quarta-feira, outubro 20, 2010

SOBRE LONGROIVA

Estátua-Menir de Longroiva

O topónimo - Longroiva - como afirma o Dr. Jorge de Lima Saraiva, na sua obra "O Concelho da Meda", diz-nos que se trata de uma povoação de origem céltica. Nesta freguesia foram encontrados vestígios da presença humana desde os tempos do megalitismo até ao período do império romano. Aqui estiveram os árabes, que arrazaram tudo, excepto a torre de menagem do castelo, até que D. Fernando Magno, no século XI, a veio reconquistar.
O Vale da Veiga de Longroiva, junto da ribeira dos Piscos, a uma altitude de 300 m, constitui - segundo o prof. Dr. Adriano Vasco Rodrigues, uma excelente zona de pasto. Esta planura ocupa o extenso "graben" que ali se formou. Durante mais de dois milénios aquele espaço foi destinado essencialmente ao pastoreio, mantendo um extenso baldio junto da ribeira. A partir de meados do século XIX tornou-se uma zona rica de vinhedos e de olivais, após a arrematação ou a ocupação abusiva dos baldios por parte de alguns senhorios. Quase no extremo norte do vale mantém-se ainda um testemunho do aproveitamento agro-pecuário, que a Ordem de Cristo aqui fez, conservado no nome da "Quinta do Chão de Ordem". Os núcleos populacionais, anexos de Longroiva, nascidos de antigas vilas agrícolas romanas, ou de herdades medievais sob a protecção dos Templários, são as Quintãs, a Quinta da Relva, a Quinta da Cornalheira e a dos Gamoais. A Quinta dos Areais teve remota origem na exploração das minas de chumbo, que se encontram nas imediações e eram já conhecidas na antiguidade, devendo-se aos romanos o seu maior aproveitamento.
Em 1145, 21 anos depois da data em que D. Teresa outorgou o 1º foral de Longroiva, esta povoação era doada aos Templários, por D.Fernão Mendes de Bragança, rico-homem, conde e cunhado de D. Afonso Henriques. Foi donatário o templário D. Hugo de Martónio.
A situação de Longroiva tinha então, nas contingências da Reconquista - diz-nos o aludido historiador Doutor Adriano Vasco Rodrigues - uma excelente posição estratégica. Durante um período transitório, devido ao avanço da Reconquista do Norte para Sul, teve Longroiva uma grande importância militar e foi uma base principal para os cavaleiros da Ordem do Templo. As vicissitudes por que passou a Ordem dos Templários levaram a que, no reinado de D. Dinis, esta Ordem fosse extinta e os seus bens passassem, em Portugal, para a recém-criada Ordem de Cristo.
(...)
Há três coisas em Longroiva
que bem empregadas são:
são os sinos e as águas
e a Senhora do Torrão.
(...)

