quarta-feira, março 11, 2015

PELO MENOS PARTE DAS LÍNGUAS INDO-EUROPEIAS PODE TER SIDO TRAZIDA À EUROPA COM A RODA POR PASTORES

Fonte: http://www.20minutos.es/noticia/2378366/0/misteriosa-tribu/rueda/europa/
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Uma equipa dirigida pelo geneticista evolutivo David Reich, da Escola de Medicina de Harvard em Boston, Massachusetts, EUA, analisou o ADN nuclear de sessenta e nove corpos de pessoas que viveram na Europa no período entre os três mil e os oito mil anos atrás. Examinou também os dados do genoma de vinte e cinco antigos europeus e do de Ötzi, o homem do gelo de 5300 anos que foi descoberto na fronteira entre Itália e Áustria. O objectivo da equipa é rastrear a origem de um grupo desconhecido de humanos que irrompeu do leste europeu para a Europa ocidental há cerca de quatro mil e quinhentos anos, com tecnologias tais como a roda e uma língua antepassada de muitas línguas modernas. 
Existem vestígios destes migrantes nos genomas de quase todos os europeus contemporâneos, segundo investigadores que analisaram os dados do genoma de quase cem antigos europeus. 
Os primeiros Homo Sapiens que colonizaram a Europa eram caçadores-recolectores que chegaram de África através do Médio Oriente há cerca de quarenta e cinco mil anos. Os Neandertais e outras espécies humanas arcaicas tinham começado a itinerância muito antes. A Arqueologia e o ADN antigo sugerem que os agricultores do Médio Oriente começaram o seu fluxo para a Europa há oito mil anos, em substituição dos caçadores-recolectores em algumas áreas e mesclando-se com eles noutras. Mas no ano passado um estudo dos genomas de europeus antigos e contemporâneos encontrou eco não só destas duas ondas procedentes do Médio Oriente mas também de um terceiro grupo, enigmático, que poderia ter vindo de mais a leste.
A análise realizada pelos geneticistas de Harvard confirmou a chegada dos agricultores do Médio Oriente à Europa há sete ou oito mil anos e também encontrou uma outra migração. O ADN dos pastores da estepe que viviam no oeste da Rússia há cinco mil anos é muito parecido com o de indivíduos que há quatro mil e quinhentos anos viviam na Alemanha e que se incluíam no grupo conhecido como o da cultura da cerâmica cordada. Estes pastores, do grupo da cultura Iamna («sepulcro» em Russo e em Ucraniano) viviam na actual Rússia e Ucrânia e representam «uma migração maciça no coração da Europa a partir da periferia oriental» afirma a equipa de Reich num artigo publicado a 10 de Fevereiro, segundo informa a revista Nature. Os ancestrais dos Iamnaia sobrevivem em diferentes graus nos genomas dos europeus contemporâneos, com os grupos do norte, tais como os Noruegueses, os Escoceses e os Lituanos, a terem aqui um vínculo mais forte. 
A extensão geográfica da migração iamnaia não é clara, nem clara é a sua natureza. Mas a equipa de Reich diz que é possível que os imigrantes orientais tenham substituído totalmente as populações então existentes na Alemanha. ´
Os Iamnaia trouxeram pelo menos parte da família das línguas indo-europeias à Europa, segundo sustêm os investigadores. A origem destas línguas - que incluem as eslavas, as latinas e as germânicas - assim como muitas das línguas que se falam no subcontinente da Ásia meridional, está envolta em polémica. Alguns investigadores dizem que estas línguas estendiam-se através dos agricultores do Médio Oriente há cerca de oito mil e quinhentos anos. Mas Reich e a sua equipa dizem que os seus dados são mais consistentes com a «hipótese da estepe» favorecida por outros investigadores, segundo a qual os pastores que viviam em redor dos mares Negro e Cáspio propagaram os idiomas há cerca de seis mil anos, depois da domesticação do cavalo e da invenção da roda, que lhes permitiu começar a viajar grandes distâncias.