A CRISTANDADE CONTRA O NATAL
A propósito do tópico anterior, que mostra a oposição visceral entre o Cristianismo e o Povo, e já que se está na quadra natalícia, cá vai:
In «A Face do Caos - Ritos de Subversão na Tradição Portuguesa», de Aurélio Lopes, Garrido Editores.
Dum modo ou doutro, com ou sem disfarces e tentativas de domesticação cristã, a Chama Sagrada em honra do Sol Eterno ergue-se hoje por toda a Europa com cada vez mais vigor e fulgor libertador, servindo espiritualmente de candeia para alumiar o retorno dos Europeus aos Deuses Cintilantes das suas heranças étnicas vindas da noite dos tempos.
Que as santas fogueiras dos solstícios sejam pois os faróis, não apenas para que em toda a Arianidade os Povos se reconheçam entre si como parentes, mas também para sinalizar a via da re-ligação dos povos da Europa aos seus Ancestrais e às Forças do Alto.
(...) O conturbado processo de cristianização dos seculares procedimentos e ideais pagãos arrastou, durante séculos, o estigma da intolerância absoluta, afrontando crenças e valores há milénios implantados nas populações europeias pré-cristãs. Milhares morreram na fogueira por actos e atitudes não condizentes com um rigor canónico exacerbado. Mais ainda, foram flagelados, separados dos seus entes queridos, torturados e espoliados!
Tais depurações ganham especial saliência durante a luta pela supremacia teológica que irá caracterizar os primeiros séculos do Cristianismo. Englobados no âmbito lato do Paganismo, modelos religiosos como o culto de Mitra, de Serápis, Ápis ou de Ísis, vão ser objecto preferencial de perseguições após a ascensão do Cristianismo a religião oficial do Império, arrastando com eles as crenças e práticas menos elaboradas (professadas essencialmente pelas massas rurais), de natureza cósmica ou vegetativa.
«(...) Já em 392 o célebre «Édito de Teodósio» coloca o Paganismo fora da lei e sujeita a sanções diversas os seus praticantes. Os séculos seguintes irão dar plena sequência a tal predisposição. Os Concílios de Vannes, em 491, de Orleães, em 541, de Tours, em 567, de Auxerre, em 605, de Clichy, em 627, de Toledo, em 693, de Leptines, em 743 e de Mayence, em 813, retomam sucessivamente as interdições a manifestações cultuais com os solstícios relacionadas, enquadradas num contexto mais vasto de proibições do Paganismo.
Tudo isto num contexto celebratório que São Martinho de Dume, na sua obra «De Correctione Rusticorum», faz perdurar na Galiza no mesmo século e que incluíam, até, «... as invocações aos espíritos de tgodos os actos da vida, os sacrifícios às fontes sagradas, o malefício das ervas, os cultos das pedras e das árvores e o rito romano das calendas», num âmbito consagratório da natureza, de que o elemento cósmico constituía catalisador adequado.
(...)
É visível que nestas alturas (já na Idade Moderna, século XVII) as temporalidades cósmicas que marcam os tempos solsticiais estavam ainda, em grande parte, impregnados de atitudes subversivas, hoje menos comuns e que, como vimos, foram funcionalmente deslocadas para o «Entrudo» e até, pontualmente, para a quadra quaresmal. O Natal era, nessa altura, bem mais subversivo, predominando aí as atitudes de inversão que o «Entrudo» irá depois, gradualmente, concentrar.
(...) E as citações documentais reflectem bem a normalidade com que o tempo natalício era nessa altura, em qualquer parte do país, encarado como tempo subversivo: «Faço saber que Lazaro Memdez e Matyas Roiz, moradores na alldea de Sãto Alleixo, termo da vylla de Moura (...) que andando elles folguamdo (...) cõ outros homens hua oitava do natal do ano de setenta e hum...»
(...) A proliferação e a tenaz persistência destas situações constituiu sempre um espinho na hierarquia da Igreja que lançou mão de todos e mais alguns mecanismos para obstar aos, tidos como excessivamente festivos, costumes das populações, tão contrastantes com a tristeza auto-punitiva de muitos dos comportamentos canónicos.
(...) situação acontecida na Covilhã, no início do século, em que se verificou, inclusive, a intervenção de uma força militar e policial contra a população reunida em volta da fogueira de Natal que as autoridades tinham proibido!
