sexta-feira, maio 09, 2014

A «LE-PENIZAÇÃO» DA POLÍTICA FRANCESA

Fonte: http://www.revistaforum.com.br/digital/142/le-penizacao-da-politica-francesa/

Propostas características da extrema-direita, colocadas em pauta pela Frente Nacional de Jena Marie Le Pen, encontram cada vez mais espaço na política francesa, mesmo entre partidários do governo dito socialista.
Em 1956, Pierre Poujade, conhecido como o “Robin Hood da revolta contra os impostos”,  conquistou junto à União de Defesa dos Comerciantes e Artesãos (UDCA) 2,6 milhões de votos (11,6%) e elegeu 51 deputados, entre eles Jean Marie Le Pen, que se tornou, aos 28 anos, o deputado mais jovem da França. Sua força eleitoral se baseava, além da revolta contra o fisco, Num nacionalismo exacerbado pela crise económica do momento e na crítica populista ao sistema de partidos e aos políticos profissionais.
A ascendência do general De Gaulle, nomeado presidente da República em 1958, pôs fim a esse experimento populista, mas não ao “poujadismo”, que se mostrou, desde então, uma herança política controversa.
Desde a experiência com o “poujadismo”, a primeira organização do espectro de extrema-direita a voltar à cena política com um certo êxito foi a Frente Nacional, que nas eleições de 1984 obteve 10,95% dos votos, liderada pelo já na época veterano ultradireitista Jean Marie Le Pen. A partir desse momento, a FN conseguiu criar um nicho eleitoral que lhe permitiu não ficar abaixo dos 9% nas eleições seguintes e alcançar seu maior triunfo na disputa presidencial de 2002, passando para o segundo turno com 20% dos votos.
As eleições presidenciais foram o zénite da carreira de Le Pen, que conseguiu, para a surpresa da classe política francesa, chegar à segunda volta, colocando os seus temas principais no centro da arena política e influenciando o debate público. O processo foi chamado de ‘Le Penização dos espíritos’ e o próprio afirmou durante os comícios de 2002: “Toda a gente fala como eu, tornei-me normal”.
A sua campanha eleitoral baseou-se na problematização da imigração, considerada a causa da insegurança dos cidadãos, agitando a bandeira do populismo punitivo; no aumento do desemprego e na competição por serviços sociais escassos, numa espécie de chauvinismo do bem estar. Com esses pressupostos, a FN elabora a ideia central do partido: a “preferência nacional”, por outras palavras, “os franceses primeiro”. Essa política repercute porque os franceses devem sempre ter preferência em todos os âmbitos frente aos imigrantes: “Alguns dizem querer a França para todos. Eu quero a França para todos os franceses. Entendam bem a diferença” (Jean Marie Le Pen).
O problema é que quem parece ter “entendido bem a diferença” são os principais partidos políticos, tanto conservadores como progressistas, que, a partir do sucesso da FN nas eleições presidenciais de 2002, parecem estar a competir para ver quem endurece mais o seu discurso contra a imigração, num aumento geral do populismo punitivo dentro da política francesa.
Dessa maneira, os partidos da República Francesa, em vez de pensarem propostas ou medidas políticas que possam combater o discurso xenofóbico da FN, estão actuando como verdadeiros “aprendizes de feiticeiro”, adentrando o terreno de confronto que a extrema-direita propõe, apropriando-se de boa parte das temáticas “Le Penistas” e, em última instância, legitimando esse espaço político.
Assim, a maior vitória da Frente Nacional foi a normalização de seu discurso, e a introdução de suas principais ideias tanto no debate público como nas políticas oficiais.
É a partir desse cenário que temos que julgar o comportamento “mão de ferro” de Sarkozy, quando ministro do Interior, durante a revolta das Banlieues, em 2005, o que lhe rendeu uma popularidade importante e que, apesar das reticências da maioria de seu partido, permitiu a ascensão à presidência francesa. De lá, incentivou o populismo punitivo, mediante a fabricação de uma sensação emergencial de grande insegurança, para convencer a opinião pública de que medidas excepcionais eram necessárias para combater tal situação alarmante.
Com isso, criou um Ministério de Imigração, ofereceu subsídios aos Imams muçulmanos para ensinarem “valores franceses”, opôs-se à entrada da Turquia na União Europeia e criou um teste de integração, ou “valores cívicos”, para a população imigrante. O seu último feito foi a perseguição, desmantelamento e expulsão das comunidades ciganas dos roma, assentadas nas periferias das cidades francesas, e acusadas pelo aumento da mendicância e da delinquência. 
Com a derrota de Sarkozy e a escalada do PSF (Partido Socialista Francês) ao poder pelas mãos de Hollande, parecia que as derivas autoritárias e punitivas da política francesa contra os imigrantes e minorias étnicas se suavizariam. Porém, a “Le Penização dos espíritos” também alcançou os escalões do PSF. Manuel Valls, ministro do Interior até algumas semanas atrás e filiado ao partido, continuou com a expulsão de romas (cerca 5 mil, de acordo com os seus próprios dados), afirmando que desde então houve uma diminuição nos actos de delinquência.  A pré-campanha das eleições municipais foram marcadas por expulsões de romas, que se tornaram o assunto principal e o bode expiatório do fracasso das políticas sociais do governo Hollande.
Como no pleito presidencial de 2002, o PSF sofreu uma derrota importante, e a FN conquistou os melhores resultados municipais da sua história, com mais de mil municípios conquistados e a perspectiva de se converter numa das principais forças para as próximas eleições europeias. O governo de Hollande, em vez de reconhecer o fracasso da inexistência de seus projectos sociais, e a sua conversão às políticas neo-liberais e adaptação à lógica da economia de austeridade, preferiu andar no caminho da ‘Le Penização dos espiritos’. Premiando o populismo punitivo de Manuel Valls ao promovê-lo ao cargo de primeiro ministro, e demonstrando que, no fim, Le Pen não estava errado quando disse, em 2002: “Agora toda a gente fala como eu”.

