SOBRE UM CARDEAL ANTI-MAÇÓNICO, CONSERVADOR, ANTI-COMUNISTA E... INIMIGO DO NACIONALISMO

Fonte: http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=254588

(...) enquanto Cerejeira era de uma linha anti-maçónica, católica, integrista, Salazar, como político, teve de lidar com vários amigos influentes, como Bissaya Barreto, que eram maçons e que ele queria que entrassem, como entraram, para a União Nacional (...)

No 12º aniversário do 28 de Maio, em 1938, Carneiro Pacheco, o ministro da Educação Nacional de Salazar, organizou em Lisboa um desfile da recém-criada Mocidade Portuguesa. Como mandavam as regras, enviou um convite ao Cardeal Patriarca de então, Manuel Gonçalves Cerejeira. Dificilmente a carta que recebeu na volta do correio podia ser mais violenta.

O chefe da Igreja de Lisboa, e figura maior da Igreja portuguesa, não só lhe comunicou que não estaria presente, como o verberou por ter convidado para a cerimónia uma delegação da Juventude Hitleriana. Isso, escreveu Cerejeira, era "não só ofensivo e perigoso para a consciência católica portuguesa, mas também pouco digno da altivez nacional, sabido o inferior conceito que os alemães têm de nós, filhos (segundo eles) duma raça inferior e negróide".

Em 1938, numa altura em que o regime vivia uma fase dourada e, aqui ao lado, em Espanha, os alemães ainda combatiam ao lado das tropas de Franco contra a República, poucos portugueses teriam condições e coragem para escrever uma carta daquelas, e nenhum outro o poderia fazer sem correr o risco de ser preso. Mas Cerejeira era uma excepção. Não era apenas o "príncipe da Igreja portuguesa", era também o velho companheiro de Salazar, o amigo que conhecera em Coimbra no já longínquo ano de 1911, ambos atraídos pela militância católica.

Primeiro como estudantes, depois como professores, ambos vivendo, a partir de 1914, no Convento dos Grilos, Salazar e Cerejeira eram mais do que amigos e cúmplices: um no Estado, outro da Igreja, haviam conseguido tornar-se nas suas figuras dominantes. O que estava a acontecer em 1938, nove anos depois de Cerejeira se ter tornado Cardeal Patriarca e seis após Salazar se ter tornado, por fim, presidente do Conselho de Ministros, entre aqueles dois homens que tudo parecia unir?

"O choque entre Cerejeira e Carneiro Pacheco a propósito da criação da Mocidade Portuguesa correspondeu à maior crise que o Cardeal teve com o Estado Novo", considera Irene Flunser Pimentel, autora da biografia "Cardeal Cerejeira - O Príncipe da Igreja". Nada lhe agradava nesse projecto, pois "via no movimento algo de muito parecido com o nazismo" e combateu ferozmente a ideia de, para a constituir, se dissolver o escutismo católico. Mas o que o incomodou mesmo foi essa vinda a Portugal de elementos da Juventude Hitleriana. Na época a Mocidade Portuguesa era dirigida por Nobre Guedes, um germanófilo que depois ocuparia o lugar de embaixador em Berlim, pois Marcello Caetano, anglófilo, só lhe sucederia em 1940. E, sobre o regime nazi, Cerejeira nunca teve dúvidas: tratava-se de um totalitarismo pagão quase ao nível do totalitarismo comunista. De resto, nesse mesmo ano de 1938 faria um discurso ao clero do Patriarcado onde condenou o totalitarismo por querer absorver "toda a actividade do indivíduo" e se referiu, em particular, ao nazismo, acusando-o de reclamar para si próprio a condição de divino e de pretender substituir a "concepção cristã pela 'Weltanschauung racista'". (...)

Outra fonte: http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/4881/1/LS_S2_02_ManuelCFerreira.pdf

 

(...) Expressamente se lhe refere o Cardeal Cerejeira, quando ainda antes da última grande guerra afirmou que a Igreja não pode deixar de denunciar o erro racista porque este é a negação do dogma da redenção cristã, que se estende a todas as raças, as quais, obra de Deus, sem distinção, têm no sangue de Cristo igualmente a fonte da graça e da clemência. (...)

 

Portanto, a maior autoridade cristã do País no tempo de um regime «conservador», «de Direita», por alguns considerado como «fascista», condenava abertamente o pensamento racial. O cardeal Cerejeira entende assim perfeitamente a incompatibilidade entre o Cristianismo e o «Racismo», é aliás por isso que chama «pagão» ao regime Nacional-Socialista alemão, porque lhe reconhece uma feição não cristã. A maior autoridade cristã do País no tempo de um regime «conservador», «de Direita», por alguns considerado como «fascista», condenava abertamente o pensamento racial. E não era por ser algum «infiltrado maçónico», para usar uma expressão muito do agrado de certos nacionalistas pseudo-cristãos, ou pseudo-nacionalistas cristãos, que querem com isso fazer crer que a condenação católica de toda a tendência racialista se deve simplesmente a alguma alegada «influência maçónica». Na verdade, o cardeal Cerejeira é ferozmente anti-maçónico, anti-democrata, diz-se defensor da família e de tudo quanto é tradição...