A ESTÁTUA – MENIR DE LONGROIVA
O equipamento representado na Estátua-Menir de Longroiva (Portugal) e o do Homem do Gelo (Ossi, ou Similaun), encontrado nas montanhas do Tirol, em 1991, comprovam a extensão da unidade cultural da Idade do Bronze na Europa.
Foi em Abril de 1964 que localizei um dos mais importantes documentos pré-históricos deste concelho e do distrito da Guarda: a Estátua-Menir de Longroiva. Ajudou-me uma informação dada pelo meu amigo e agricultor Sr. Arménio Tairum, que vira desenterrar meses antes, uma enorme pedra com riscos, nos trabalhos de abertura de uma vinha, na Quinta da Veiga, no sítio do Cruzeiro Velho, próxima da antiga via romana e a curta distância da Ribeira dos Piscos. Aquele local do Cruzeiro Velho fazia parte, até à década de 1930, de um caminho vicinal público, integrado abusivamente pelo Senhor Aires Botelho na sua Quinta da Veiga. A Junta de Freguesia de Longroiva nunca reivindicou o direito ao terreno. Historicamente, a Estátua-Menir pertenceria à Freguesia e não a um proprietário privado.
Naquele monólito de granito, com 2,40m, está representado a inscultura de um guerreiro ou preferivelmente caçador, da Idade do Bronze, acompanhado das suas armas, que são uma alabarda com um longo cabo, provavelmente de madeira, um punhal ou espada curta triangular, um arco e uma foicinha. A figura do caçador está profundamente estilizada assemelhando-se pela técnica do gravado às insculturas das chamadas deusas-mães eneolíticas e das estátuas menhires francesas da região de Aveyron, enquadradas na Primeira Idade do Bronze. O tamanho dos desenhos da estátua de Longroiva parecem corresponder à cópia do natural.
A face do caçador está ornamentada com uma máscara funerária. Em torno do pescoço, a linha curva, deve identificar-se com uma lúnula. Essas lúnulas de bronze ou de ouro, são vulgarmente representadas nestes monumentos.
A analogia da estátua-menhir de Longroiva com as de Aveyron, em França, permite formular a hipótese de, nas suas raízes, os Lusitanos terem recebido influências das primeiras migrações dos pastores proto-indo-europeus, que se deslocaram para Ocidente, evoluíndo com aculturações ao longo da Idade do Ferro. Esta minha hipótese encontrou posteriormente o apoio de alguns arqueólogos que, com base na linguística, entre eles António Tovar, defendem uma origem peninsular dos Lusitanos a partir da Idade do Bronze, recusando a tese migratória (vid. Os Lusitanos, do autor).
Nota interessante, é o facto de as estátuas de Aveyron se localizarem na região da Oxitânia e a de Longroiva na Lusitânia, ambas com raízes linguísticas com muitas analogias...
Na vizinha Espanha, em torno as Serra da Gata, foram encontradas estátuas deste período.
(...)
Curiosamente o homem representado neste monumento assemelha-se com o seu equipamento ao Homem do Gelo, encontrado em Setembro de 1991, nas montanhas do Tirol, inicialmente conhecido por Homem de Similaun mas após a disputa entre a Itália e a Suíça pela posse do congelado, designado por Ossi.
Teria 46 anos. Salvo a diferença de vestuário adaptado ao frio, todo o equipamento que usava era semelhante ao do homem representado no monólito de Longroiva. Até nas dimensões. O do Tirol vestia uma túnica e calçava sapatos feitos de erva, revestindo os pés com feno. Levava um machado, ou aljava triangular, um arco, um saco para as setas, um punhal. A aljava media 80 cm; o arco, 1,80m; e as catorze flechas de madeira, 85cm, com as pontas em sílex. Num saquinho estava a merenda: sementes e ameixas frescas, o que faz concluir que decorria o mês de Setembro, quando foi surpreendido pela tempestade de neve que o matou. No corpo tinha tatuagens. Após ter sido autopsiado, os médicos verificaram que sofria de reumatismo e artrismo e recebia tratamento de apuncultura. As tatuagens nas costas e nos quadris indicavam os pontos onde as agulhas eram introduzidas. Assim, quando ele se deslocava para regiões distantes, as tatuagens funcionavam como cartas de médico para médico, indicando os pontos mestres contra a artrite reumática.
A inscultura de Longroiva representa simbolicamente o arco, dando-lhe menores dimensões.
Comparativamente trata-se da mesma civilização da Idade do Bronze, abrangendo desde o Centro da Europa ao Ocidente Peninsular, há 5000 anos.
A estátua menir de Longroiva pode representar um caçador da Idade do Bronze, que actuasse não só naquele Vale mas também na Bacia do Coa, pois foi localizada perto da Ribeira dos Piscos, afluente daquele rio. A sua capacidade cinegética poderia tê-lo transformado num líder, merecendo o culto dos heróis, testemunhado pelo monumento. Simultaneamente a actividade do caçador ligava-se também à do guerreiro.
Recentemente, em 2001, foram anunciadas na Imprensa as descobertas de mais duas estátuas deste tipo, no distrito da Guarda. A primeira encontrada no mês de Maio, perto do Cabeço das Fráguas entre as povoações de Demoura e Aldeia de Santa Madalena, no concelho da Guarda. Esculpiram uma figura humana num bloco granítico cilindro, com 102cm de altura por 42 de largura. O rosto da figura representa uma face humana encimada por cabelo, distinguindo-se os olhos, o nariz e a boca. A face oval é contornada por quatro sulcos, que me sugerem uma lúnula, ou, como pretende o Arqueólogo Ramos Osório, um colar. A datação atribuída oscila entre a segunda metade do V milénio e os inícios do IV milénio, antes de Cristo.
Em Julho do mesmo ano o jornal Ecos da Marofa noticiava a descoberta na Quinta dos Marcelinos, a 2 quilómetros de Figueira de Castelo Rodrigo, de um menir da Idade do Bronze, com cerca de quatro mil anos, segundo a arqueóloga Raquel Vilaça. Mede 3 metros de altura, com uma largura entre os 60 e 70 cm. Tem representada, além da figura humana, uma espada e uma alabarda de lâmina triangular, característica da época. Todas estas descobertas completam o estudo sobre a Idade do Bronze que fiz no distrito da Guarda há cerca de quarenta anos e comprovaram o desenvolvimento de uma cultura que culmina com o Bronze Atlântico. O cobre e o estanho existem próximos, entre a Guarda e o Sabugal, sendo dali exportados para Huelva, como me foi possível comprovar através das vias que então estudei e de que dei notícia. (vid. os trabalhos do Autor, Arqueologia da Península Hispânica, Idade do Bronze e Enciclopédia Verbo, IV Vol. Bronze).
(Para ler o artigo na íntegra, clicar aqui.)

