quarta-feira, outubro 28, 2015

NA CATALUNHA - NACIONALISTAS AVANÇAM PARA PREPARAR INDEPENDÊNCIA REPUBLICANA


As duas forças independentistas catalãs, a coligação Juntos pelo Sim (JxSi) e a Candidatura de Unidade Popular (CUP), aprovaram ontem de manhã o texto de uma moção que proporão ao parlament de Barcelona para declarar “solenemente o início do processo de criação de um Estado catalão independente, sob a forma de república”. Asseguram que não se submeterão “a decisões das instituições do Estado espanhol, em particular do Tribunal Constitucional.” Pretendem que o texto seja votado na próxima semana.
A proposta anuncia a “abertura de um processo constituinte cidadão, participativo, aberto, integrador e activo para preparar as bases da futura Constituição catalã”. Começariam depois a “desconexão” com o ordenamento jurídico espanhol e a criação de estruturas provisórias do futuro Estado. As eleições constituintes realizar-se-iam no prazo de 18 meses.
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, qualificou a proposta soberanista como “mera provocação que não terá nenhum efeito” e garantiu que o Estado “não renunciará a nenhum dos mecanismos políticos e jurídicos de que dispõe para a defesa do país e o cumprimento da lei e da Constituição”. Rajoy falara antes por telefone com o líder socialista, Pedro Sánchez, e com Albert Rivera, do partido Cidadãos. Terão combinado “uma via directa de diálogo” perante o desafio catalão.

A legitimidade
Na segunda-feira, houve outros dois actos relevantes. Rajoy dissolveu as Cortes (parlamento) confirmando a marcação das eleições legislativas para 20 de Dezembro. E o parlament de Barcelona elegeu para a sua presidência Carme Forcadell, a “Passionária catalã”. Na expressão do jornalista Enric Company, é “uma presidente para a ruptura” e fez do seu primeiro discurso na câmara “a continuação da agit-prop a que se dedica há anos”. Terminou gritando: “Viva a república catalã.” Inés Arrimadas, do Cidadãos e líder da oposição, reagiu assim: “Ela excluiu metade dos catalães.”
A declaração independentista não é uma surpresa embora possa ter sido antecipada por pressão da CUP. Quando Artur Mas, president da Generalitat (governo autonómico) convocou as eleições-plebiscito de 27 de Setembro, explicou que se a JxSi conquistasse a maioria absoluta de 68 deputados, o parlament aprovaria uma Declaração Unilateral de Independência (DUI) no prazo de seis meses. A secessão unilateral seria completada em 18 meses e, no fim, ratificada por referendo. O acordo de ontem não é ainda a DUI mas uma ambígua declaração de intenções.
A JxSi é uma coligação entre a Convergência Democrática da Catalunha (CDC), de Mas, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), de Oriol Junqueras, e associações nacionalistas da sociedade civil. Mas falhou a aposta dos 68 deputados (teve 62). Para a ter maioria parlamentar, precisa dos votos da CUP, um movimento nacionalista de extrema-esquerda, que se tornou no árbitro do jogo político.
Mais importante foi o facto de o bloco independentista, incluindo a CUP, ter tido menos de 50% dos votos no “plebiscito”. Há outro ponto relevante: o Estatuto catalão estipula que qualquer revisão do seu texto exige uma maioria qualificada de dois terços dos deputados.
“Mas tem um mandato para negociar [com Madrid] uma consulta popular que inclua a eventualidade da independência”, observa Lluis Bassets, director-adjunto do El País. Conclui: “Um mandato para negociação da independência não é o mesmo que um mandato para fazer a independência e nem sequer para fazer um referendo.” A Catalunha está partida em duas metades. E o parlament não pode proclamar a independência unilateral. “Não o pode fazer porque está fora da lei, mas também porque não tem suficiente força eleitoral.”

Pântano
A Catalunha passa momentos agitados. A par do “caso Pujol”, os escândalos de corrupção, como o financiamento ilegal da CDC através de comissões cobradas nos concursos de obras públicas, atingem directamente a figura de Mas. O tesoureiro do partido está preso. Embora encurralado pelas investigações judiciais, Mas insiste em manter-se na chefia do governo. Mas a sua nomeação é vetada pela CUP. Vários analistas apostam na inevitabilidade da queda de Mas.
Entretanto, a Catalunha permanece sem governo efectivo. A administração pública está paralisada. Se não houver novo governo até 9 Janeiro, as eleições autonómicas terão de ser repetidas em Março. A CUP exigiu ontem um acordo sobre a presidência da Generalitat até 9 de Novembro. Numa entrevista, Carme Forcadell declarou a respeito de Mas: “Ninguém é imprescindível.”
O clima pantanoso e a deslegitimação das instituições instiga os nacionalistas a fazer uma fuga para a frente, na medida em que o soberanismo é o único ele que os une e precisam de relançar a mobilização. Por outro lado, sabem que a partir de Janeiro haverá um novo Parlamento em Madrid e será nele que se vai travar o verdadeiro debate sobre a Catalunha e a Espanha.
Os analistas aconselham que não se subestime o risco duma subida de tensão na Catalunha até às eleições de 20 de Dezembro.

