CALIFADO DO MÉDIO-ORIENTE IMPÕE MUTILAÇÃO GENITAL AO SEXO FEMININO
Está a crescer.
* * *
Os
militantes do Estado Islâmico (ISIS) emitiram um decreto religioso a
obrigar todas as mulheres e raparigas de Mossul, segunda maior cidade
do Iraque, a serem submetidas a mutilação genital.
A
informação foi avançada pelas Nações Unidas, com a representante
e coordenadora humanitária da organização no Iraque, Jacqueline
Badcock, a adiantar que a ordem será aplicável a mulheres entre os
11 e os 46 anos de idade, representando um risco para cerca de 4
milhões de mulheres e raparigas, dentro e à volta da cidade no
Norte do Iraque.
"Trata-se
de algo completamente novo no Iraque, particularmente nesta área.
Não se trata da vontade da população iraquiana ou das mulheres
nestas regiões vulneráveis que caíram nas mãos de terroristas",
disse a responsável aos jornalistas em Genebra, numa
videoconferência emitida a partir de Irbil, capital do Curdistão
iraquiano.
Entretanto,
alguns media - como o i100, publicação online
vinculada ao "The Independent" - têm citado fontes no
terreno e especialistas que garantem que a informação avançada por
Badcock se baseia num documento falsificado. Um porta-voz da ONU em
Genebra disse à Reuters que a organização estava a tentar obter
confirmação das suas fontes.
A
prática ritual inclui a remoção parcial dos órgãos genitais
femininos por motivos não de ordem médica mas fundados em crenças
sobre o que é considerado um comportamento sexual adequado,
constituindo um passo na preparação de uma rapariga ou mulher para
a vida adulta e casamento, e funcionando como garantia do ideal de
"pura feminilidade". No fundo, o que está em causa é
retirar às mulheres a capacidade de sentirem prazer sexual,
comportando uma série de riscos para a saúde feminina, incluindo
hemorragias graves, problemas em urinar, infecções e ainda um
aumento do risco de nados-mortos.
Segundo
o "International Business Times", ao anunciar o decreto, o
líder do autodeclarado Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi,
justificou-o como um passo para que as raparigas iraquianas se
"distanciem da devassidão e imoralidade". E um porta-voz
da polícia de Mossul, Ahmed Obaydi, afirmou que "a decisão de
Baghdadi de ver todas as mulheres circuncidadas é uma forma de
promover as atitudes islâmicas entre os muçulmanos",
constituindo um "presente para a população".
NOVO
PRESIDENTE ELEITO Também
ontem, os deputados iraquianos elegeram Fouad Massoum, político
veterano curdo e ex-guerrilheiro no levantamento contra o regime de
Saddam Hussein, como o novo presidente do país. A medida foi saudada
como um passo importante na formação de um novo governo que tanto a
comunidade internacional como as autoridades religiosas têm
defendido como crucial para fazer frente à ofensiva sunita no
Noroeste do país.
Aos
76, Massoum substitui Jalal Talabani, que ocupava o cargo desde 2005
e que era visto como uma das raras figuras unificadoras entre as
várias facções do Iraque, mas que tem estado arredado da cena
política desde que sofreu um AVC no final de 2012.
Desde
2003, o presidente do Iraque tem sido um curdo, enquanto o
primeiro-ministro é um xiita e o presidente do parlamento é eleito
de entre o bloco árabe sunita.
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