29 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Que se passa com o site do PNR?
tem que estar online, é um dos motores essenciais para a mensagem nacionalista.

21 de outubro de 2010 às 19:29:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Caturo, vi lá no Stormfornt a tua discussão com os espanhóis e reparei num comentário de um espanhol que dizia que Os Lusíadas são uma obra inferior à La Araucana...
Ora, eu como não tenho lá conta mas como é óbvio não gosto que rebaixem o nosso pais e os grandes homens que fazem parte da sua história deixo aqui um link onde são os próprios críticos literários espanhóis que assumem que Os Lusíadas é uma obra superior à La Araucana: http://books.google.pt/books?id=Ms7r9qiUsOYC&pg=PA70&lpg=PA70&dq=lusiadas+araucana+lampillas&source=bl&ots=afTS1s5WcL&sig=0z5uFhNV9mkHYGQxj4xdu5gRnlA&hl=pt-PT&ei=5J_ATI35GZCRjAem9oWSCg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBYQ6AEwAA#v=onepage&q=lusiadas%20araucana%20lampillas&f=false

Potanto, como eu disse não tenho lá conta, mas se quiseres podes tu confrontar o user espanhol com o texto desse link.


No entanto abusaste completamente ao dizeres que Camões era superior a Cervantes...

21 de outubro de 2010 às 21:32:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Inferior não será...

21 de outubro de 2010 às 21:34:00 WEST  
Blogger Caturo said...

De qualquer modo, obrigado pelo link.

21 de outubro de 2010 às 21:35:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Inferior não será..."

Simplesmente não podemos comparar a influência de D.Quixote com a d'Os Lusíadas...

Contudo, mesmo que Camões não esteja ao nível de Cervantes, como poeta julgo que não há outro que se lhe compare aqui na Ibéria.

21 de outubro de 2010 às 21:55:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Mas é uma questão de influência ou de qualidade? Naturalmente que Portugal não tem a influência mundial que tem a Espanha. Agora, quanto ao génio revelado, em que é que Cervantes supera Camões?

21 de outubro de 2010 às 22:04:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/10/21/arabia-saudita-construira-predio-mais-alto-do-mundo-diz-jornal-922838639.asp

nova dubai falida

21 de outubro de 2010 às 22:55:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/10/21/coreia-do-norte-pode-estar-preparando-teste-nuclear-diz-jornal-922836755.asp

21 de outubro de 2010 às 22:56:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Não tenho a menor dúvida de que um ataque dos EUA e de Israel contra o Irã se transformaria inevitavelmente em um conflito nuclear global

é mais facil o irã atacar israel primeiro..