*

 Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia/independentistas-catalaes-aprovam-plano-para-a-ruptura-com-espanha-1712533?page=-1

* * *

Resta aos Nacionalistas portugueses desejar boa sorte aos seus homólogos catalães, a bem de uma Ibéria/Europa das nações.


6 Comments:

Blogger Unknown said...

O nacionalista português, patriota ou seja lá quem for que deseje boa sorte aos tais "nacionalistas catalães", ignora que está a fazer o jogo dos talmudistas: dividir toda a Europa em Euroregiões. Dividir para melhor reinar, para enfraquecer aqueles que têm o olho bem aberto para essas trafulhices talmúdicas.

28 de outubro de 2015 às 07:57:00 WET  
Blogger Caturo said...

O nacionalista português, patriota ou seja lá quem for que diga que não se pode apoiar o Nacionalismo catalão porque isso é «talmudista», está a propagar mais uma tremendamente ridícula teoria de conspiração sem qualquer valor ou préstimo - e está também a ser grotescamente incoerente, porque está a dar por adquirido que uma nação deve estar submetida a outra(s), quando o que o Nacionalismo afirma é que a cada Nação deve corresponder um só Estado e a cada Estado uma só Nação. Por conseguinte, uma Europa verdadeiramente das Nações - ideia com que certos alegados nacionalistas gostam de encher a boca sem terem ideia do que realmente significa - terá uma Catalunha soberana, e mais: um Estado independente basco, uma Galiza soberana, uma Astúrias soberana, uma Bretanha soberana, uma Cornualha soberana, uma Ilha de Man soberana, uma Flandres-Holanda, uma Valónia ou soberana ou integrada em França, uma Occitânia soberana, uma Escócia soberana, etc..

Ou isso ou então não há nacionalismo sério.

Por conseguinte, ou é assim ou então há apenas imperialismo, por um lado e, por outro, gente naturalmente corrupta que fecha os olhos à coerência, sob o lema «com o mal dos outros posso eu bem, eu quero é aqui o meu Portugalinho independente, os Catalães, que não tiveram força militar para se tornarem independentes em 1640, agora que aguentem».

28 de outubro de 2015 às 14:50:00 WET  
Blogger Unknown said...

Mas de que vale uma Catalunha "independente" se ela deseja continuar a lamber as botas á UE ? Que fique na Espanha ou que fique independente, quem mandará nela é Bruxelas. Onde está então o beneficio ? Um dos objectivos dos mundialistas de Bruxelas (veja-se americanos) é desagregar cada país da UE em "euroregiões", para as renderem mais dóceis ao projecto mundialista. Isso elimina boa parte da resistência que um Estado-Nação poderia oferecer.

A Catalunha vai obter a sua independência, está previsto nos planos de Bruxelas, o país Basco também vai obter a independência, a Flandres na Bélgica também. Está tudo previsto que seja assim desde á dezenas de anos.

Agora que me expliquem qual é o beneficio de ajudar a concretizar um plano já há muito previsto por aqueles que escravizam a Europa ?

28 de outubro de 2015 às 22:24:00 WET  
Blogger Unknown said...

E se tens dúvidas do que digo, lês o livro do Pr. Hillard " La marche irrésistible du nouvel ordre mondial" vais ao capítulo 4 e lês em detalhe o caso espanhol.

E se quiseres mesmo do mais profissional que possa haver sobre o assunto, só tens de ver as conferências de François Asselineau, tudo ao detalhe sobre as aldrabices da UE, e especialmente estes vídeos dizem respeito ás "euroregiões" que tanto defendes:

https://www.youtube.com/watch?list=PLKVgrNogVYWIAOTPmQjs2IKTeadJ3C8uT&v=bYZ-hsF3CSs

Mete na cabeça: as euroregiões é um projecto da UE. Desde há dezenas de anos. É a destruição das Nações! A decomposição programada pelos oligarcas americano-sionistas.

28 de outubro de 2015 às 22:37:00 WET  
Blogger Caturo said...

