NOVO LIVRO - «O MITO DA PERSEGUIÇÃO: COMO OS PRIMEIROS CRISTÃOS INVENTARAM A HISTÓRIA DO MARTÍRIO»
Como acima se pode ouvir, para quem souber Inglês, é editado este mês nos EUA um novo livro sobre História do Cristianismo: «O Mito da Perseguição: Como os Primeiros Cristãos Inventaram a História do Martírio», da autoria da historiadora inglesa Candida R. Moss, que na Universidade de Notre Dame (EUA) dá aulas sobre o Novo Testamento e os cristãos das origens no Departamento de Teologia, como aqui se pode ler: //www.candidamoss.com/ (com foto jeitosa da senhora, note-se).
C. Moss afirma que actualmente os cristãos de todas as variedades continuam a apostar fortemente no mito de que nos primeiros três séculos da sua existência a Igreja foi vítima de constante perseguição. Mas ao contrário desta versão que a igreja propaga, os cristãos não foram sistematicamente torturados e mortos pelos Romanos só por se recusarem a negar o Cristo. Estas histórias foram exageradas, alvo de revisionismo, forjadas, muitas vezes séculos depois, e a história da Igreja foi reformulada de modo a combater a heresia, a inspirar e a educar os fiéis, em arranjar sustento para as igrejas. Para além de querer corrigir essa visão da História, o objectivo do livro é expôr o perigoso legado que estes mal-entendidos sobre a história do Cristianismo influenciam actualmente a sociedade. A retórica do martírio e da perseguição persiste, especialmente na linguagem da «Direita» político-religiosa, e tal como os primeiros cristãos usaram os exemplos dos martirizados para excluir os hereges, estes cristãos actuais ainda os usam para silenciar a divergência e para galvanizar uma nova geração de guerreiros culturais. Pode-se ver isto em declarações de líderes cristãos, nos discursos de políticos e na retórica dos comentadores mediáticos, que se dizem perseguidos, tal como os cristãos foram sempre perseguidos. A ideia de que os cristãos são pela sua própria natureza perseguidos está profundamente sedimentada na distorcida narrativa da história da Igreja. Os cristãos não foram constantemente perseguidos nos primeiros três séculos e não são sistematicamente perseguidos na actualidade.
A autora critica portanto aquilo a que chama «a narrativa escolar de domingo sobre os mártires da Igreja, sobre cristãos escondidos com medo nas catacumbas, a encontrarem-se em segredo para evitarem ser presos e impiedosamente atirados aos leões só por causa das suas crenças religiosas. Nada disso é verdade.»
Far-se-ia talvez só um reparo quando Candida Moss diz que os cristãos não são perseguidos actualmente - no mundo islâmico, nomeadamente lá para os lados do país das pirâmides, bem como no Líbano, no Iraque, no Paquistão, enfim, é de crer que os cristãos andem a ser efectivamente caçados, de quando em vez, mas não por causa do Cristianismo em si e sim porque o Islão persegue, genericamente, tudo o que não seja muçulmano; e, nisso, é até relativamente mais tolerante para com o credo cristão do que para com todos os outros, ou não fosse o Cristianismo o seu irmão mais próximo, quando não o seu pai, uma vez que, segundo alguns, não é nada impossível que o Islão fosse, na origem, apenas uma seita cristã árabe... Encaro tal teoria com reservas, embora a semelhança entre ambos os tipos de fanatismo e procedimento seja notória.
Agora, que o padrão ideológico cristão tem muito de queixume anti-persecutório, lá isso tem.
4 Comments:
Efemérides/1 de março
1 de março:
1290 - A Universidade de Coimbra é criada por Dinis I de Portugal.
1565 - Estácio de Sá lança os fundamentos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
1896 - O físico francês Henri Becquerel descobre a radioatividade.
Nasceram neste dia…
1445 - Sandro Botticelli, pintor italiano (m. 1510).
1810 - Frédéric Chopin (na imagem), compositor e pianista franco-polaco (m. 1849).
1969 - Javier Bardem, ator espanhol.
Morreram neste dia…
1923 - Rui Barbosa, jurista, político, diplomata, escritor e filólogo brasileiro (n. 1849).
1938 - Gabriele d'Annunzio, poeta italiano (n. 1863).
1996 - Vergílio Ferreira, escritor português (n. 1916).
Uma vez, num seminário na Faculdade de Direito da Universidade Nova, um professor perguntou-me o que é que eu achava da teologia da libertação. Respondi-lhe: "Permita que lhe responda com uma pergunta: o que pensa o senhor da teologia da opressão?"
Percebe-se. Se a teologia não for teologia da libertação, não será urgente bani-la, excomungá-la? Mas ele referia-se, evidentemente, a um tipo de teologia que dá por esse nome e que quer trabalhar e pensar a partir e ao serviço dos mais pobres, passando, portanto, de um cristianismo "sacral" a um cristianismo "social", e à qual o então cardeal Ratzinger teceu fortes reservas.
Em 1972, foi o livro do teólogo G. Gutierrez, Teologia da Libertação, que acabou por consagrar o seu nome. Em 1983, Ratzinger enviou à Conferência Episcopal do Peru observações críticas sobre a teologia de Gutiérrez, acusando-o concretamente de utilizar um método de interpretação marxista, fazer uma leitura parcial dos textos bíblicos e pôr o acento na economia e na política, não acautelando suficientemente a realidade religiosa e transcendente do Reino de Deus. Os bispos do Peru foram chamados a Roma em 1985 e pressionados para que o condenassem. A condenação não aconteceu, pois, como conta o teólogo X. Pikaza, foram vários a dizer que não tinha sentido "obrigá-los" a condenar um irmão crente comprometido com os pobres.
O singular nesta história é o alemão Gerhard L. Müller, que foi catedrático de Teologia na Universidade de Munique, bispo de Ratisbona desde 2002 e que, em substituição do norte-americano William Levada, que abandona o cargo por motivos de idade, acaba de ser nomeado prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o organismo responsável pela vigilância da ortodoxia. Müller não esconde a sua amizade com Gutiérrez e, por isso, há quem chegue a pensar que esta nomeação é uma espécie de reparação de J. Ratzinger.
Müller escreveu: "A teologia da libertação está para mim unida ao rosto de Gustavo Gutierrez." Em 1988, participou num seminário dirigido por ele, e confessa: "Operou-se em mim uma viragem na reflexão académica sobre uma nova concepção teológica dirigida para a experiência com as pessoas para as quais tinha sido desenvolvida essa teologia."
que tens a dizer disto? http://www.timesofisrael.com/miss-israel-is-ethiopian-immigrant/
Mostra bem como a Esquerda anti-racista também lá está bem estacionada, tal como sucede no resto do mundo branco, particularmente na Europa Ocidental, onde já houve e há umas quantas misses negras desde há anos.
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