segunda-feira, novembro 09, 2015

PARLAMENTO DA CATALUNHA APROVA DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA

Os independentistas catalães abriram o processo de ruptura com o Estado espanhol e uma nova fase de confronto com Madrid. A maioria do parlament de Barcelona aprovou, por 72 votos contra 63, uma declaração que afirma “solenemente, o início da criação do Estado catalão independente sob a forma de república”. Não é a proclamação da independência mas o preâmbulo de um processo de secessão.
A moção foi proposta pela coligação Juntos pelo Sim (JpS, aliando a Convergência Democrática da Catalunha, de Artur Mas, e a Esquerda Republicana da Catalunha, de Oriol Junqueras) e pela Candidatura de Unidade Popular (CUP). Votaram contra as outras formações: Cidadãos, Partido Socialista da Catalunha, a aliança Catalunha Sim Que É Possível (CSQP, de que faz parte o Podemos) e Partido Popular. Começou também o debate sobre a reeleição de Artur Mas a presidência da Generalitat (governo autonómico).
Em resposta à declaração, o presidente do Governo, Mariano Rajoy, que hoje se encontrará com o líder socialista Pedro Sánchez, prepara um recurso urgente junto do Tribunal Constitucional (TC), pedindo a suspensão cautelar da moção, por inconstitucionalidade.
Na quarta-feira, haverá um conselho de ministros extraordinário em que o governo solicitará “a imediata suspensão da declaração” e de todos “os seus possíveis efeitos”. Garantiu Rajoy: “Estamos decididos a utilizar todos os meios da democracia para defender a democracia.”

O desafio ao Estado
Durante o debate, Artur Mas reafirmou que o processo independentista não está subordinado à legalidade espanhola: “O parlament e o processo de desconexão democrática não estão suspensos das decisões das instituições do Estado, em particular do Tribunal Constitucional, que consideramos deslegitimado.” E apela a que o próximo governo catalão “cumpra exclusivamente as normas ou mandatos emanados do parlement.”
Para a líder da oposição, Inés Arrimadas, do Cidadãos, “esta declaração é o maior desafio à democracia nos últimos 30 anos, porque dita que os governantes poderão escolher as leis que querem ou não cumprir. O JpS e a CUP não têm maioria social e além disso não têm razão.”  
Uma sondagem publicada no domingo pelo diário catalão El Periódico, indicava que 52% dos catalães opõem-se a que o parlament impulsione actos de desobediência, enquanto 17% apoiam a Declaração Unilateral de Independência e 16,8 querem novas eleições.
Para o mesmo jornal, a declaração de ruptura seria “um texto com 72 horas de vida”, até à sua suspensão pelo TC. O parlament não deverá responder com nova declaração. Os independentistas planeiam  começar a debater as primeiras leis do “processo constituinte”, relativas à segurança social às finanças catalãs. O TC poderá suspender responsáveis políticos que ponham em execução o texto impugnado. No entanto, Carme Forcadell, presidente doparlament, declarou que o “Governo não se atreverá” a aplicar a legalidade constitucional.
Para alguns analistas, os independentistas, hoje minoritários, apostariam numa reacção dura de Madrid que mobilize a sua base e os ajude a conquistar a “maioria social”.

O teste de Mas
O catalão Joan Tapia, antigo director de La Vanguardia, anota que o fracasso do JpS nas eleições de 27 de Setembro, onde não obteve a maioria parlamentar, o colocou nas mãos dos radicais anti-capitalistas e independentistas da CUP. “O projecto maximalista é uma bomba contra o Estado mas também esconde a impotência real do independentismo. (...) Para ocultar a sua derrota [JpS] impulsiona precipitadamente uma declaração maximalista que se converterá em pólvora molhada se for incapaz de eleger um president que possa liderar o separatismo.”
É aqui que entra a questão Mas. A sua candidatura é apoiada pelo JpS. Tem a oposição da esquerda anticapitalista da CUP, sem a qual não há maioria. Artur Mas prevene os radicais de que se o não apoiarem “o processo encalhará”. Este argumento tem comovido a CUP: 67% dos seus eleitores opõem-se ao nome de Mas, que associam à corrupção.
Os aliados de Mas recusam apresentar outro nome. A segunda votação terá lugar na quinta-feira. Se Mas não tiver maioria, Carme Forcadell deverá sugerir novos candidatos. Se não houver um governo até 9 de Janeiro, as eleições catalãs terão de ser repetidas em Março.

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Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/parlamento-da-catalunha-aprova-declaracao-de-independencia-1713835

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Possivelmente um dia histórico para a Ibéria e para a Europa das Nações. Todos os Nacionalistas coerentes dão os parabéns à Catalunha...


2 Comments:

Blogger Pedro said...

Eu gostava de saber porque é que é feita censura aos comentários.

Tanta pose de white warrior e depois têm tanto medo de uma simples troca de palavras pela internet ?

O PNR está sempre a queixar-se de ser censurado pelos jornalistas, mas BLOQUEIA quem discorde de alguma coisa no seu facebook.

Aqui os comentários esperam dias, ou meses, quando já não é possível haver debate entre os frequentadores do blog.

Outras vezes simplesmente não aparecem.

Os "guerreiros brancos" são muito tímidos.

Pessoal, não tenham tanto medo que ninguém vos faz mal só por conversar com vocês num blog.

10 de novembro de 2015 às 03:38:00 WET  
Blogger Caturo said...

Por acaso todos os comentários de ideologia divergente são aqui publicados e se a sua publicação tarda há posteriormente um aviso de que já tiveram resposta (na caixa de comentários do tópico que estiver no topo do blogue). De resto, há a considerar o factor tempo, uma vez que nem toda a gente tem todo o tempo do mundo para andar a comentar tudo e mais alguma coisa diariamente...

10 de novembro de 2015 às 23:56:00 WET  

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