E isto, leitores, isto é já uma forma de exercer o poder - ao nível dos valores na política popular. O resto faz-se na continuação da marcha nacionalista, que é o que a elite reinante mais teme. Dessa elite é membro ou aluno o autor do artigo, manifestamente de Esquerda - o primarismo de dizer que Sarkozy «fabricou uma sensação emergencial de grande insegurança», enfim, só mesmo quem não tem noção nenhuma, nenhuma, nenhuma do que é a vida das classes populares nas ruas, nos transportes públicos, nas escolas, a ter de lidar com a pior escumalha, importada via imigração em massa, só quem por autismo esquerdista ou desprezo elitista pela massa popular é que não sabe que isto só é fabricado na medida em que resulta das políticas de imigração que a classe político-reinante impinge aos Europeus. Apetece obviamente dizer que o autor do texto devia ser obrigado a passar um ano a viver num bairro «sensível» ou lá como dizem em França para ver quem é que fabrica de facto a «sensação emergencial de grande insegurança», se possível sendo assaltado e levando nas ventas todos os dias dos «jovens« norte-africanos, até daquela boca transformada num buraco sangrento já não se conseguir ouvir a articulação da palavra «fabricar»...
Reconduzindo a conversa ao tema central - que esta hoste se mostre apreensiva com o deslocamento suave mas progressivo do discurso «mainstream» para o campo nacionalista constitui sem dúvida um bom sinal, porque quando tal espécie de gente grita de medo é sinal de que os tiros estão a ser disparados na direcção certa.



9 Comments:

Blogger Afonso de Portugal said...

«O problema é que quem parece ter “entendido bem a diferença” são os principais partidos políticos, tanto conservadores como progressistas, que, a partir do sucesso da FN nas eleições presidenciais de 2002, parecem estar a competir para ver quem endurece mais o seu discurso contra a imigração, num aumento geral do populismo punitivo dentro da política francesa.»

