SOBRE A ÉPICA CATÁSTROFE DE ALCÁCER-QUIBIR
A quatro de Agosto de 1578 deu-se o maior desastre da história militar portuguesa, o da Batalha de Alcácer Quibir, travada no norte de Marrocos perto da cidade de Alcácer-Quibir, entre Tânger e Fez, em 4 de Agosto de 1578.1 Os Portugueses, liderados pelo rei D. Sebastião aliados ao exército do sultão Mulei Mohammed (Abu Abdallah Mohammed Saadi II, da dinastia Saadiana), combateram um grande exército marroquino liderado pelo sultão Mulei Moluco (Abd Al-Malik, seu tio) com apoio otomano.
No seu fervor religioso, o rei D. Sebastião planeara uma cruzada após Mulay Mohammed solicitar a sua ajuda para recuperar o trono que seu tio, Abu Marwan Abd al-Malik I Saadi, havia tomado. A batalha resultou na derrota portuguesa, com o desaparecimento em combate do rei D. Sebastião e da nata da nobreza portuguesa. Além do rei português, morreram na batalha os dois sultões rivais, dando origem ao nome "Batalha dos Três Reis", como ficou conhecida entre os marroquinos.
A derrota na batalha de Alcácer-Quibir levou à crise dinástica de 1580 e ao nascimento do mito do Sebastianismo. O reino de Portugal foi severamente empobrecido pelos resgates pagos para reaver os cativos.
A batalha ditou fim da Dinastia de Avis e do período de expansão iniciado com a vitória na Batalha de Aljubarrota. A crise dinástica resultou na perda da independência de Portugal por 60 anos, com a união ibérica sob a dinastia Filipina.
(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Alc%C3%A1cer-Quibir )
É costume, a partir daqui, tecer um rol de insultos dirigidos à figura juvenil de D. Sebastião, que «deu cabo disto tudo» e coisa e tal. O curioso é que a elite cultural tuga faz gala de se considerar parte de um país que é do mundo, e que está aberto aos outros e toda essa ladainha multiculturalista, mas, neste caso, opta sistematicamente por uma visão um bocadito fechada...
Não há mal algum em pôr Portugal no centro das atenções dos Portugueses, antes pelo contrário - para todo e qualquer português que se preze, Portugal é o centro do mundo. O que não significa que os arredores não interessem; acresce que a própria identidade nacional só tem sentido na medida em que é parte de uma identidade etno-civilizacional maior. Mas esta dimensão é que raramente se vê no discurso quer da Direita patrioteira e provinciana, quer da Esquerda universalista e anti-nacional, quer do vulgo mais mesquinho que adora dizer mal «disto tudo», a começar pelo próprio País. Que D. Sebastião não devia ter embarcado na trágica aventura, isso é certo; mas que o seu sacrifício acabou por beneficiar a Europa, eis o que raramente se diz por aí. Nesse caso já o tugalhame letrado não prega a visão universal, de conjunto, e assim, não percebe ou não quer perceber que a incursão de D. Sebastião permitiu fragilizar o poderio turco - e convém saber que os Turcos eram os grandes inimigos não apenas do resto da Europa mas também de Portugal, no século XVI, como aqui se lê: http://ejihm2015.weebly.com/uploads/3/8/9/1/38911797/ejhim2015_ana_c_joaquim_texto_completo.pdf - o que mais tarde teve consequências na campanha militar otomana em solo europeu, mais concretamente na Europa Central, que os Turcos nunca conseguiram tomar. Coincidentemente ou não, o Império Otomano começou a cair no final desse século.