Em primeiro lugar, tu é que tens de meter na cabeça que o Nacionalismo não é uma posição de «anti-» mas sim de pró-. O Nacionalismo tem a sua própria agenda, positiva - não consiste em ser «contra os sionistas!!!!», isso é conversa da treta que só tem contribuído para atrasar e envenenar o Movimento. Interessa pouco ou nada que alegadamente haja «sionistas» interessados em «dividir» a Europa (como se ela não estivesse à partida «dividida» desde sempre, desde a proto-história conhecida, se calhar também foram os sionistas que mandaram as primeiras tribos indo-europeias afastarem-se umas das outras durante o seu estabelecimento em solo europeu, não admira, isto «o Eterno Judeu!!!» está em toda a parte...). O que interessa sempre, a todo o momento, considerar é - isto, seja o que for, ou aquilo, está de acordo com a lógica nacionalista ou não?

A lógica nacionalista assenta no primado da Nação. A Nação está acima de tudo. A Nação tem por isso direito à soberania. Acabou. Ponto assente.

A partir daí, é absolutamente óbvio que o Nacionalismo conduz à conclusão de que toda e qualquer Nação, seja ela qual for, tem direito a constituir um país independente: seja ela Portugal, Escócia, Rússia, Gales, Catalunha ou Israel. E quem quiser abrir uma excepção em qualquer destes casos porque «ai esses em particular não podem ter Estado porque coisa e tal os maus-da-fita também querem que eles tenham um país independente e por isso a gente tem de os contrariar porque isso é mas é um g'anda plano!!!», quem assim fala anda aqui a brincar com a tropa e não percebe corno do que é o Nacionalismo sério.

29 de outubro de 2015 às 01:24:00 WET  
Blogger Caturo said...

Toda essa converseta que para aí espetaste sobre ser Bruxelas quem na verdade manda, tudo isso também pode ser aplicado a Portugal. Também se pode dizer que uma vez que Lisboa não manda nada, porque Bruxelas é que manda, então mais vale que Lisboa se submeta a Madrid, Lisboa e Barcelona bem submetidas a Madrid, que vai continuar sem mandar a ponta de um corno, porque quem manda é Bruxelas à mesma, mas não fá'mal, pelo menos dá-se cabo de um alegado plano dos judeo-maçónicos para não sei quê dividir a Europa... perdemos a nossa independência, mas pelo menos os Judeus não se ficam a rir...
Por conseguinte, se há mesmo um «plano» para que a seguir à Catalunha, também o País Basco, a Flandres e outras nações hoje submetidas venham a ser soberanas, então abençoada seja essa parte do «plano» de Bruxelas, mil vezes abençoada, afinal a União Europeia até tem alguma coisa de bom. Esse «raciocínio» de que os países mais pequenos são por isso mais dóceis do que o Estados grandes não tem cabimento nem sustentação alguma, pelo contrário - os Estados grandes vão querer é precisamente sufocar todas as identidades étnicas, constituindo assim uma ante-câmara para o projecto mundialista. Assim: Nação>Estado-imperial>União mundial. O trabalho dos Nacionalistas é precisamente o de combater esse processo, deixando claro que a entidade étnica é insubstituível como critério máximo de soberania, o que constitui um precedente para combater toda e qualquer forma de sobreposição seja de que princípio político for à Nação.

De resto, essa conversa de «lamber as botas à UE» está posta completamente ao contrário, precisamente porque um dos «argumentos» que os espanholistas anti-independência atiram contra os independentistas é «cuidado, que se vocês saírem de Espanha também saem da União Europeia!!!!» Não é portanto a união com Espanha que protege a Catalunha contra Bruxelas, nem de perto nem de longe.

Pelo meio cometes o erro absolutamente clamoroso de falar como se a independência da Catalunha fosse contrária ao Estado-Nação. É isso que se depreende do que dizes aqui:
«Um dos objectivos dos mundialistas de Bruxelas (veja-se americanos) é desagregar cada país da UE em "euroregiões", para as renderem mais dóceis ao projecto mundialista. Isso elimina boa parte da resistência que um Estado-Nação»

Escapa-te por completo que uma Catalunha independente é que será um Estado-Nação. A actual Espanha não é, repito, não é um Estado-Nação, porque é um Estado com várias Nações dentro.
A Catalunha não é uma «região». Regiões são o Algarve, o Minho, a Beira Alta. Isso é que são regiões. E o regionalismo sim, é perigoso para a coesão das nações europeias. A Catalunha não é uma região como o Minho ou até a Andaluzia (aqui há dúvidas) - a Catalunha é uma Nação como Portugal, só que Portugal conseguiu ter força militar para se tornar independente e a revolta militar na Catalunha foi derrotada pelas armas de Castela. Essa é a única diferença entre Portugal e a Catalunha.

Por conseguinte, toda essa conversa sobre as euro-regiões não tem aqui qualquer sentido ou valor.

29 de outubro de 2015 às 01:24:00 WET  

Enviar um comentário

<< Home