 de Janeiro não se lê uma só vez a palavra «imigrante», mas apenas «emigrante» e «migrante»: o «imigrante» é o alógeno que entra; ao chamar aos imigrantes «emigrantes», a Igreja veicula subtilmente a indistinção entre alógenos e autóctones, ou foca a questão da imigração nos imigrantes em si como se só a sua situação de estarem fora do seu país interessasse, dando como inexistente ou insignificante a perspectiva dos indígenas (ocidentais) a respeito desta gente de fora. 
Contra este veneno, que começou a ser inoculado nas veias europeias quando a Cristandade se começou a disseminar no Ocidente e a destruir ou usurpar os altares dos Deuses Nacionais, só há um antídoto à vista: o do Nacionalismo autêntico, que é o Nacionalismo étnico ou Etno-nacionalismo (acaba por ser um pleonasmo...) coerente e politicamente consciente, tanto mais eficaz quanto mais se libertar de amarras histórica e circunstancialmente criadas com os sectores mais conservadores e beatos da sociedade.