Vale também a pena fazer notar que aparentemente a vitória em Alcácer Quibir esteve a ponto de ser portuguesa, segundo o que aqui se diz: http://a-respublica.blogspot.pt/2004/01/d_13.html
E já agora, D. Sebastião fez realmente perder a independência nacional? Para já convém lembrar que foi educado num ambiente perfeitamente bélico-religioso, tendo por supra-sumo do ideal o espírito de Cruzada. Dificilmente poderia um adolescente nas suas condições pensar de maneira diversa da que pensava - cercado de nobreza tão juvenilmente aventureira como ele e de padralhame a querer expandir a Fé, D. Sebastião só com algum esforço quase sobre-humano do espírito conseguiria alçar-se para além desse quadro ideológico. Ainda assim, o jovem sabia que havia a hipótese de ele e os seus não conseguirem voltar ao reino, pelo que teve o cuidado, ingénuo, de encarregar o cardeal D. Henrique de escolher um sucessor ao trono caso a aventura desse para o torto. O padreco, conhecido, ou significativamente pouco conhecido, como o cardeal-rei, não quis reconhecer o seu sobrinho D. António Prior do Crato como monarca, nem nomeou ninguém para lhe suceder, deixando o caminho aberto para que Filipe II de Espanha invadisse Portugal para reclamar o trono português. Aliás, uma quadra popular da época rezava assim:
“Que o cardeal-rei dom Henrique
Fique no Inferno muitos anos
Por ter deixado em testamento
Portugal, aos castelhanos”.
O povo, sempre o povinho, à margem da elite, caladíssima de todo a respeito da sua própria hoste, não tendo sido esta a primeira vez que traiu a Pátria, contra a vontade popular... que a Direita, usualmente beata ou pró-beata, não diga nada sobre o fulano, não admira; o surpreendente é que nem a cambada historiadora de Esquerda pie sobre esta matéria, eu pelo menos nunca vi um só dedo acusador apontado à triste e trágica figura do cardeal-rei...
Se a sua omissão se deveu apenas a caganices dinástico-nobiliárquicas - e bem faz a monarquia portuguesa em estar morta, a bem de Portugal... - ou se porventura o vigário do Judeu Morto achou que uma Ibéria unida serviria melhor os propósitos imperiais da Cristandade católica, isso fica por averiguar...
Enfim, os impérios acabam sempre mal; para bem das nações nem deveriam começar a existir. Mas o sacrifício heróico de quem, estupidamente ou não, morre pela Pátria, não deve ser esquecido.
"Depois de quatro horas de luta, terminara a batalha. Apenas D. Sebastião e um pequeno grupo de fidalgos seguiam combatendo. Nem a bandeira, nem o guião real, chamavam já a atenção dos mouros sobre o monarca; e talvez a esta circunstância devesse não ter sido ainda morto. Mas era um fim previsto. Cristóvão de Távora suplica-lhe que se renda. D. João de Portugal acrescenta : "Que pode haver aqui que fazer, senão morrermos todos?" Respondeu D. Sebastião: "Morrer, sim, mas devagar".
"Depois de quatro horas de luta, terminara a batalha. Apenas D. Sebastião e um pequeno grupo de fidalgos seguiam combatendo. Nem a bandeira, nem o guião real, chamavam já a atenção dos mouros sobre o monarca; e talvez a esta circunstância devesse não ter sido ainda morto. Mas era um fim previsto. Cristóvão de Távora suplica-lhe que se renda. D. João de Portugal acrescenta : "Que pode haver aqui que fazer, senão morrermos todos?" Respondeu D. Sebastião: "Morrer, sim, mas devagar".
Nasceu a partir daí o mito do Sebastianismo, crença de que um dia o monarca viria de uma ilha a Ocidente, envolto em névoa, para de novo reinar e salvar a Pátria, no que constitui a versão portuguesa do que na Grã-Bretanha se aplica ao lendário rei Artur, o qual retornará um dia de Avalon, a ilha mítica de um encantado e brumoso poente, porventura uma lenda céltica de cariz arcaico. Interessa pouco se vem ou não um tal líder; o que a lenda alimenta de mais positivo é um anseio por um futuro assente no passado mais dignificante, o da raiz vital do Povo. Não convém esperar que de «lá» do meio da bruma venha um gajo mais esperto que os outros, mas que o vulto enevoado que por ali apareça seja um reflexo do pedaço de Génio da Estirpe que vive no sangue da Nação.