Perseguições e interdições alternaram, contudo, com adaptações e adopções sincréticas destinadas a absorver o que extirpar se não podia. Nalguns casos, como aconteceu em 1608 em Lisboa, a Igreja criou até rituais alternativos, como o aí denominado «Jubileu das 40 horas», que nas igrejas da capital levou à realização de rezas e cânticos "adequados" durante o tempo carnavalesco destinados a afastar as pessoas das tentações e das endemoninhadas danças, cantos e atitudes prevaricadoras.
Os Jesuítas iniciaram estas devoções levantando, inclusive, na Igreja de São Roque, uma monumental pirâmide encimada por um não menos monumental arcanjo (...) Tal atracção concorreu também para a grande afluência às confissões e comunhões que terão ultrapassado as vinte mil pessoas. A médio prazo, porém, o resultado parece não ter sido o esperado, já que não existe memória de uma continuidade sistemática deste cerimonial.
A transformação da solsticial fogueira pagã, ocasião de desacatos e desrespeitos, num fogo canónico, liturgicamente adequado e domesticado, foi igualmente desígnio que a Igreja perseguiu durante séculos. Vejamos aqui apenas um exemplo sistemático que Tomáz Pires se refere nas suas utilíssimas Investigações Etnográficas: «Por acharmos q na noute de natal se fazião fogueyras nas ygrejas e se fazião e dezião cousas e dezião palavras não decentes ao lugar e tempo, mandamos que da quy em dyante se não faça e o q nisto se gastava e se gaste em lampadas dazeyte q porão ao redor da igreja de modo que esté toda alumiada.»
Tais depurações ganham especial saliência durante a luta pela supremacia teológica que irá caracterizar os primeiros séculos do Cristianismo. Englobados no âmbito lato do Paganismo, modelos religiosos como o culto de Mitra, de Serápis, Ápis ou de Ísis, vão ser objecto preferencial de perseguições após a ascensão do Cristianismo a religião oficial do Império, arrastando com eles as crenças e práticas menos elaboradas (professadas essencialmente pelas massas rurais), de natureza cósmica ou vegetativa.
«(...) Já em 392 o célebre «Édito de Teodósio» coloca o Paganismo fora da lei e sujeita a sanções diversas os seus praticantes. Os séculos seguintes irão dar plena sequência a tal predisposição. Os Concílios de Vannes, em 491, de Orleães, em 541, de Tours, em 567, de Auxerre, em 605, de Clichy, em 627, de Toledo, em 693, de Leptines, em 743 e de Mayence, em 813, retomam sucessivamente as interdições a manifestações cultuais com os solstícios relacionadas, enquadradas num contexto mais vasto de proibições do Paganismo.
Tudo isto num contexto celebratório que São Martinho de Dume, na sua obra «De Correctione Rusticorum», faz perdurar na Galiza no mesmo século e que incluíam, até, «... as invocações aos espíritos de tgodos os actos da vida, os sacrifícios às fontes sagradas, o malefício das ervas, os cultos das pedras e das árvores e o rito romano das calendas», num âmbito consagratório da natureza, de que o elemento cósmico constituía catalisador adequado.
(...)
É visível que nestas alturas (já na Idade Moderna, século XVII) as temporalidades cósmicas que marcam os tempos solsticiais estavam ainda, em grande parte, impregnados de atitudes subversivas, hoje menos comuns e que, como vimos, foram funcionalmente deslocadas para o «Entrudo» e até, pontualmente, para a quadra quaresmal. O Natal era, nessa altura, bem mais subversivo, predominando aí as atitudes de inversão que o «Entrudo» irá depois, gradualmente, concentrar.
(...) E as citações documentais reflectem bem a normalidade com que o tempo natalício era nessa altura, em qualquer parte do país, encarado como tempo subversivo: «Faço saber que Lazaro Memdez e Matyas Roiz, moradores na alldea de Sãto Alleixo, termo da vylla de Moura (...) que andando elles folguamdo (...) cõ outros homens hua oitava do natal do ano de setenta e hum...»
(...) A proliferação e a tenaz persistência destas situações constituiu sempre um espinho na hierarquia da Igreja que lançou mão de todos e mais alguns mecanismos para obstar aos, tidos como excessivamente festivos, costumes das populações, tão contrastantes com a tristeza auto-punitiva de muitos dos comportamentos canónicos.
(...) situação acontecida na Covilhã, no início do século, em que se verificou, inclusive, a intervenção de uma força militar e policial contra a população reunida em volta da fogueira de Natal que as autoridades tinham proibido!
