terça-feira, dezembro 22, 2015

PRESIDENTE RUSSO ELOGIA TRUMP E AMEAÇA TURQUIA

O candidato republicano à Casa Branca Donald Trump é uma pessoa "talentosa e inteligente", com quem Vladimir Putin não se importaria de trabalhar, e o presidente suspenso da FIFA, o suíço Joseph Blatter, que está a ser investigado por corrupção, um homem "respeitável", "merecedor do Prémio Nobel da Paz". Estas foram algumas das declarações do presidente da Rússia no seu encontro anual com a imprensa, ontem em Moscovo.
Mas, de forma contundente e recorrendo a uma linguagem insultuosa e um registo de desprezo , Vladimir Putin lançou novas ameaças à Turquia, afirmando que o governo de Ancara, ao ordenar o abate do avião russo, terá pretendido "lamber os americanos num certo sítio, mas não sei se fizeram bem". E continuou: "Foi um acto de hostilidade, e depois foram esconder-se atrás da NATO." Após os insultos, a ameaça: "Com a colocação dos mísseis S-400 acabaram-se as violações do espaço aéreo sírio pela força aérea turca. Eles que tentem agora lá entrar." De facto, desde que foi abatido o Sukhoi-24M a 24 de Novembro, os aviões turcos deixaram de realizar operações no espaço aéreo da Síria. Uma boa notícia para o regime de Damasco, que tem na Rússia um dos seus grandes aliados em conjunto com o Irão, e também para o Estado Islâmico (EI).
O Sukhoi-24M foi abatido depois de ter sido avisado dez vezes de que entrara em espaço aéreo da Turquia. Os pilotos russos ignoraram esses avisos e nunca estabeleceram comunicação com a parte turca.
Prosseguindo ainda sobre a Turquia, o dirigente russo mostrou-se totalmente céptico sobre a normalização das relações bilaterais e martelou a ideia de que Ancara deve a Moscovo um "pedido de desculpas".
Em nova provocação ao governo de Ancara, Putin disse estar a assistir-se a um "processo de islamização oculta" e que o fundador da República, Mustafa Kemal Ataturk, deve "estar a revolver-se no túmulo".
Quanto ao envolvimento dos Estados Unidos na guerra na Síria, Putin disse apoiar a iniciativa de Washington, "que inclui a elaboração de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU" sobre o conflito, acrescentando que o projecto da declaração foi discutido com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, no início desta semana, que aproveitou para elogiar.
A resolução passa por aumentar as sanções ao EI e pretende sobretudo cortar o acesso a meios financeiros por parte do grupo terrorista.
Ainda sobre o conflito sírio, Putin disse "não imaginar melhor exercício militar" para as forças armadas do seu país. "Podemos treinar ali durante bastante tempo", explicou.

Ucrânia, Geórgia e petróleo
Sobre as relações com alguns dos países da ex-União Soviética em que existem situações de conflito, como a Ucrânia e a Geórgia, Putin admitiu que houve russos "a levar a cabo certas tarefas, inclusive militares" no primeiro país. Mas negou qualquer intenção de impor sanções à Ucrânia após suspender a zona de livre comércio entre os dois países, explicando não ter Moscovo outra alternativa face à aproximação de Kiev à União Europeia.
Quanto à Geórgia, o líder russo disse estar pronto a melhorar as relações entre Moscovo e Tbilissi; e aproveitou a ocasião para anunciar que poderão ser abolidos, a curto prazo, os vistos para os georgianos que entraram em vigor após a guerra de Agosto de 2008 na Ossétia do Sul, região secessionista da Geórgia, cuja independência é apenas reconhecida pela Rússia.
Naquela que foi a 11.ª conferência de imprensa anual, Putin falou três horas e oito minutos, segundo os media russos, respondeu a 32 perguntas dos 1400 jornalistas nacionais e estrangeiros presentes, abordando igualmente questões internas. Em especial, no plano económico em que a conjuntura tem sido negativamente afectada pela queda do preço do petróleo.
O que foi admitido pelo presidente russo, afirmando que o país "deve habituar-se" a viver com um preço baixo do barril de petróleo e suas consequências para a economia nacional. Putin disse que, em 2015, o PIB caiu 3,7%. Segundo ele, a inflação chegou aos 12,3%, mas o défice ficará abaixo dos 3%, algures entre os 2,8 e 2,9%.

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Fonte: HTTP://WWW.DN.PT/MUNDO/INTERIOR/VLADIMIR-PUTIN-ELOGIA-TRUMP-E-BLATTER-E-AMEACA-A-TURQUIA-4942503.HTML

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A respeito do que diz sobre Trump, pode estar a querer cimentar uma aliança civilizacional do hemisfério norte ou pode simplesmente pretender fomentar a instabilidade e a divisão no Ocidente, mostrando à liderança ocidental que pode apoiar forças internas ocidentais que fragilizem os poderes instituídos. Qualquer destas possibilidades, talvez até as duas, aplicar-se-iam de igual modo ao apoio directo ou indirecto que Putin dá à FN francesa e chegou a dar ao BNP britânico (não sei se este se mantém). De um modo ou doutro, ainda que não seja um camarada, Putin serve aqui como elemento circunstancialmente útil dos Nacionalistas da Europa Ocidental...