OCASO DA SABEDORIA EUROPEIA HÁ MILÉNIO E MEIO - NO INÍCIO DO TOTALITARISMO CRISTÃO
Pintura renascentista (século XVI) -fresco de Rafael - «A escola de Atenas»; ao centro pode ver-se Aristóteles e Platão discutindo.
No dia 7 de Abril de 529, o imperador cristão Justiniano fechou a Academia como parte do seu combate contra o Paganismo. De tal modo foi este evento simbólico que muitos consideram tratar-se do fim da Antiguidade e do princípio da Idade Média, isto é, da época das trevas, trazida pelo Cristianismo.
E porquê?
Porque a Academia era o foco difusor duma das senão da principal corrente filosófica do pensamento clássico pagão: o Neoplatonismo, ou seja, a filosofia de Platão desenvolvida na Antiguidade tardia e enriquecida com o misticismo e o pensamento mágico da época.
O espaço da Academia foi ao mesmo tempo, desde a Idade do Bronze, um santuário dedicado a Atena, Deusa Bélica da Sabedoria e Protectora de Atenas. Este santuário estava talvez associado ao dos Gémeos Divinos, heróis-deuses conhecidos como Dióscuros (literalmente «Dios» + «Kouroi», isto é, «Os Rapazes de Zeus»), Castor e Pollux (celebrados em Roma no dia 8 de Abril), pois que o herói Akademos aí revelou aos Gémeos Divinos onde é que Teseu tinha escondido Helena. Devido ao respeito religioso que tinham pelo local, os Espartanos não destruíram o local quando invadiram essa região da Grécia (Ática).
Existia aí um bosque de oliveiras em honra da Deusa. Uma das cerimónias religiosas que tinha lugar neste santuário era a corrida de tochas nocturna; também se realizavam, neste «locus» consagrado, jogos funerários, bem como procissões dionisíacas. As ruas da Academia estavam alinhadas com os túmulos do Atenienses.
Os sucessores de Platão neste centro de sabedoria antiga foram Speusippus, Xenócrates, Polemon, Crates, Arcesilaus; Aristóteles foi também membro desta espécie de universidade, ao mesmo tempo em que formou a sua própria escola, o Liceu.
Após o encerramento da Academia, os seus membros procuraram protecção sob o reinado do rei persa Khosrau I, da dinastia dos Sassânidas, levando consigo vários papiros de Literatura e Filosofia, e, em menor quantidade, de Ciência. Fez-se um tratado de paz entre os impérios persa e bizantino, em 532, o qual garantiu a segurança pessoal dos refugiados da Academia, alguns os quais encontraram abrigo no baluarte pagão de Harran, perto de Edessa.
A moderna Academia em Atenas, reconstruída no século XIX e exibindo à frente duas colunas encimadas por estátuas de Atena, uma, e de Apolo, outra.
1 Comments:
Estou como a Fedra de Eurípides: Ai, Que desgraça feliz a minha! Ofereceram-me quatro jóias, que me desviam a atenção do trabalho. Uma delas é uma preciosidade única que me confronta com projectos da minha fase juvenil. Não sei que fazer, mas não resisti ao encanto da preciosidade. (Ainda acabo por escrever uma tragédia portuense!) É nestes momentos que respiro o divino: as coincidências não são coincidências. O que penso acaba por vir ao meu encontro e isso assusta-me um pouco. É como se estivesse ligada à vida pelo destino. Eis a palavra Destino revelada na tal preciosidade única, a jóia do pensamento. Eu desenvolvi-me a escrever contos, mas depois segui a via científica e filosófica, sendo obrigada a alterar o meu estilo de escrita. Mas lá no fundo continuo a ser uma poetisa trágica num mundo abandonado pelos Deuses. Hoje acordei com aquela sensação de que algo ia acontecer. Os sonhos da noite levaram-me à imensa biblioteca celestial onde devorei vários livros. Ora, quando isso acontece, os livros materiais chegam-me às mãos e, o que é delicioso, já lidos. Basta folhear para tomar posse total do seu conteúdo. Eis o meu destino trágico. Não sei se a decisão de imortalizar o Porto ou a minha terra natal (Ervedelo) me pertence. Para todos os efeitos, está tudo em conexão essencial.
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