21 de outubro de 2010 às 22:57:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Que se passa com o site do PNR?
tem que estar online, é um dos motores essenciais para a mensagem nacionalista.

adoro esse site, ta fora do ar?

21 de outubro de 2010 às 23:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Mas é uma questão de influência ou de qualidade? Naturalmente que Portugal não tem a influência mundial que tem a Espanha. Agora, quanto ao génio revelado, em que é que Cervantes supera Camões?

nos séculos xv/xvi/xvii tinha..lol

21 de outubro de 2010 às 23:02:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O do Tirol

otzi?

22 de outubro de 2010 às 00:38:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

os amantes do ciscu decidiram invadir o blog

isso se não for o proprio com varios trolls

betola, ciscu, beato e cia se merecem

todos ja cernificados e alienados com as varias versões da lobotomia alien

22 de outubro de 2010 às 00:39:00 WEST  
Anonymous Anti-ex-ariano said...

«Que se passa com o site do PNR?
tem que estar online, é um dos motores essenciais para a mensagem nacionalista.»

O site do PNR está em manutenção.

22 de outubro de 2010 às 11:40:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Mas é uma questão de influência ou de qualidade? Naturalmente que Portugal não tem a influência mundial que tem a Espanha. Agora, quanto ao génio revelado, em que é que Cervantes supera Camões?"


D.Quixote é considerada a primeira novela moderna e é isso que o torna superior. Enquanto que D.Quixote representa uma inovação, algo único nunca antes criado, sem precedentes, Os Lusíadas não.
E a influência dela não se deve primeiramente ao facto do seu país de origem (Espanha) ter mais peso no mundo que Portugal, embora se Camões fosse espanhol é natural que fosse um pouco mais conhecido e divulgado do que é, e se Cervantes fosse português talvez fosse um pouco menos conhecido, mas nada de significativo, pois se uma obra é suficientemente grande ela ultrapassa todas as barreiras, incluíndo a pequenez ou pouca influência do país de origem. Por exemplo, não é por Vasco da Gama ser português que isso fez com que o seu nome fosse olvidado, não, pois hoje Vasco da Gama é amplamente conhecido e ao seu grande feito é dado todo o reconhecimento que merece.

22 de outubro de 2010 às 13:04:00 WEST  
Blogger Caturo said...

O caso do Vasco da Gama é diferente - o seu feito foi de carácter objectivo, material, por assim dizer. O feito literário tem outra natureza, subjectiva. Criar um novo telemóvel, inovador e muito mais pequeno (incrustado numa lente de contacto, por exemplo... sabe-se lá...), seria como feito mais directamente influente e incontornável do que escrever uma nova obra prima da literatura.


Agora, esta parte:

«D.Quixote é considerada a primeira novela moderna e é isso que o torna superior.»

Mas a novela moderna é, literariamente, superior ao épico antigo?

22 de outubro de 2010 às 18:13:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Mas a novela moderna é, literariamente, superior ao épico antigo?

22 de Outubro de 2010 18h13min00s WEST

pois, muito pelo contrario..é a bastardização da literatura ocidental original..

22 de outubro de 2010 às 18:43:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"O caso do Vasco da Gama é diferente - o seu feito foi de carácter objectivo, material, por assim dizer."


Sim é verdade, mas intoduzir uma inovação a algo que até então tinha sido feito de uma mesma maneira é também algo de carácter objectivo, seja em que campo for, independentemente de ser uma inovação material ou imaterial.






"Mas a novela moderna é, literariamente, superior ao épico antigo?"


Eu não quis dizer que um género literário é melhor do que outro, o que eu quis dizer foi que enquanto D.Quixote representa uma inovação, Os Lusíadas são "mais do mesmo" e por isso enquanto que a primeira obra representa um avanço na Literatura, Os Lusídas são "apenas" "mais um" poema épico que não constitui nenhum avanço significativo na Arte da Escrita.

22 de outubro de 2010 às 19:10:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Dirias que «D. Quixote» é superior à «Odisseia» ou à «Eneida», que era, no contexto, «mais do mesmo»?

