SOBRE CAXEMIRA, ONDE O ISLÃO EM TEMPOS ASSENTOU ARRAIAIS...

Imagem de culto em templo de Srinagar, Caxemira

Em Caxemira, região pertencente à Índia, a maioria da população é desde há séculos muçulmana, graças às razias aí efectuadas pela hoste de Mafoma... razias essas que nunca cessaram por completo, assumindo diferentes formas ao longo dos tempos: ainda há duas décadas, por exemplo, deu-se um recrudescer do movimento separatista muçulmano - porque os muçulmanos querem sacar Caxemira à Índia e torná-la, ou um Estado islâmico independente, ou juntá-la ao Paquistão, outro Estado islâmico - e desde há duas décadas, mais de quatrocentos mil hindus fugiram da zona. Muita gente foi chacinada e as suas propriedades e templos foram destruídos ou vendidos. Hoje não viverão lá mais de quatro mil hindus.

Todavia, nos últimos dois anos, os hindus que teimaram em ficar mostram resistência - e puseram-se a restaurar templos, santuários e outros sítios de carácter religioso hindu. Um dos resistentes, o presidente da organização não governamental (ONG) Kashmiri Pandit Sangarsh Samiti, de apelido Tickoo, afirma que dúzias de locais destes foram já reactivados: «depois do êxodo em massa dos pânditas [sábios do Hinduísmo, espécie de druidas indianos], cerca de noventa e oito por cento dos templos ficaram abandonados. Apenas vinte e três templos permaneceram em uso constante. Estamos a fazê-lo para melhorar a sociedade de Caxemira. Mas quando dizemos que temos cinco mil anos de história em Caxemira... a história pertence-me apenas por causa da minha presença no vale. A minha identidade está directamente ligada aos templos. Se eles desaparecerem, não posso reclamar ter cinco mil anos de história neste vale.»

As autoridades federais dizem esforçar-se para fazer com que os hindus em fuga retornem a Caxemira, nomeadamente através da criação de empregos e projectos de habitação, mas, dado o alto nível de violência islamista na zona, muitos hindus receiam o retorno.

«As tensões sempre existiram entre as duas comunidades. Os pânditas eram usados como a classe administrativa e tinham mais instrução», segundo conta o Dr. Siddiq Wahid, activista e antigo vice-chanceler da Universidade Islâmica de Ciência e Tecnologia de Caxemira.

Nalguns locais, há até muçulmanos que parecem cooperar na defesa de templos hindus.

Independentemente disso, os vinte e três templos ainda activos desde 1989, quando irrompeu uma nova vaga de militância islâmica contra os hindus, estes templos estão activos porque têm a viver, no seu interior, unidades paramilitares, por trás de arame farpado.

O número de hindus continua no entanto a diminuir. «Os jovens que têm instrução querem empregos em Deli e noutros locais», segundo informa um dos motivos citados por um líder local hindu que diz estar tudo a correr melhor nas relações entre muçulmanos e hindus...

Um dos sacerdotes hindus de Crixna locais, conta que um templo que agora está a restaurar, foi em tempos vandalizado por indivíduos que tentaram destruir a pedra lingam (fálica) que representa Xiva. Segundo o sacerdotes, «eles usaram um machado, mas este partiu-se. Cinco dias depois quem o usou morreu.»

Alguns muçulmanos em posição de chefia local admitem a culpa da sua comunidade, uma vez que há vinte anos as mesquitas e os jornais disseminavam mensagens a mandar embora os hindus.