6 Comments:
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http://pt.euronews.com/2015/08/04/croacia-celebra-reconquista-da-krajina-e-fim-da-guerra-da-independencia/
Bom texto, muito bom mesmo. Você escreve coisas realmente boas quando não está a falar sobre como os "nacionalistas" (judeus) de Kiev são um exemplo.
Você parece por vezes aquelas pessoas bem idosas cuja cabeça só funciona por turnos.
Caturo, qual a tua opinião sobre isto? Para mim é mais propaganda de perpetuação do sentimento de culpa branco/europeu e mais chantagem para que nos sintamos na obrigação de acolher o mundo inteiro. Acho é revoltante a mania do costume dos que vão nesta cantilena de ódio a si próprios nunca falarem da expansão islâmica, do Império Otomano, do Império Japonês, da China, entre outros, sempre que querem apontar o dedo acusador contra os crimes cometidos pela invasão e exploração de solo alheio (porque foram bem ensinados a odiar o branco e culpá-lo exclusivamente de todos os males do mundo), ou até de muitas tribos africanas e sul-ameríndias terem o costume da antropofagia quando foram descobertas pelos Europeus (costume que, de resto, só não perdura em larga escala ainda hoje porque lhes levámos alguma civilização).
Além do mais, a táctica esquerdista típica de julgar o todo pela parte: vamos lá generalizar e chamar "ex-colónias" a territórios ocupados pelas antigas nações colonizadoras que nem sequer eram habitados ou a outros em que a coexistência era pacífica ou se baseava no comércio, só mesmo para aumentar a contabilidade e, consequentemente, o sentimento de culpa e a noção de que temos o dever de fazer reparações.
Para concluir, nunca me constou que a colonização tivesse significado a invasão de um povo em massa dos territórios colonizados (à excepção do que viria a ser os Estados Unidos da América) e, apesar de muitas vezes os costumes e tradições dos povos colonizados ter sido de algum modo reprimido, os mesmos povos, costumes e tradições perduram hoje sob alguma forma nesses mesmos territórios. Pelo contrário, a imigração descontrolada e em massa na Europa põem em causa a continuação dos povos e dos costumes europeus.
https://www.facebook.com/solidaritywithgreece/photos/a.1681903648696778.1073741828.1681857028701440/1696254613928348/?type=1&pnref=story
É mesmo isso tudo que disseste, a aposta no complexo de culpa que as elites querem impingir ao povo europeu, a aposta nisso para atar as mãos e os braços dos Europeus, atar moralmente - trata-se de uma espécie de mito incapacitante, uma arma de guerra psicológica para impedir um determinado grupo de defender a sua integridade, para que possa ser dissolvido numa amálgama mulata, conduzindo-se assim o esquema da construção de uma humanidade sem raça nem raízes. Curiosamente ninguém obriga a Moirama a aceitar imigrantes, sabendo-se todavia como são abastadas as monarquias islâmicas; a essas ninguém obriga a baixar a cerviz para lhe meterem toneladas de africanos em casa, nem tampouco se lhes exige qualquer espécie de pedido de desculpas por terem escravizado os negros africanos em larga escala, já antes dos Europeus, processo em que as hostes de Mafoma, invasoras, levavam aldeias inteiras para a escravatura, tudo se lhes aproveitava (mulheres para os haréns, homens como soldados, crianças para serem ensinadas ou como soldados ou como eunucos, etc.).
De resto, quem fez o quadro esqueceu um episodiozito pelo meio - é que foram os próprios Europeus que decidiram acabar com as colónias e dar independência aos povos colonizados... e os únicos que em toda a parte defenderam os Povos indígenas. Os donos de quem fez o quadro investem por isso nesse caminho, como animais selvagens que sentem a fraqueza da presa e avançam. O chato é quando a presa resiste, não dá jeito, há que previamente enfraquecer-lhe os meios de resistir, vai daí legisla-se para criminalizar «o racismo» e até a palavra «discriminação» - no dicionário é só isto: tratar de maneira diferente o que é diferente - passa a ser o drama, a tragédia, o horror... Ainda assim, o caraças do povinho «racista» resiste, e vota cada vez mais nas forças políticas que conseguem driblar as legislações da elite e defender o povo contra a elite.
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