quarta-feira, abril 15, 2015

RAQUEL VARELA FALA DO QUE ESTÁ EM CAUSA NA GREVE DOS TRANSPORTES - MAIS DINHEIRO DO POVO PARA OS BOLSOS DA TUBARONAGEM

As greves actuais nos transportes são discutíveis e podem até surtir o efeito contrário, mas o essencial é consciencializar o povo para o perigo da entrega dos transportes públicos aos predadores do costume.




Uma greve não é um chá dançante ou uma petição ao rei. Tão pouco é uma forma de protesto, é mais do que isso - é um confronto. Entre quem trabalha e quem manda e controla o processo produtivo. Não é um simples direito democrático, é a essência da democracia porque até o direito ao voto foi historicamente conquistado com o recurso a greves. Se passar a proposta do governo será um dos grandes escândalos de gestão do orçamento público deste país, suportado por todos nós, e agora ninguém poderá dizer que «não sabia». A privatização do Metro ou da Carris não são, como se pensa, uma privatização mas algo muito pior, são de facto uma parceria público-privada, que mantém todos os lucros na empresa privada e todos os custos e riscos suportados por nós. Não sei sequer como este caderno de encargos pode ter uma moldura legal. Como está desenhado abre a porta aberta ao aumento das tarifas, diminuição das carruagens, corrupção e descapitalização da segurança social, e tudo isto com mais custos para o orçamento público. Os trabalhadores do Metro não estão só a defender os seus salários ou empregos - e se fosse, contariam com o meu apoio porque eu não acho que ter emprego com direitos seja uma regalia, é um direito elementar de uma sociedade justa. Mas eles estão a fazer mais, estão a defender o transporte de qualidade e seguro, e sobretudo estão a colocar uma parede entre o governo e a utilização do orçamento de Estado como se isto fosse a camorra com todos os riscos protegidos por um Estado, o mesmo Estado que esmaga todos os dias com impostos milhares de empresas e cidadãos.

O problema do sindicalismo, de parte dele, não é a greve, essa é aliás, dizem os manuais elementares de história, a sua força e razão de existência. O problema tem sido, esperemos que aqui não, que as greves são dispersas, não são unificadas com outros sectores, estão à mercê de lógicas eleitorais ou partidárias, às vezes são feitas sem plenários democráticos, sem fundos de greve que protejam os mais frágeis, etc. Os trabalhadores do Metro e dos transportes têm naturalmente o meu apoio, e muito lhes agradeço que façam greve por mim, porque hoje é disso que se trata - estão em greve por mim e quer as pessoas gostem ou não, estão em greve por todos nós, porque este caderno de encargos, a ser aprovado, vai descapitalizar ainda mais o orçamento para depois quem governa vir dizer que é preciso cortar nos hospitais e na educação. Eles lutam, pagam para isso perdendo o salário, enfrentando calúnias públicas indecorosas, e fazem-no por todos nós, em nome de uma gestão correcta e decente do orçamento público.


2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esta fulana da esquerda caviar é exemplo no discurso? Começo a ficar mal impressionado com este blogue de direita!

16 de abril de 2015 às 23:46:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Porque é que o seu discurso não há-de ser aproveitado quando se revela útil? Só porque ela é de Esquerda? Isso é uma falácia.
Muito do que ela diz é de facto proveitoso, quer voluntariamente quer, talvez, involuntariamente, como se verá amanhã, ou um dia destes, quando aqui se colocar um vídeo em que Raquel Varela diz que «não há uma associação entre pobreza e violência»... é valioso saber isto porque afinal constata-se que a desculpabilização dos crimes violentos cometidos por negros não se pode fazer com base na alusão à pobreza.

17 de abril de 2015 às 02:46:00 WEST  

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