SUÉCIA ESTÁ A CHEGAR AO LIMITE DA SUA POSSIBILIDADE ACOLHIMENTO DE REFUGIADOS
Agradecimentos a quem aqui trouxe esta notícia: http://www.dw.com/pt/su%C3%A9cia-chega-ao-limite-na-acolhida-de-refugiados/a-18866901
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Na Suécia, a Agência de Migração já não consegue encontrar abrigos suficientes para os cerca de 190 mil requerentes de asilo que devem chegar ao país até o fim do ano. Os imigrantes sofrem com o frio em barracas de lona improvisadas.
Munir Mohamed, um refugiado de Bagdad, abre a lona da barraca e aponta para a filha de nove anos, Noora, que está sentada num carrinho de bebé, tremendo.
"Por favor, diga à Agência de Migração que precisamos de um lugar mais quente", diz ele. "Está frio e os meus filhos têm problemas respiratórios."
Trazer de Bagdad para a Suécia Noora e Yusuf – o seu outro filho, de oito anos –, ambos deficientes físicos, não foi fácil para Munir e sua mulher, Lekha. Depois de as cadeiras de rodas terem sido confiscadas na fronteira com a Áustria, carregou as crianças às costas.
Ainda assim, não esperava que ao chegar ao seu destino – a sede da agência sueca de migração, na cidade de Malmö – a única protecção que teria contra o frio de Novembro seria uma simples barraca de plástico.
A Suécia chegou ao seu limite. Com o afluxo de 10 mil refugiados por semana, a Agência de Migração anunciou na quinta-feira (19/11) que não mais poderia oferecer abrigo a todos os solicitantes de asilo.
"Chegámos a um ponto em que a agência já não pode garantir um tecto a essas pessoas. Não há lugares suficientes", disse o chefe-executivo Michael Ribbenvik.
De certa forma, Munir tem sorte. No dia 15 de Novembro, a agência conseguiu converter o espaço que sediou o festival Eurovisão de 2013, em Malmö, num abrigo temporário. Ele e a sua família devem ser transferidos para o local.
Um número extraordinário de 190 mil refugiados deve chegar à Suécia este ano – o dobro do que a agência havia previsto no início do ano. O número é superior à população de Uppsala, a quarta maior cidade do país.
Se as previsões estiverem correctas, a Suécia vai acolher 20 mil requerentes de asilo por grupo de milhão de habitantes em 2015, uma proporção duas vezes maior à observada na Alemanha.
A tensão na Suécia começa a espalhar-se na política: o Partido dos Democratas Suecos, que adopta uma postura anti-imigração, conta com grande apoio popular, segundo pesquisas. Nas finanças, o governo central e as câmaras municipais lutam para conseguir recursos e cobrir os custos.
No início do mês, Anna Kinberg Batram, líder do Partido Moderado, de Centro-direita, pediu para que a Suécia passe a aplicar o princípio do Acordo de Dublin, que prevê que qualquer solicitante de asilo que tenha circulado por outro país seja impedido de cruzar a fronteira. "Se não agirmos, vamos enfrentar um colapso do sistema", advertiu. Esta retórica representa uma grande mudança para o partido. O antecessor de Batram, Fredrik Reinfeldt, havia pedido em 2014 que os Suecos "abrissem os seus corações para as pessoas que estavam fugindo de grandes riscos". Em 2013, o seu governo tomou a decisão de conceder residência permanente para os sírios que cruzassem a fronteira.
No início deste ano, a Agência de Migração pediu uma dotação extra de 70 biliões de coroas suecas nos próximos dois anos para atender a demanda crescente de refugiados. O valor equivale ao orçamento anual de todas as escolas, universidades e recursos usados em pesquisas científicas do país.
A ministra das Finanças, Magdalena Andersson, ainda tem que explicar de onde vai tirar esse dinheiro. Quando anunciou que pretendia cortar verbas de ajuda ao desenvolvimento para apenas 260 milhões de coroas e assim arranjar mais fundos para atender aos refugiados, Andersson foi criticada por várias organizações, entre elas a WWF e a Igreja da Suécia.
O maior problema de Malmö é o número de menores desacompanhados que chegam à cidade. Na Suécia, a responsabilidade sobre as crianças cabe às câmaras municipais.
Outros requerentes de asilo são enviados para todos os locais possíveis. A Agência de Migração está tão desesperada para encontrar abrigos que chegou ao ponto de mandar refugiados para lugares como Riksgränsen, um resort de ski que fica a 200 quilómetros acima do Círculo Polar Árctico.
"Malmö é agora é um ponto de trânsito para refugiados. Depois do registo, são enviados de autocarro para todo o tipo de lugar", afirma Marie Olsson, que chefia um centro de assistência para a autoridade regional de saúde na cidade. "Não temos lugar para eles em Malmö. Todos estão cheios."
Olsson abriu no mês passado uma clínica de emergência para refugiados, que conta com médicos e enfermeiras.
"Temo que as pessoas que fazem trabalho voluntário estejam cansadas", diz ela. "São sempre as mesmas pessoas, que trabalham oito horas por dia nos seus empregos regulares e depois vêm trabalhar de graça no centro de refugiados."
Várias câmaras municipais pelo país fora tentam recrutar milhares de professores aposentados para ensinar a língua sueca aos recém-chegados. Por dia, a Suécia recebe 600 requerentes de asilo, número menor do que a média de 1,5 mil que chegavam diariamente.
O porta-voz da Agência de Migração, Tobias Aakerman, teme que a diminuição seja apenas temporária.
"Nas balsas, começaram a solicitar documentos, o que restringiu a vinda de refugiados a partir da Alemanha. Mas pode ocorrer que as pessoas comecem a entrar através da Dinamarca. Ainda é cedo para dizer", afirma.
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É particularmente significativo que a «Direita» dominante tenha mudado o seu discurso a respeito da iminvasão... seja porque a situação esteja de facto em estado grave seja porque a Extrema-Direita está a crescer muitíssimo e há que tentar piscar o olho ao povinho que vota cada vez mais nos «racistas»... e é assim que, a pouco e pouco, a própria Democracia vai servindo para que as perspectivas «racistas» se imponham. A Democracia é, de facto, uma aliada natural do Nacionalismo.
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