JORNALISTAS DO «POLITIKEN» RECUSAM PEDIDO DE DESCULPAS AOS MUÇULMANOS EMITIDO PELA DIRECÇÃO

Na Dinamarca, mais uma vez um colectivo salva a honra da sua gente, até certo ponto: no jornal diário Politiken, trinta e oito jornalistas do seu pessoal laboral emitiram na passada semana uma carta aberta contra o pedido de desculpas do jornal para o qual trabalham para com o mundo muçulmano.

Como se sabe e foi aqui noticiado, o Politiken rompeu as fileiras da liberdade de imprensa dinamarquesa ao pedir publicamente desculpas aos muçulmanos em geral pela publicação de uma caricatura de Maomé, (a mais famosa, que mostra Maomé com um turbante explosivo) dizendo, todavia, que esse pedido de desculpas não os impediria de voltarem a publicar caricaturas de Maomé. O acordo do pedido de desculpas foi assinado com um advogado saudita que dizia representar oito grupos de muçulmanos do Médio Oriente e da Austrália e que tem andado a exigir pedidos de desculpa a onze jornais dinamarqueses que publicaram as caricaturas. Esta atitude do Politiken atraiu fortes críticas por parte dos média dinamarquesas, até então unidos numa frente comum e orgulhosa contra as exigências muçulmanas; e até o primeiro-ministro, Lars Loekke Rasmussen, manifestou a sua surpresa e descontentamento, dizendo-se preocupado por ver que os média dinamarqueses já não estavam lado a lado nesta questão.

Ora nesta carta dos descontentes do Politiken, pode ler-se «O Politiken não tem de pedir desculpas por nada. O acordo de pedido de desculpas deu a impressão de que nos arrependemos pelo nosso jornalismo, algo para o qual não há qualquer base.» Afirmaram também que o seu jornalismo democrático aposta em «descrever a realidade tão rigorosamente quanto possível e encorajar o debate social.» E expressaram receio de que o acordo possa interferir com a sua liberdade editorial.