segunda-feira, março 04, 2013

ACORDO ORTOGRÁFICO PODIA TER SIDO TRAVADO POR MINISTRO DITO PATRIOTA (?)

Os ministros da Educação e dos Negócios Estrangeiros deviam ter desempenhado um papel mais interventivo contra o acordo ortográfico, defende o escritor Pedro Mexia. 
Em entrevista ao programa “Ensaio Geral” da Renascença, na Livraria Ferin, em Lisboa, o cronista, poeta e crítico literário mostra-se decepcionado com Nuno Crato e Paulo Portas e diz que “custa ver Angola mais sensata que Portugal num caso como o acordo ortográfico”.
Se esses dois ministros, em particular, se tivessem oposto, o acordo podia ter sido travado. Hoje em dia, parece-me difícil, mas não é razão para deixar de tentar”, sublinha.
Muito crítico quando às alterações na grafia, Pedro Mexia considera que os interesses dos editores e de “meia dúzia” de académicos falaram mais alto na questão do acordo ortográfico.
Muito pouca gente quis este acordo. Na verdade, quem quis este acordo foram duas classes profissionais portuguesas, em particular, que agiram num certo sentido, por interesse próprio: a classe dos editores, que maravilha ter que substituir os dicionários e os livros escolares todo, e meia dúzia de académicos que tiveram aquele sonho clássico do intelectual, que e legislar."   
Nesta entrevista ao programa “Ensaio Geral” da Renascença, o ex-director da Cinemateca defende que as artes, e o cinema em particular, têm de ser subsidiados.
Questionado sobre a asfixia que se vive no sector da sétima arte em Portugal, Pedro Mexia diz que são escassas as alternativas a um cinema sem subsídios.
"Eu não quero viver numa sociedade onde não há artes e, no caso do cinema, a escolha em Portugal é haver cinema com apoio estatal ou não", argumenta.(...)

Não sei até que ponto é que o cronista acima referido tem razão quando diz que os ministros Crato e Portas tinham poder para impedir o acordo ortográfico, mas não me admirava nada que fosse verdade. Mais uma vez, o alegadamente patriota Portas traía os mais legítimos interesses da identidade nacional.