PADRE PORTUGUÊS ACUSA EXTREMA-DIREITA ITALIANA DE SER CULPADA DO PROBLEMA DE LAMPEDUSA

Há partidos xenófobos na política italiana que estão a impedir a ajuda humanitária aos cerca de 20 mil imigrantes ilegais do norte de África que nos últimos três meses chegaram à ilha de Lampedusa, diz o padre Rui Pedro. O sacerdote é conselheiro-geral dos Missionários Scalabrinianos, que debatem hoje na Amora as respostas da igreja às questões da imigração.

A situação em Lampedusa, onde têm desembarcado multidões de imigrantes do Norte de África é drástica, muito por culpa de uma direita xenófoba, explica o padre.

“Neste governo estão partidos, incluindo um que é dos mais xenófobos da Itália, que por ideologia e pela sua visão da sociedade, para manter a coligação têm obrigado a cedências que nem sempre vão numa linha de integração. São mais razões políticas que impedem o acolhimento e a integração que a Igreja exige, mais aberta, mais humanitária e mais fraterna.”

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Repare-se no teor da mensagem... a culpa não é exclusivamente da situação explosiva no norte de África que leva milhares a fugirem para a Europa (ou, em muitos casos, a aproveitarem a deixa para que a Europa os deixe entrar), a culpa é, «em grande parte», dos europeus que têm o «atrevimento» de não abrir as portas de sua casa a gente estranha... tão obscena culpabilização do Europeu e tão ostensiva convicção ideológica imigracionista só poderia derivar de um universalismo fervoroso, criação do Cristianismo e raiz do anti-racismo militante, o qual adquire actualmente foros de religião de Estado:

 -  tem o seu «deus» - o Amado Outro, seja ele negro, muçulmano, etc., que é também o seu «mártir» por excelência (tal como sucede no Cristianismo, em que uma das três pessoas do Deus é também o maior dos mártires, Jesus),

 -  tem os seus dogmas morais - o amor ao Outro como obrigação moral, a crença na culpa colectiva do Nós-Ocidente-Branco, que fez mal ao Amado Outro e por isso é na rendição ao Amado Outro que o Nós-Ocidente-Branco expia a sua culpa (de modo relativamente similar ao que acontece no Cristianismo, pois que o cristão sente-se culpado diante do martírio de Jesus, o qual teria morrido pelos «nossos pecados», daí que o cristão diga «fomos nós que O matámos»), daí a quase mística popularidade, no seio da elite, do mulato que manda nos EUA, daí também a constante desculpabilização, explícira ou implícita, do criminoso negro no Ocidente,

 - tem o seu clero - os SOSRacismos e afins, tudo maralhal sustentado pelo Estado, como se o cidadão estivesse à partida obrigado a concordar com o anti-racismo,

 - tem também  a sua inquisição - os militantes dos SOSRacismos e quejandos que estão sempre alerta, prontos para denunciar quem cometa ou pareça ter cometido o pecado capital, que é o «racismo!!!!!!!»

Assim, uma religião deu origem a outra, mesmo que esta última seja laica...

Não é contudo por isso que a primeira, a mais velhinha, deixa de se mostrar quase tão aguerrida como a sua descendente moral - tal é a frequência com que a Igreja Católica Apostólica Romana se empenha pública e oficialmente na causa da imigração em massa pela Europa adentro, tal é o empenho e militância, que o seu papel é agora perfeitamente similar ao das organizações anti-racistas impostas ao contribuinte. Antirras profissionais e ICAR estão no mesmo patamar em termos  de actuação ideológica pública. Não admira que uma das figuras da extrema-esquerda tuga, Miguel Portas, do BE, diga, a respeito da imigração, «oiçam os bispos». E dirige essa mensagem em particular às forças da Direita, tradicionalmente católicas ou cristãs, sabendo Portas que com isso as atinge na sua consciência contraditória e frágil...

Contraditória e frágil porquê?

Ora bem - por definição, a Direita defende o que é tradicional, a herança ancestral. E, uma vez que o Cristianismo, credo de origem estranha à Europa, se conseguiu infiltrar e impor em todo o Ocidente, substituindo as antigas religiões pagãs como cimento religioso da sociedade, passou, no dealbar da Idade Média, a ser considerado como parte integral da «Tradição Europeia».
Uma vez nessa tão graciosa como ilegítima posição, inoculou, nas veias do Ocidente, mas afectando sobretudo os níveis culturais mais elevados (porque mais influenciados pela cultura dominante, de sentido moral cristão), inoculou nas veias do Ocidente, dizia, o veneno do universlalismo militante, que ao longo dos séculos acabou por surtir efeito. Por isso, na actualidade, numerosos defensores da Tradição estão enredados na armadilha ideológica que começou a nascer quando os «anti-racistas» e «anti-fascistas» da Antiguidade lograram deitar abaixo os altares dos antigos Deuses Ocidentais e substituí-los pelo culto a um judeu que professou uma mensagem universalista e morreu na Palestina por ter confrontado os «nacionalistas» da sua terra. Assim, quando o ingénuo de Direita, católico por tradição, ergue a bandeira e enche o peito, por vezes grandiloquentemente, na defesa da sua cultura, contradiz-se visceralmente na medida em que a religião que defende por tradição é ela própria incompatível com a exclusão do Amado Outro que é necessária quando se luta pelo Nós. A própria religião, um dos pilares da cultura - senão o grande pilar da cultura, qualquer cultura, embora no Ocidente o caso seja mais complexo do que isso - vira-se contra o esforço de quem contava com ela para santificar a sua civilização.

Felizmente que esta mesma religião está a morrer no Ocidente, pelo menos em terras da Europa. A Igreja tem andado a perder, por vontade dos povos, as lutas em que se mete: a posição anti-aborto, a posição anti-preservativo, a posição anti-casamento-homossexual, a posição anti-eutanásia, a posição dos crucifixos na sala de aula, enfim, são praticamente todas a eito. E mais recentemente até se mete declaradamente na luta pró-imigração e mesmo assim os partidos nacionalistas anti-imigração ganham votos.

Agora imaginem, caros camaradas, que a Igreja ainda tinha hoje a força de há trinta ou quarenta anos, e que as populações ainda acorriam às igrejas em larga escala, imaginem o efeito que isso não teria nas votações... livra, vade retro Ieshua ben Iosef...