Perseguições e interdições alternaram, contudo, com adaptações e adopções sincréticas destinadas a absorver o que extirpar se não podia. Nalguns casos, como aconteceu em 1608 em Lisboa, a Igreja criou até rituais alternativos, como o aí denominado «Jubileu das 40 horas», que nas igrejas da capital levou à realização de rezas e cânticos "adequados" durante o tempo carnavalesco destinados a afastar as pessoas das tentações e das endemoninhadas danças, cantos e atitudes prevaricadoras.
Os Jesuítas iniciaram estas devoções levantando, inclusive, na Igreja de São Roque, uma monumental pirâmide encimada por um não menos monumental arcanjo (...) Tal atracção concorreu também para a grande afluência às confissões e comunhões que terão ultrapassado as vinte mil pessoas. A médio prazo, porém, o resultado parece não ter sido o esperado, já que não existe memória de uma continuidade sistemática deste cerimonial.
A transformação da solsticial fogueira pagã, ocasião de desacatos e desrespeitos, num fogo canónico, liturgicamente adequado e domesticado, foi igualmente desígnio que a Igreja perseguiu durante séculos. Vejamos aqui apenas um exemplo sistemático que Tomáz Pires se refere nas suas utilíssimas Investigações Etnográficas: «Por acharmos q na noute de natal se fazião fogueyras nas ygrejas e se fazião e dezião cousas e dezião palavras não decentes ao lugar e tempo, mandamos que da quy em dyante se não faça e o q nisto se gastava e se gaste em lampadas dazeyte q porão ao redor da igreja de modo que esté toda alumiada.»
E se isto era assim nas vilas e cidades deste país, que seria nas aldeias e lugares mais remotos do interior onde o braço da lei apenas espreitava de longe e esporadicamente?! Delas não reza a história mas reza, com certeza, uma memória oral feita de lembranças de antigos e persistentes confrontos com as autoridades religiosas locais ou mesmo, aqui e ali, com elementos da comunidade mais conservadores, ou mais sujeitos às críticas formuladas.(...) »
In «A Face do Caos - Ritos de Subversão na Tradição Portuguesa», de Aurélio Lopes, Garrido Editores.
Dum modo ou doutro, com ou sem disfarces e tentativas de domesticação cristã, a Chama Sagrada em honra do Sol Eterno ergue-se hoje por toda a Europa com cada vez mais vigor e fulgor libertador, servindo espiritualmente de candeia para alumiar o retorno dos Europeus aos Deuses Cintilantes das suas heranças étnicas vindas da noite dos tempos.
Que as santas fogueiras dos solstícios sejam pois os faróis, não apenas para que em toda a Arianidade os Povos se reconheçam entre si como parentes, mas também para sinalizar a via da re-ligação dos povos da Europa aos seus Ancestrais e às Forças do Alto.
7 Comments:
" a oposição visceral entre o Cristianismo e o Povo, e já que se está na quadra natalícia "
Vá á Beselga para constatares isso.O povo da aldeia adora os seus padres,Pe Carlos e Pe Chico,que tudo fizeram pela construção do Lar da Terceira Idade,e muito mais.Eles defendem a sua paróquia até ao fim,e toda a gente,sem excepção,elogia-os sem reservas,porque eles tem feito só bem á paróquia.
A igreja Matriz foi embelezada e está sempre a ser restaurada e preservada.Os únicos,poucos,muito poucos,que dizem mal dos padres são uns menbros do Partido Comunista,que falam,falam,falam e não fazem nada,ao contrário dos párocos,que são óptimas pessoas,muito simpéticos e dinâmicos.Nunca fizeram ou disseram nada que prejudicasse a harmonia das suas paróquias.É preciso algum tacto para se abordar certas matérias.Há que estar no terreno.
"Bairrismo e religiosidade
É uma das mais antigas instituições da região. Desde há muito que a Beselga era conhecida como uma aldeia bairrista. Com a chegada do Sr. Padre Donaciano, nos finais da década de 50, as actividades não só religiosas mas também as humanitárias, culturais e desportivas foram dinamizadas pela Igreja. A participação em procissões na Lapa, os magustos da catequese, os jogos de solteiros e casados, os peditórios para a Igreja, para a Capela ou mesmo para obras (como a reconstrução da ponte da Devesa em 1967) eram liderados pelo Sr. Padre Donaciano e em que sobressaem com naturalidade a Sras. Leonilde, Mariazinha, Judite, Cecília...bem como uma meia dúzia de seminaristas da aldeia. Os peditórios de Janeiras e dos Reis nessa altura eram uma fonte de receita significativa para as actividades da aldeia.
