domingo, novembro 08, 2015

ECOLOGISTAS ESPANHÓIS DESMENTEM FPT E FAZEM NOTAR QUE AS GANADARIAS RECEBEM AJUDAS INDIRECTAS

Fonte: http://rr.sapo.pt/noticia/38219/ecologistas_espanhois_desmentem_protoiro_ganadarias_recebem_ajudas_indirectas_da_europa
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A Federação Portuguesa de Tauromaquia diz que não há apoios europeus à actividade em Portugal, mas as ganadarias portuguesas “recebem ajudas indirectas”, garante o porta-voz do partido ecologista espanhol Equo no Parlamento Europeu (PE).
Em declarações à Renascença, Florent Marcellesi congratula-se peladecisão do PE de impedir que 130 milhões de euros da Política Agrícola Comum (PAC) financiem todos os anos actividades “que impliquem a morte do touro”.
A Federação Portuguesa de Tauromaquia (PróToiro) argumenta que não existem apoios europeus destinados ao sector, mas Florent Marcellesi assegura que, indirectamente, fundos europeus acabam por financiar a tauromaquia portuguesa.
“O que recebem são ajudas indirectas. Recebem porque têm uma actividade de ganadaria. Uma ganadaria pode ter cabeças de gado para carne e cabeças também para touros de lide”, argumenta o porta-voz do Equo, que faz parte do grupo parlamentar dos Verdes europeus, autor da proposta aprovada pelo PE.
Para o ecologista, é preciso distinguir as duas actividades. A emenda aprovada quarta-feira no Parlamento Europeu vai nesse sentido.
“Se querem receber dinheiro para actividades que não implicam a morte na corrida de touros, num espectáculo cruel, pode ser. Agora, se é financiamento directo ou indirecto à criação ou reprodução de um animal que vai ser utilizada nas corridas de touros, temos que cortar isso.”
Florent Marcellesi considera que é possível saber para onde vai o dinheiro. “Esta é a luta que vamos agora travar na Comissão Europeia e no Conselho da União Europeia, que têm de aprovar esta proposta do Parlamento Europeu”, sublinha.

“Pressionem os governos”
A emenda foi aprovada pelos eurodeputados, mas, para valer, ainda tem de receber luz verde dos ministros dos vários Estados-membros no Conselho da União Europeia.
“O que pedimos é que a sociedade de Portugal e de Espanha pressione os seus Governos para que eles aceitem a proposta do Parlamento Europeu porque, afinal, a instituição mais democrática que temos na União Europeia é o Parlamento Europeu, que disse claramente o que queria a cidadania europeia: acabar com o financiamento europeu à tauromaquia”, apela o porta-voz do partido ecologista espanhol Equo.
Florent Marcellesi não conhece o caso português em pormenor, mas afirma que em Espanha o sector da tauromaquia só “sobrevive graças ao financiamento público” porque “há cada vez menos gente, menos público, para ir a esse tipo de espectáculos”.

Como votaram os eurodeputados portugueses
O fim do financiamento às ganadarias foi aprovado pelos eurodeputados no Parlamento Europeu, com 438 votos a favor e 199 contra.
A questão dividiu os eurodeputados portugueses. Nove votaram favoravelmente, nove contra dois abstiveram-se e um não votou.
Entre os parlamentares que aprovaram o fim do financiamento estão os socialistas Francisco Assis, Ana Gomes e Liliana Rodrigues, os comunistas João Ferreira, Miguel Viegas e Inês Cristina Zuber, a bloquista Marisa Matias, o independente Marinho e Pinto e José Inácio Faria, do MPT.
Votaram contra os socialistas Pedro Silva Pereira e Carlos Zorrinho, os sociais-democratas Carlos Coelho, José Manuel Fernandes, Cláudia Monteiro de Aguiar, Paulo Rangel, Sofia Ribeiro e Fernando Ruas, e o centrista Nuno Melo.
Elisa Ferreira e Ricardo Serrão Santos abstiveram-se e Maria João Rodrigues não votou a proposta.

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A seu tempo vai-se dando cabo das espertezas saloias de quem quer a todo o custo manter a tourada - mas, para isso, exige-se vigilância e combate, permanente, como em tudo na Democracia.