«AMOR DE PERDIÇÃO», ALIÁS, FEDOR DE PODRIDÃO

A RTP 1, principal canal televisivo do Estado, está agora a transmitir o primeiro episódio de uma série, ou um filme, não sei (nem interessa muito) que consiste numa nova versão da célebre obra «Amor de Perdição», da autoria de Camilo Castelo Branco.

Chega a parecer inverosímil o modo como a Boa e Sã Doutrina da Santa Madre Igreja Multiculturalista e Anti-Racista dos Últimos Dias do Ocidente impregna tudo o que o sistema transmite à população. Inverosímil pelo nível de primarismo e de carácter gratuito da coisa. A mensagem anti-racista é neste caso particular transmitida com uma ferocidade característica de todos os totalitarismos, e em particular dos totalitarismos religiosos cristão e muçulmano. Basicamente, o herói da história é um bom menino um pouco intempestivo e violento, mas com um coração de ouro, inteligentíssimo e excelente aluno. O estereótipo do «bom selvagem» de Rosseau. Claro que tinha de ser violentamente anti-racista e de ter montes de amigos negros, ou então nem era um herói a sério... Anda vestido à «dréde-méne» (isto é, com calças descaídas para baixo quase até aos joelhos, que tem origem em hábito paneleiresco de prisões americanas, e capuz enfiado cornos abaixo), rodeado de «brodas», isto é, negros de gangue. «Defende» um amiguinho negro vítima de racismo numa discoteca, porque nesse local «não queriam lá pretos» (quem souber de um só caso destes em Portugal, diga...): vai à discoteca e com um ferro bate em toda a gente que lhe aparece à frente, e a heroína da história apaixona-se de imediato pelo estilo do méne a bater nos brancos todos, chamando-lhe «anjo vingador» (sic(k) - sim, foi mesmo isto que disse). O facto de sem mais quê nem para quê invadir, juntamente com os «brodas», uma aula de teatro e de, impune e cobardemente, agredir um professor com uma bolada na cara que lhe parte os óculos e lhe faz sangue, não impede que logo a seguir, nesse preciso momento, se oiça a voz off da irmã a dizer que o irmão é adorável e uma maravilha e que se pudesse casava com ele... o outro irmão, pelo contrário, é um «sonso agarrado às saias da mãe» que, para ser mesmo visto como mau, mauzinho de todo, é racista e não gosta de imigrantes...

Trata-se de mais um exemplo, especialmente obsceno e revoltante, de como a população paga a sua própria lavagem cerebral que há-de levar à sua própria aniquilação como estirpe. Ou seja, à traição e ao genocídio sonso junta o insulto. Como dizia Nietzsche, não há desprezo que chegue para tal doutrina - mas se o desprezo não chega, a denúncia não pode todavia deixar de lhe chegar com força, para que um dia lhe chegue, igualmente, a devida justiça em tribunal popular, num futuro possível em que, sob um regime nacionalista, os responsáveis por indignidades destas sejam chamados à praça pública para julgamento sumário e castigo adequado.