Equipa do Clube de Futebol Beselguense, que na Sª Feira de Páscoa de 1972 foi derrotada pelo G. D. das Rãs por 3-1
Os convívios do Sr. Padre com os emigrantes no Natal com cânticos, dramatizações, discursos, mostra de slides sobre cenas bíblicas com narrativas emocionadas do Sr. Padre constituíam autênticos manifestos culturais que uniam a população residente com os emigrantes dispersos pelos quatro cantos do mundo – França, Brasil, Alemanha, Japão além dos que vinham de Lisboa, Porto...
É então que surgem os dois Colégios ( Penedono e Sernancelhe ) rasgando-se outros horizontes culturais para toda esta juventude dos anos sessenta."
A igreja é uma família. Não é uma empresa, não é um clube desportivo, não é uma associação recriativa, não é uma organização social. A igreja é uma família.
Numa família as pessoas vivem debaixo do mesmo tecto, comem juntas, passam tempo umas com as outras, protegem-se, chateiam-se, reconciliam-se, ajudam-se, conversam, partilham. Numa família existe intimidade, confiança, companheirismo, amizade, amor, altruísmo.
Pensar na igreja como algo menor do que isto, é pensar em algo que não é a igreja. Chamemos-lhe outra coisa: Organização, religião, empresa, seja o que for. Mas por favor, não lhe chamemos igreja.
Sendo Portugal um país esmagadoramente católico, compreende-se que dediquemos um espaço particular à apresentação e análise das posições da Igreja Católica face à homossexualidade.
Esta análise é feita do ponto de vista de alguém que se assume como católico, como tal alguns dos pontos de vista aqui apresentados podem parecer estranhos para não crentes.
Certamente que muitos de nós, somos também católicos e quantas vezes não nos sentimos excluídos da Igreja pelo simples facto de sermos homossexuais?
Nesta sub-secção analisaremos as posições da hierarquia da Igreja Católica e mostraremos os seus contrasensos, as suas apreciações deficientes e, quantas vezes, apressadas de uma realidade que persistem em não entender. Numa atitude perfeitamente autista ao mundo e às suas realidades.
As Posições da Igreja Católica
A Igreja Católica faz a distinção entre orientação homossexual, que considera moralmente neutra, e comportamento homossexual, que considera pecaminoso. Por outras palavras, pode ser-se homossexual, desde que não se "pratique".
Desta forma, o homossexual, que sentisse essa sua 'orientação' teria de levar uma vida de total abstinência sexual.
Convirá aqui recordar que a esmagadora maioria dos homossexuais que tentaram levar esta vida de abstinência sexual, acabaram por exprimir as suas necessidades sexuais de forma autodestrutiva.
A Igreja Católica também tem feito de forma consciente uma campanha para desculpabilizar as situações de pedofilia em diversas dioceses pelo mundo fora confundindo-as com homossexualidade. Na maioria dos comunicados sobre abuso sexual de menores a Igreja Católica indica como solução remover os padres homossexuais... isto tem duas consequências: 1-aumenta o estigma da homossexualidade, 2-não resolve o problema real que é a pedofilia. Mas parece que a Igreja Católica prefere estas duas consequências e de alguma forma tapar o sol com a peneira.
O Que Nos Diz a Bíblia?
Certamente que de todos os livros antigos existentes a Bíblia é aquele de mais difícil interpretação, pois esta tem, necessariamente, de ser feita em sentido metafórico e tendo em consideração a época histórica e o contexto sócio-económico-cultural em que foi produzido o texto bíblico.
A Igreja Católica não assenta os seus ensinamentos somente na Bíblia, mas apela à Bíblia para apoiar os seus ensinamentos acerca da lei natural. Os documentos da Igreja afirmam que, desde o livro do Génesis até ao fim do Novo Testamento, há uma oposição constante aos actos homogenitais.
Sem margem para dúvidas, podemos afirmar que a Bíblia condena a prostituição hetero e homossexual, mas nada nos diz sobre as relações estáveis entre homossexuais, tal como hoje as entendemos.
Não nos devemos esquecer que a Igreja Católica também ensina a compreensão para com os homossexuais.
Para a Igreja Católica a procriação é um aspecto essencial da sexualidade humana, portanto todos os actos sexuais devem possibilitar a concepção. É também por isto que os ensinamentos católicos vão no sentido de proibir os actos denominados de homogenitais, bem como a contracepção, a masturbação e as relações sexuais pré e extra-maritais.
Para a Igreja Católica isto é a lei natural, a ordem que o Criador deu ao Universo.