22 de outubro de 2010 às 19:15:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Dirias que «D. Quixote» é superior à «Odisseia» ou à «Eneida», que era, no contexto, «mais do mesmo»?



Também não é só por uma obra ser inovadora que ela é automaticamente superior a outra que não o seja. É todo um conjunto de factores que determinam isso. E aqui volto à questão da influência: se uma obra teve um impacto avassalador no mundo e outra não teve tanto é porque a primeira será superior à última. Sei que achas que os países têm o poder de dar ou retirar a futura influência que uma obra possa vir a ter devido à sua maior ou menor relevância no mundo, como eu já expliquei não concordo pois como disse acho que se uma obra é suficientemente grande ela acaba por ultrapassar todas as barreiras , e dou outros exemplos: Milton escreveu um grande poema épico (há quem diga que melhor que Os Lusíadas) e o facto de ele ser inglês não fez com que ele se tornasse sobejamente conhecido. Também para além de Cervantes não houve nehum outro escritor espanhol que tenha tido um impacto comparável ao dele no mundo (aliás, acho que estão todos até atrás de Camões) e nem a influência que Espanha teve e tem no mundo é capaz de fazer com que eles se tornem influentes. Ás vezes até se ouve dizer que “o fulano tal só não é reconhecido porque nasceu em Portugal” e aí só me apetece dizer: “não, Portual não tem culpa nenhuma, se fulano tal não é reconhecido é porque não é suficientemente bom”. Voltando à questão da influência, provavelmente dirás que isso da influência é subjectivo mas então, quem neste mundo pode dizer objectivamente se uma obra é superior a outra obra? São os críticos? Bem, se forem os críticos então eles consideram unanimemente que D Quixote de La mancha é mais relevante que Os Lusíadas... São os escritores? Bem, ao que parece D.quixote influênciou muito mais os escritores do que Os Lusíadas e portanto eles dirão com certeza que D.quixote é superior.. São os leigos? Bem, a maioria dos leigos (com a excepção dos nacionalistas portugueses :)) provavelmente gostará mais de ler D.Quixote que Os Lusíadas e portanto dirão que D.Quixote é melhor. Ou seja, se a influência que uma obra tem não determina o seu valor devido ao facto dessa influência ser um critério subjectivo, então como esse valor pode ser determminado?

Respondendo à tua pergunta, a Odisseia podia ser "mais do mesmo", mas pela sua beleza dos seus versos, pela complexidade do seu enredo e pela narração maravilhosa não a considero inferior a D.Quixote, já a Eneida talvez sim e nem acho até Os Lusíadas sejam inferiores à Eneida... Embora ela seja muito mais influente que Os Lusíadas...

22 de outubro de 2010 às 23:39:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Aí entra-se de facto no campo da subjectividade (já agora, não posso apreciar na totalidade a beleza dos versos da Eneida, da Iliada e da Odisseia como aprecio a dos versos dos Lusíadas, porque não leio nem Grego antigo nem Latim... e quantos críticos o fazem, e quantos sabem Português?).

Mas ainda a propósito disto

«É todo um conjunto de factores que determinam isso.»

Sim, mas a influência do País é um desses factores. Naturalmente que não chega para tudo, nem garante tudo, mas talvez o Gulliver fosse menos conhecido mundialmente, seguramente tão pouco conhecido como o nosso «João Sem Medo», se tivesse sido escrito por um português e não por um autor que, mesmo não sendo inglês (e sim irlandês), está integrado na esfera literária anglo-saxónica.

23 de outubro de 2010 às 00:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Respondendo à tua pergunta, a Odisseia podia ser "mais do mesmo", mas pela sua beleza dos seus versos, pela complexidade do seu enredo e pela narração maravilhosa não a considero inferior a D.Quixote

os argonautas foram os caras

viva ulisses

23 de outubro de 2010 às 02:35:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Aí entra-se de facto no campo da subjectividade (já agora, não posso apreciar na totalidade a beleza dos versos da Eneida, da Iliada e da Odisseia como aprecio a dos versos dos Lusíadas, porque não leio nem Grego antigo nem Latim... e quantos críticos o fazem, e quantos sabem Português?)."