Não, não ,não, nãoooooo… não é nada disso! O problema é que a Le Pen não passa de falsa oposição implantada pelos sionistas para fazer o jogo dos sionistas!É tudo um engodo para que entreter o eleitorado francês e impedi-lo de votar em partidos anti-imigraçãooooo!!! Ela diz-se anti-imigração mas não e! Juro que não é! É tudo teatro! E eu posso ver claramente a sua farsa! E o facto de os eleitores franceses caírem como patos no teatro dela, forçando os outros partidos a emular do sistema o seu discurso, não interessa para nada, nem é revelador de coisa nenhuma!!! Faz tudo parte da impostura da democracia e o que é preciso mesmo é fazermos uma revolução armada para acabar com eles todos!
Só mesmo os nacionalistas totós é que encaram a ascensão da Le Pen como algo positivo enquanto o verdadeiro inimigo – os judeus – se ri na cara deles!

Nota para totós: os dois parágrafos anteriores são paródia, como deverá (ou deveria) ser óbvio para qualquer um com dois dedos de testa.

Camarada Caturo: como este comentário é muito bem capaz de atrair a atenção dos parasitas do costume, não me importo mesmo nada se optares por não a publicar.

9 de maio de 2014 às 14:35:00 WEST  
Blogger Afonso de Portugal said...

«(…) apropriando-se de boa parte das temáticas “Le Penistas” e, em última instância, legitimando esse espaço político.

Assim, a maior vitória da Frente Nacional foi a normalização de seu discurso, e a introdução de suas principais ideias tanto no debate público como nas políticas oficiais.
»

(…)

Caturo disse...
«Reconduzindo a conversa ao tema central - que esta hoste se mostre apreensiva com o deslocamento suave mas progressivo do discurso «mainstream» para o campo nacionalista constitui sem dúvida um bom sinal, porque quando tal espécie de gente grita de medo é sinal de que os tiros estão a ser disparados na direcção certa.»

Mas ainda há quem, no meio do movimento nacionalista, não seja capaz de perbcer isto! Mesmo quando até a esquerda apátrida e mundialista já o percebeu!!! Enfim…

Caturo disse…
«Apetece obviamente dizer que o autor do texto devia ser obrigado a passar um ano a viver num bairro «sensível» ou lá como dizem em França para ver quem é que fabrica de facto a «sensação emergencial de grande insegurança», se possível sendo assaltado e levando nas ventas todos os dias dos «jovens« norte-africanos, até daquela boca transformada num buraco sangrento já não se conseguir ouvir a articulação da palavra «fabricar»...»

Membro da elite típico: “Ai, isso é que não! É que isso do multiculturalismo é muito bom, mas é só para a ralé, a populaça racista e ignorante! Eu gosto é da minha vivenda nos subúrbios, no meio bairro de classe média alta onde 95% da população é branca (se não for 100%) e perto do colégio onde inscrevi os meus filhos para que não se misturem com os pret…. hãã…cof cof… perdão, para que tenham a melhor instrução possível! E transportes públicos nem pensar, cheiram mal, as pessoas que os utilizam falam muito alto e estão sempre suadas, é nojento! Eu gosto é do meu carrinho de alta cilindrada que consome 15l aos 100 km, mas digo a toda a gente que sou ambientalista, o aquecimento global é uma calamidade! Agora vou à internet ver a quanto estão as minhas acções… é que eu sou contra os mercados e contra o capitalismo selvagem mas o verdinho dá sempre jeito!”

9 de maio de 2014 às 14:37:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«Nota para totós: os dois parágrafos anteriores são paródia, como deverá (ou deveria) ser óbvio para qualquer um com dois dedos de testa.»