 

Portanto, não se queira atribuir (só) à Maçonaria e à chamada «escola de Frankfurt» a origem da mentalidade politicamente correcta, universalista por natureza e apátrida por militância que caracteriza a elite político-sócio-cultural que controla o Ocidente - a raiz desse modo de pensar, sobretudo desse modo de sentir, dessa sensibilidade específica, está precisamente no Cristianismo, ou seja, precisamente no âmago daquilo que alguns consideram, deveras erradamente, constituir o cerne da tradição espiritual e religiosa europeia.

Salta à vista que o Cristianismo é, na verdade, incompatível com o Nacionalismo, nomeadamente o europeu, não só devido ao espírito eminentemente universalista e anti-fronteiras do Cristianismo, mas também porque, como foi declarado pelo papa Pio XII em 1942, os cristãos são «todos espiritualmente semitas». Ora um nacionalista europeu é um defensor de nação europeia, portanto, na esmagadora maioria dos casos, de nações de língua e raiz étnica indo-europeia, cujos ancestrais foram obrigados, pela intimidação e pela força, a abandonar os seus próprios Deuses, para se prostrarem diante de um Judeu Morto. Não pode pois considerar-se «espiritualmente semita», isso constitui contradição insanável e por demais gritante.

 

Começa aí, na verdade, a longa caminhada para a descaracterização étnica da Europa. Isto porque, como já foi aqui explicado, todo o Povo natural é composto de sangue, língua, tradições e religião, e por isso mesmo toda a religião é na sua origem uma religião étnica, consistindo portanto no culto a Deuses Nacionais. Quando determinado Povo perde a sua religião nacional, é porque está a caminho da diluição.

Assim, quando se fala na verdadeira essência da Europa, é pois inútil estar a recordar as grandes vitórias político-militares da Cristandade europeia contra os seus oponentes históricos (e presentes) - na verdade, o veneno do universalismo e da descaracterização étnica já estava inoculado nas veias da Europa, vindo mais tarde a originar os internacionalismos militantes, as escolas de Frankfurt, os comunismos universalistas e, obviamente, a actual ideologia anti-racista da elite dominante nos meios políticos e sobretudo culturais do Ocidente, que é uma autêntica «religião», à qual se pode chamar «Santa Madre Igreja Anti-Racista e Multiculturalista dos Últimos Dias do Ocidente», ou SMIARMUDO, como diz o camarada Anti-ex-ariano, «igreja» esta que, na moral e até nos tiques e procedimentos, indica bem a sua proveniência quase directa - a Cristandade: o mesmo universalismo militante, a mesma intolerância, a mesma tendência, até mandamento, para alimentar do complexo de culpa colectivo diante do Outro, a mesma natureza que manda dar a outra face ao agressor alógeno, o mesmo sentimentalismo rancoroso contra tudo o que é orgulhoso e Nós. Não é por acaso que um destacado dirigente do partido extremo-esquerdista Bloco de Esquerda (BE), Miguel Portas, que por acaso foi muito católico, diz, a respeito da imigração, «oiçam os bispos». Não é também por acaso que a Igreja está de pedra e cal na primeira linha do combate político e social a favor da imigração em massa, não é igualmente por acaso que em vários países a Igreja volta a tomar abertamente partido contra as forças políticas «racistas», como fez recentemente em Inglaterra, onde a própria Igreja «nacional», a Igreja de Inglaterra, proibiu a existência de clérigos anglicanos que sejam militantes do Partido Nacional Britânico (BNP), tido como «racista». Note-se, por exemplo, na linha dupla de argumentação de Cerejeira contra a doutrina racial do Nacional-Socialismo, é exactamente, mas ipsis verbis, a mesma que a dos actuais anti-racistas tugas, mas completamente, ponto a ponto: por um lado, dissemina a falsidade, muito propagada, de que os Alemães NS consideravam os Portugueses como «negróides», atoarda já desmentida por factos conhecidos; por outro, vai abertamente ao que quer declarando a incompatibilidade da doutrina racial com a crença universalista do amor sem fronteiras de raça, comum à Cristandade e à Esquerda internacionalista.

 

E isto em Portugal. Na Itália fascista outro tanto se verificou, como já aqui foi referido mas não é de mais repetir - apesar de lá, tal como cá, a Igreja parecer perfeitamente solidária com o regime extremo-direitista, em nome da defesa da «tradição» e da luta anti-comunista, a verdade é que, em termos de política racial, a Igreja desafiava abertamente o ideário racial fascista e nacional-socialista, como pôde ser lido aqui:

http://gladio.blogspot.com/2011/05/o-papel-historicamente-miscigenador-da.html

Saiba-se pois qual é o verdadeiro inimigo da identidade europeia e, consequentemente, do Nacionalismo: a doutrina que mandou deitar abaixo os altares dos Deuses Nacionais e fazer ajoelhar os Europeus diante de um altar em honra de um oriental universalista.

O Nacionalismo verdadeiramente integral inclui pois, em lugar de destaque, a restauração do culto aos verdadeiros Deuses da Estirpe, os da Europa autêntica, que é pagã.