Sim, mas se hoje a Eneida, a Ilíada e a Odisseia estão traduzidas em imensas línguas e as pessoas que as lêem nessas línguas, apesar de não poderem apreciar na totalidade a beleza dos seus versos, acham mesmo assim que essas obras são belíssimas, então é caso para dizer que essas obras são muito, mesmo muito grandes. Lá está, as obras são tão grandes que a língua não constituiu um obstáculo.
Mas como eu já disse, a influência que um país tem no mundo pode também influenciar o maior ou menor reconhecimento que um artista e a sua obra podem ter, mas não acredito sinceramente que seja o principal factor, nem mesmo um um factor importante.





"Sim, mas a influência do País é um desses factores. Naturalmente que não chega para tudo, nem garante tudo, mas talvez o Gulliver fosse menos conhecido mundialmente, seguramente tão pouco conhecido como o nosso «João Sem Medo», se tivesse sido escrito por um português e não por um autor que, mesmo não sendo inglês (e sim irlandês), está integrado na esfera literária anglo-saxónica."


Pois, é aqui que discordamos, e como não há maneira de sabermos se a influência de um país determina ou não grandemente a influência de uma obra, acho que não poderemos tirar conclusões seguras e definitivas.




Mas atenção, Camões pode não ter tido a influência de Cervantes, mas isso obviamente não significa que ele não seja o génio da Literatura Universal que é, e eu, ao longo da discussão pude ter dado entender que achava o contrário, mas nunca jamais foi minha intenção. Camões é sem dúvida um dos poetas mais importantes da Era Moderna, isso é indubitável e ninguém o pode negar E houve vários escritores estrangeiros ao longo da história que admiraram Camões e foram influenciados por ele. Por exemplo, o grande Herman Melville autor de Mooby Dick foi influenciado por ele e até escreveu dois poemas sobre isso. E Toquato Tasso o autor do épico "Jerusalém Libertada" escreveu um soneto em sua honra, já para nem falar do próprio Cervantes que também o elogiou.
E aqui na Wikipédia temos mais exemplos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es#Difus.C3.A3o_e_influ.C3.AAncia
repara que segundo o que aí está Schlegel considerou-o "expoente máximo da criação na poesia épica."
Por isso que fique bem claro que nunca eu quis tomar Camões por um poeta menor ou de pouca importância.

23 de outubro de 2010 às 23:48:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

hahahahahah

camões era politicamente incorrecto..hehe

24 de outubro de 2010 às 04:59:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Vendo a malícia feia e rudo intento
Da gente bestial, bruta e malvada,

24 de outubro de 2010 às 05:02:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Se mostra um bando negro

descoberto

24 de outubro de 2010 às 05:02:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Nenhum sinal aqui da Índia achamos
No Povo, com nós outros quase mudo.
Ora vê, Rei, que tamanha terra andamos,
Sem sair nunca deste povo rudo,
Sem vermos nunca nova nem sinal
Da desejada parte Oriental.

traduzindo: cade esses asiaticos afinal?

só tem bosta subsaariana por aqui ainda..

24 de outubro de 2010 às 05:04:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Todos nus, e da cor da escura treva,

24 de outubro de 2010 às 05:12:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Aquele monte, os negros de quem falo,

Desfez-se a nuvem negra

As mulheres queimadas vêm em cima

"Pela Arábica língua, que mal falam,
E que Fernão Martins muito bem entende,
Dizem que por naus, que em grandeza igualam
As nossas, o seu mar se corta e fende;
Mas que lá donde sai o Sol, se abalam
Para onde a costa ao Sul se alarga e estende,
E do Sul para o Sol, terra onde havia
Gente, assim como nós, da cor do dia.

Moçambique enfim surgimos,
De cuja falsidade e má vileza
Já serás sabedor, e dos enganos
Dos povos de Mombaça pouco humanos.

De dar a todo o Lusitano feito

Porém não deixe enfim de ter disposto
Ninguém a grandes obras sempre o peito,
Que por esta, ou por outra qualquer via,
Não perderá seu preço, e sua valia.

24 de outubro de 2010 às 05:25:00 WEST  

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