domingo, maio 24, 2015

MÉTODOS DA POLÍCIA SECRETA NACIONAL-SOCIALISTA ALEMÃ PODEM SER ÚTEIS PARA LOCALIZAR TERRORISTAS

Os ficheiros secretos da Gestapo que detalham a perseguição aos elementos da resistência ao regime nazi em Berlim, durante a Segunda Guerra Mundial, podem ser úteis para localizar as células terroristas na actualidade.
Esta é a convicção de um grupo de cientistas, que usou a informação que consta nos ficheiros da polícia secreta nazi para aperfeiçoar um algoritmo computorizado que permite traçar o rasto de terroristas que distribuem propaganda extremista, conta hoje o britânico Telegraph.
Foi com a "caça" a Otto e Elise Hampel que a Gestapo conseguiu desenvolver um método inovador para a altura, que assentava no perfil geográfico do casal. A forma de protesto dos Hampel contra o regime nazi passava por distribuir folhetos e cartazes denunciando as atrocidades de Hitler e seus colaboradores, deixando-os visíveis nos espaços públicos de Berlim para encorajar a resistência.
Os investigadores que os procuravam perceberam que existia um padrão na distribuição destes cartazes - nas imediações da vizinhança dos Hampel, mas nunca demasiado próximo da sua casa. A partir do estudo desta informação, o casal foi descoberto, julgado e executado em 1943. A Gestapo manteve os ficheiros relativos à perseguição, detalhando a forma como acabou por conseguir localizá-los.
O biólogo matemático Steven Le Comber, da Queen Mary University, e o criminologista norte-americano Kim Rossmo analisaram os ficheiros, tendo aperfeiçoado a partir dos métodos nazis o algoritmo que permite desvendar o rasto de grupos terroristas. Os investigadores publicaram o seu estudo noGeospatial Intelligence Review, uma publicação de acesso restrito e cuja leitura integral é permitida apenas a membros dos serviços secretos.
Ainda que a Gestapo tenha precisado de dois anos e 214 cartazes deixados pelos Hampel para localizar o casal, o novo algoritmo agora criado permitiria encontrá-los em poucos meses. "Os terroristas envolvem-se frequentemente em actividades discretas, como propaganda e graffiti anti-governo, antes dos ataques mais significativos. Este estudo mostra de que forma traçar o perfil geográfico pode ajudar a detectar as bases terroristas antes que ocorram incidentes mais graves", disse aoTelegraph Kim Rossmo.
Desenhar o perfil geográfico dos suspeitos é uma técnica que foi originalmente desenvolvida por Rossmo para destacar de longas listas de indivíduos aqueles que, mais provavelmente, teriam cometido crimes como homicídio ou violação. O modelo usa a localização espacial dos crimes que estão relacionados entre si para identificar áreas associadas com os criminosos, como as suas casas ou locais de trabalho. Hoje, o método é usado pelas autoridades a nível global.
Este modelo poderá, portanto, ser aplicado à distribuição de propaganda terrorista, tendo já sido utilizado para localizar a origem de surtos de doenças como a malária. "O problema é essencialmente o mesmo", explicou ao Telegraph Le Comber, da Queen Mary University. "Mas em vez de usar a localização dos crimes para descobrir a casa do agressor, utilizam-se os endereços dos pacientes com malária, por exemplo, para localizar os mosquitos que transmitem a doença".
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Fonte: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=4584480&page=-1 (artigo originariamente redigido sob o acordo ortográfico de 1990 mas corrigido aqui à luz da ortografia portuguesa)