quarta-feira, junho 20, 2012

A PENA MOLEXA - FRAGMENTO DA HERANÇA ÉTNICA DO EXTREMO OCIDENTE ATLÂNTICO


A Pena Molexa é um dos monumentos naturais mais singulares do Concelho de Narom e fica na freguesia de Santa Maria a Maior do Val, perto do assentamento castrejo de Vilasuso.

Conta a lenda que um poderoso feitiço converteu uma fada muito bela numa rocha. Na noite do solstício de Verão desfaz-se o encantamento e por uns segundos a rocha transforma-se de novo numa mulher, que sai e mostra um tesouro. A donzela tem de procurar um pretendente que a liberte de passar outro ano inteiro fechada na rocha. Mas como deve pôr à prova o jovem, para se assegurar do seu amor, a fada dá a escolher entre ela e o tesouro. O destino manda e o pretendente, ano após ano, escolhe o cofre. Nesse momento, o ouro esvai-se e ambos fundem-se na rocha. Ela terá de ficar mais um ano à espera de repetir a história.

Outra lenda conta que ao pé da Pena Molexa há outras rochas que são um rei e os seus guerreiros convertidos em penedos, também por um feitiço. Na noite do solstício de Verão, a noite do São João, transformam-se de novo em humanos, para lembrar as pessoas que sempre ficarão lá para guardar a terra. Essa noite o rei e os seus homens e mulheres percorrem e vigiam os montes, visitam e protegem as casas, além de cuidar os idosos, já que são eles que guardam as nossas antigas tradições. Ao finalizar a noite solsticial, convertem-se mais uma vez em pedra, de onde nos espreitam, ficando para todo o sempre connosco a proteger a Terra de Trasancos.

No folclore galego, o mouro constitui o protótipo de ser sobrenatural, uma autêntica raça mítica que reflecte valores e caracteres duma sociedade sobretudo rural.
Os mouros, no imaginário galego, moram en lugares onde os humanos não podem morar: abaixo da água ou da terra. Os castros, os dólmens, as covas e as profundezas das lagoas são espaços mágicos, mas principalmente são o lar dos seres sobrenaturais galegos que aparecem como os seus construtores e os seus moradores.
A Deusa Mãe continua a viver hoje na etnografia galega como A Moura. É um fóssil vivente que, na manhã do São João, ao alvorecer, nos faz o presente da sua presença, quando vem à procura dum generoso esposo merecedor de compartilhar com Ela o seu amor e os seus tesouros no Além.
Este é o caso da Pena Molexa no Val, um enorme megálito, de muitas toneladas de peso, acavalado de propósito e colocado em frente do lugar por onde sai a lua nova no ano chamado metónico.