É chato é andares a dar falsas esperanças às pessoas. Eu, antes de ler essa parte, já estava quase, quase a dar o sinal verde aos nossos exércitos que durante vinte anos andámos a preparar na sombra, tu sabes, pois se andamos a dizer há que tempos que isto só «lá» vai pela via revolucionária, é porque, coerentemente, andámos a preparar a revolução, obviamente, e já temos tudo em fase adiantada para dar o golpe... Sem isso éramos para aqui uns palermas de merda a desmobilizar outros bananas iguais a nós e a guinchar que o que é preciso é fazer algo que nós nem fazemos nem temos ideia de como é que se faz...

9 de maio de 2014 às 21:12:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«Camarada Caturo: como este comentário é muito bem capaz de atrair a atenção dos parasitas do costume, não me importo mesmo nada se optares por não a publicar.»

Era o que faltava deixar de publicar uma letra que fosse por causa dos pivetes agarrados à perna que não desgrudam. Em última análise não publico os «contraditórios» desconversadores e acabou.

A propósito disso, tens respostas noutra caixa de comentários daqui, aquela em que escreveste mais recentemente, eu deixei o endereço no último tópico de dia 7.

9 de maio de 2014 às 21:16:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«Mas ainda há quem, no meio do movimento nacionalista, não seja capaz de perbcer isto!»

Evidentemente... quem não diz Heil Hitler e não é contra a Democracia é porque é judeu-sionista-comunista-anti-racista ou pelo menos deve ser olhado com desconfiança, porque deve ser algum infiltrado a querer meter-se no meio dos nacionalistas anti-sionistas e anti-democratas e a querer desalojá-los da sua caixa de cartão...

9 de maio de 2014 às 21:22:00 WEST  
Blogger Caturo said...

«“Ai, isso é que não! É que isso do multiculturalismo é muito bom, mas é só para a ralé, a populaça racista e ignorante!»

Claro... isto para haver flexibilidade no emprego tem de haver muita mão-de-obra disponível e depois temos de aguentar as consequências, «it's tough» mas tem que ser, como me disse uma vez um antifa (que devia ser tuga mas falávamos num forum nacionalista norte-americano, há uns catorze anos, se calhar até era o cisco...)... temos, quer dizer, tem o povinho, pois claro, o povinho já sabemos como é, ao fim ao cabo eles estão bem uns para os outros, porque enfim, a diferença que realmente conta é sócio-económica, portanto, tanto faz que o povinho seja de brancos ou pretos, para nós, os que vivemos mais ai-laife, tanto faz...

9 de maio de 2014 às 21:27:00 WEST  
Blogger Afonso de Portugal said...

«A propósito disso, tens respostas noutra caixa de comentários daqui, aquela em que escreveste mais recentemente, eu deixei o endereço no último tópico de dia 7.»

Por acaso já tinha visto, mas agradeço. Só não escrevi mais nada nesses tópicos por entender que está tudo dito, sobretudo em relação aos motivos que me levaram a suspender os comentários: a tua análise é absolutamente certeira. A medida não é definitiva mas, para já, parece-me que os benefícios decorrentes de permitir comentários são completamente obliterados pelos prejuízos. Perde-se-muito tempo a ler a aprovar conversas que não acrescentam mais-valia nenhuma ao nosso combate.

De resto, julgo que o grande problema da blogosfera nacionalista portuguesa tem um nome concreto: Facebook. O grosso da propaganda nacionalista está a ser feita nessa rede social, e é lá que podem ser encontrados a maioria dos nacionalistas activos na intenet.

Porquê, não sei. É um sinal dos tempos, suponho. Pessoalmente, eu não acho piada nenhuma àquilo, mas quem manda são as gentes...

10 de maio de 2014 às 15:57:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Efectivamente há que saber estar na chamada crista da onda, é a vida.

10 de maio de 2014 às 19:55:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Extra! Extra! Alvíssaras! Alvíssaras! João Pereira Coutinho abriu os olhos!...

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2014/05/1450081-a-vitoria-de-khomeini.shtml

13 de maio de 2014 às 15:07:00 WEST  

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