Convirá agora referir que as posições da Igreja Católica, nem sempre foram as mesmas, pois até ao séc. XII não houve oposição estruturada à homossexualidade na Europa Cristã, com excepção dum período por altura do colapso do Império Romano e durante quase dois séculos após o Cristianismo se ter tornado na religião oficial do Estado, os imperadores cristãos das cidades ocidentais toleravam os actos homossexuais.
No séc. VII, na Espanha visigótica, uma série de seis conselhos nacionais da Igreja recusaram-se a apoiar a legislação contra os actos homogenitais. à volta do séc. IX, quase todas as zonas na Europa Cristã tinham códigos locais de leis, incluindo secções detalhadas sobre ofensas sexuais. Nenhum deles, excepto o de Espanha, proibia os actos homogenitais.
Nós Também Somos Igreja
Ser homossexual significa estar arredado da participação activa na sua comunidade paroquial; significa estar segregado, marginalizado.
Será porém este o ensinamento de Cristo? Será que o mesmo Cristo redentor que abençoou os puros de espírito, que chamou a Si todos os cansados e os oprimidos, que chamou todos sem excepção à sua Igreja, pode apelar à segregação? Ao afastamento? à marginalização? Serão mais dignos do amor de Deus todos os demais fiéis que sendo homossexuais não o dizem? Que sendo casados cometem adultério? Não será aqui que reina o pecado? Haverá pecado numa relação de amor e entrega mútua entre duas pessoas que se amam? Se Deus é amor, porque não poderá estar no meio do casal estável de homossexuais?
Será que uma igreja que defende um Cristo que veio trazer a nova e eterna Aliança, pelo Novo Testamento, se pode refugiar, quando isso lhe é útil, em livros do Antigo Testamento?
Será lícito que uma igreja que defende a interpretação não literal do texto bíblico, se refugie nesse tipo de interpretação quando pretende condenar a homossexualidade?
Enfim, será a Igreja instituída por Cristo em Pedro, a primeira pedra, que está errada, ou será a igreja dos homens que peca?
Estamos certos que Deus não olhará para a homossexualidade como pecado. Como seria isso possível de acontecer num Deus que ama e ampara todas as criaturas sem excepção? Efectivamente, se a homossexualidade for entendida como a identidade psicossexual dentro das fronteiras de um desenvolvimento humano saudável e psicológico, tendo por significado um relacionamento estável amoroso, então sendo Deus amor, onde há amor verdadeiro Deus está presente e onde Deus está presente não pode existir pecado.
Deus criou as pessoas com atracções românticas e físicas por pessoas do mesmo sexo, assim como aquelas com atracções por pessoas do outro sexo. Todos estes sentimentos são naturais e são considerados bons e abençoados por Deus. Logo estes sentimentos e atracções não podem constituir pecado e ser motivo de exclusão dos homossexuais da participação activa nas suas comunidades paroquiais.
Conforme já verificámos atrás a Igreja refugia-se na Bíblia para condenar a homossexualidade (entendida como uma relação amorosa estável e fiél entre duas pessoas que se amam e querem ser família), contudo (conforme também já o referimos) a linguagem bíblica não se refere à homossexualidade como a entendemos, mas a prostitutos masculinos que eram utilizados nos cultos pagãos. Certamente que em parte alguma da Bíblia se legisla sobre o tema de uma atracção profunda e de amor entre dois adultos do mesmo sexo, resultando num compromisso.
Por outro lado, sendo a homossexualidade tão natural e dada por Deus como o é a heterosexualidade, facilmente nos apercebemos que as invectivas bíblicas contra a homossexualidade foram condicionadas pelas atitudes e crenças acerca desta forma de sexualidade e correspondentes a uma determinada época histórico-cultural.
Deste modo, todas as manifestações de um amor fiél e responsável entre duas pessoas homossexuais não são algo tratado nas Sagradas Escrituras.
O casal homossexual vivendo em pleno e de forma madura a sua relação de amor mútuo, deve fazer parte integrante da sua comunidade paroquial. Nela participar activamente, dando testemunho, paralelamente com os demais casais heterosexuais, pois o casal homossexual católico não deve, nem pode, continuar a ser arredado da sua Fé em Deus e em Cristo. Um Cristo que diariamente continua a morrer na cruz para redenção da humanidade, de toda a humanidade.
Por tudo isto e como leigos empenhados nas suas diversas comunidades paroquiais os casais de homossexuais devem ser chamados à participação, pois também são parte da Igreja.
«Vá á Beselga para constatares isso.»
Porra, estamos a falar de todo um movimento ao longo dos séculos, dos milénios, e vens-me falar da Beselga, onde as pessoas gostam muito de um sô padre? Que ridículo.
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