quarta-feira, janeiro 18, 2012

CANDIDATA ELEITORAL FRANCESA QUER FERIADOS DAS OUTRAS RELIGIÕES ABRAÂMICAS...

Em França, a candidata presidencial pelos Verdes, Eva Joly, causou polémica ao sugerir, no seu primeiro discurso de campanha, que o país também deveria ter feriados nacionais muçulmanos e judaicos, nomeadamente o Eid-ul-Fitr e o Yom Kippur, respectivamente, a par dos cristãos.
Actualmente, seis dos doze feriados nacionais franceses são católicos, não tendo os outros significado religioso.
Joly, cidadã de dupla nacionalidade, franco-norueguesa, afirma que a igualdade religiosa é um valor chave da identidade francesa e culpa as políticas do presidente Nicolas Sarkozy por dividirem as comunidades religiosas.
Joly criticou também o ministro do Interior, Claude Guéant, bem como a líder da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen: «Quando oiço Claude Guéant, quando oiço Marine Le Pen, temo pela minha França, pela nossa França.»
A proposta dos feriados do Islão e do Judaísmo foi rejeitada pelos três principais partidos. O ministro da Educação Superior e militante do UMP (partido do poder, de Sarkozy), Laurent Wauqiez, declarou através do canal noticioso televisivo BFM que «os feriados nacionais franceses surgiram através da nossa história cristã. Não vamos apagar a nossa história.» Michael Sapin, director de campanha do candidato socialista presidencial François Hollande, comentou por seu turno que «o Estado enquanto respeita todas as religiões, não reconhece nenhuma» e que Joly deveria ter em mente «o grande princípio francês do secularismo».
Marine Le Pen, foi, como se esperaria, mais incisiva: acusou Joly de ser «francófoba»: «Tenho de me perguntar se Eva Joly vê alguma coisa de bom na França, no nosso Povo, nas nossas tradições, História e moral de vida (...) É impressionante vindo de uma candidata presidencial.»

Ora o que Joly propôs não será de todo impossível daqui a uns tempitos, de acordo com o editor de Religião da Reuters em Paris, Tom Heneghan: «Não estamos à espera que isto aconteça num futuro próximo, mas também não podemos dizer que está fora de hipótese. Foi, ao fim ao cabo, a comissão Stasi que originalmente propôs isto em 2003».
A comissão Stasi, criada pelo presidente Jacques Chirac em 2003, estava encarregada de zelar pelo laicismo francês. As suas conclusões levaram à proibição dos símbolos religiosos nas escolas e, eventualmente, a proibição do uso do véu total islâmico (burca) em público. Mas também recomendou que os feriados religiosos reflectissem a diversidade religiosa. O Estado deveria doravante cortar dois dos seis feriados cristãos e adicionar dois de outros credos.
 Joly já foi intérprete doutras manifestações de cunho ideológico marcadamente esquerdista, tais como a sugestão da substituição da marcha militar no Dia da Bastilha por uma marcha civil e a crítica das intervenções públicas de Sarkozy e de Le Pen quando ambos declararam Joana D'Arc como fonte de inspiração, uma vez que, segundo Joly, Joana D'Arc seria «sobretudo uma figura ultranacionalista».
Neste momento o apoio a Joly não vai além dos três ou quatro por cento do eleitorado e não é provável, de acordo com Heneghan, que os Judeus e os muçulmanos a favoreçam especialmente, uma vez que sabem não ter a candidata peso eleitoral suficiente para avançar muito.

Parcialmente dentro do espectro político, vale a pena anotar a intervenção da ex-actriz Brigitte Bardot, que escreveu a Joly uma carta acusando-a de «trair o movimento ambientalista ao promover uma França barbárica»: «Você envergonha a França, envergonha o movimento ambientalista cujos valores você ridiculariza ao mostrar desprezo pelos animais e pelos que os defendem.»


Que Joly tenha já chegado onde chegou, como referiu Marine Le Pen, constitui nada mais que uma pequena amostra do tecido ideológico de que é cada vez mais feita a elite reinante. E o ritmo actual da demografia muçulmana em solo francês ameaça vir a concretizar a sua proposta talvez mais cedo do que se possa pensar. Só uma tomada de posição fortemente anti-imigracionista por parte de algum governo francês o poderá impedir - caso contrário, é só uma questão de tempo até esta e outras sugestões das Jolys serem impostas à cada vez menor população indígena.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Uma questão Caturo.

Afirmas-te, pelo que já li, como um Nacional Democrata, correcto?

Como Democrata, defendes portanto que deverá ser o povo a nomear os seus representantes. Pondo a hipótese da maioria de um povo ser a favor da imigração (e isto é apenas no plano hipotético, não estou a discutir se pensam assim realmente ou não), como resolverias o aparente paradoxo da tua Democracia deixar de ser Nacional?

Na minha cabeça, apenas funcionaria colocando a parte Nacional acima da Democrata, isto é, o povo poderia decidir, sim, desde que isso não fosse contra a referência maior, o Nacionalismo Identitário. Seria portanto uma Democracia controlada mediante certas imposições - mas isso, na verdade, todas o são.

Saudações.

18 de janeiro de 2012 às 20:31:00 WET  
Blogger Titan said...

A França não é dos francos-norugueses, é sim dos franceses sem hífen.

18 de janeiro de 2012 às 20:41:00 WET  
Anonymous Godusn said...

Marine Le Pen não é perfeita! mas ela é a melhor entre os piores!

19 de janeiro de 2012 às 02:07:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Marine Le Pen não é perfeita! mas ela é a melhor entre os piores!

a menos pior vc quer dizer..

20 de janeiro de 2012 às 01:04:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

««Quando oiço Claude Guéant, quando oiço Marine Le Pen, temo pela minha França, pela nossa França.»»

joly estrangeira!!!!!!

22 de janeiro de 2012 às 23:10:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

««Quando oiço Claude Guéant, quando oiço Marine Le Pen, temo pela minha França, pela nossa França.»»

joly estrangeira!!!!!!

alogenos invasores dizendo que a frança invadida ja é deles..

23 de janeiro de 2012 às 00:52:00 WET  
Blogger Caturo said...

« Na minha cabeça, apenas funcionaria colocando a parte Nacional acima da Democrata, isto é, o povo poderia decidir, sim, desde que isso não fosse contra a referência maior, o Nacionalismo Identitário»

Está bem visto, o que dizes, pura e simplesmente porque uma maioria não tem direito de roubar a uma minoria os seus direitos fundamentais. Se vivo numa casa com os meus irmãos, eles não podem lá meter um amigo deles se eu o não quiser a partilhar o meu espaço, mesmo que todos os meus irmãos sejam a favor disso.

De qualquer modo, isso é discutível e aberto ao debate.

26 de janeiro de 2012 às 17:39:00 WET  

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