DIA DE «SÃO» MARTINHO OU DIA DO DEUS DA GUERRA
Estatueta de Marte encontrada nos Pirinéus, trajado à maneira romana mas contendo na sua indumentária elementos presumivelmente celto-hispânicos, tais como o elmo com três cornos e o touro representado no escudo a meio do corpo.
Como é sabido e por muitos apetecido, no dia onze de Novembro, mês que a tradição romana consagrou a Diana, festeja-se popularmente o São Martinho.
Mas quem era o sujeito?
São Martinho de Tours era filho de um Tribuno e soldado do exército romano. Nasceu (316) e cresceu na cidade de Sabaria, Panónia (atual Hungria), e foi educado na religião dos seus antepassados, isto é, no culto aos deuses mitológicos venerados no Império Romano. Aos 10 anos de idade entrou para o grupo dos catecúmenos (aqueles que se preparam para receber o baptismo). Aos 15 anos de idade, e contra a própria vontade, teve de ingressar no exército romano e dirigir-se para a Gália (região na actual França). Aos 18 anos abandonou o exército pois o Cristianismo não era compatível com as suas funções militares. Foi baptizado por Hilário, bispo da cidade de Poitiers.
Que mais fez Martinho?
Destruiu templos pagãos em barda. Foi tido como o grande inimigo do Politeísmo.
Pelas filhadaputices que andou a fazer, foi promovido a bispo.
Como diz Gonzalo Fernandez em "Destrucciones de templos en la Antigüedad Tardía" ( Archivo Español de Arqueología, 54. 1981),
«Una política sistemática de demolición de santuarios no comenzará hasta época teodosiana en Oriente y algo más tempranamente en la parte occidental del Imperio en la que en el decurso de la década de 370 se inicia en las Galias la actividad de Martín de Tours y tiene lugar la destrucción de un edificio sagrado de localización incierta llevada a cabo por monjes (Ambrosio, Ep; XL, 16 y XLI,1, y Paulino, Vita Ambros., 22). (...)
En las Galias la destrucción fue continua y despiadada por obra de Martín de Tours y de sus imitadores. E. Mâle se basa en argumentos numismáticos para fijar el 375 como término "post quem" de estas depredaciones y para centrar en vida del Turonense una serie de arrasamientos, en concreto los que sufrieron los santuarios de Bibracta en Mont-Beauvray, de Sequana en Notre-Dame des Fontaines, de Mercurio en Mont-Matre, del ubicado en el bosque de La Halette y de tres pequeños más en Normandía (...)"
Parece que, según nos cuenta su biógrafo (V. Mart 22.1-5), al obispo Martín de Tours se le presentaba el demonio bajo el aspecto de Júpiter y otros dioses paganos como Mercurio, Venus o Minerva. Hay que recordar que los cristianos consideraban demonios a los Dioses del Politeísmo.»
Além de destruir os templos dos Deuses romanos, deitou também abaixo várias árvores sagradas para a religião céltica gaulesa.
Vejamos agora no que consiste concretamente a lenda de S. Martinho.
De acordo com o conto cristão, Martinho era um cavaleiro romano (por coincidência ou talvez não, «Martinho» deriva de Marte, Deus da Guerra) que, num dia de frio, deu o seu manto (ou partilha-o, cortando-o pela metade, segundo outra versão da história) a um pobre enregelado. Pouco depois, o Sol começou a brilhar.
Ora esta lenda parece ter sido urdida para encobrir uma tradição religiosa pagã, eventualmente céltica.
Repare-se que no cenário do episódio resumidamente descrito acima, tem-se, no centro da acção, uma figura bélica, armada de lança, que, ao despir uma peça de roupa, fica exposta e provoca o surgimento de luz e calor ( Sol).
Ora isto faz pensar num Deus bélico luminoso, trazendo por isso à memória a fúria guerreira do típico herói celta (a ferg), como por exemplo o irlandês Cuchulain, que, em estado de ira marcial, parece emitir bolas de fogo a partir do crânio, motivo pelo qual tem de ser mergulhado em tinas de água fria após determinada batalha para não se tornar nocivo ao seu próprio povo.
Também na Irlanda, um dos Deuses mais ligados à guerra, Ogma, tem, entre os Seus epítetos, o de «Grian Ainech» ou «Rosto Solar». Lug, o Deus mais importante da mesma ilha, é também representado como um esplêndido combatente de face tão brilhante que nem pode ser contemplada de frente.
Na Celtibéria, o autor Macróbio escreveu, no século IV d.c., que o povo dos Accitani prestava culto a Neton, uma espécie de Marte (isto é, um Deus da Guerra, porque os Gregos e os Romanos, para se referirem ao significado e função de uma Divindade estrangeira, equacionavam-Na com um Deus grego/romano, como quem diz «Aquele é o Marte deles») ornado de raios (isto é, que emitia um brilho intenso):
Accitani etiam, Hispana gens, simulacrum Martis radiis ornatum, maxima religione celebrant, Neton vocantes. Em Português, «O Povo dos Accitanos, gente da Hispânia, celebra com grande devoção um similar a Marte, ornado de raios, ao Qual chamam Neton.»
No campo da Arqueologia, encontraram-se pelo menos quatro inscrições dedicadas a esta Deidade, uma em Cáceres (Netoni), outra em Conímbriga (Netus), outra em Binéfar(Neito) e a quarta em Botorrita (Neitin).
Voltando à Irlanda céltica, refira-se a existência de um Deus da Guerra denominado Net ou Neit (aparece com as duas grafias).
Não creio que a semelhança do nome e da função seja mera coincidência - o hispânico Neton e o irlandês Net devem realmente ser O mesmo.
Recorde-se também o ritual de batalha de certo tipo de guerreiros celtas, na Gália chamava-se-lhes «Gaesatae», que iam nus para o combate, armados apenas de dardos, com o intuito de atemorizar o inimigo. Ora estes guerreiros combatiam nus por causa do calor que supostamente emanava dos seus corpos em batalha.
Entre os Germanos existia também este tipo de combatentes, nus no campo de batalha, consagrados a Odin, Deus do Furor e do Êxtase Guerreiro.
De acordo com o conto cristão, Martinho era um cavaleiro romano (por coincidência ou talvez não, «Martinho» deriva de Marte, Deus da Guerra) que, num dia de frio, deu o seu manto (ou partilha-o, cortando-o pela metade, segundo outra versão da história) a um pobre enregelado. Pouco depois, o Sol começou a brilhar.
Ora esta lenda parece ter sido urdida para encobrir uma tradição religiosa pagã, eventualmente céltica.
Repare-se que no cenário do episódio resumidamente descrito acima, tem-se, no centro da acção, uma figura bélica, armada de lança, que, ao despir uma peça de roupa, fica exposta e provoca o surgimento de luz e calor ( Sol).
Ora isto faz pensar num Deus bélico luminoso, trazendo por isso à memória a fúria guerreira do típico herói celta (a ferg), como por exemplo o irlandês Cuchulain, que, em estado de ira marcial, parece emitir bolas de fogo a partir do crânio, motivo pelo qual tem de ser mergulhado em tinas de água fria após determinada batalha para não se tornar nocivo ao seu próprio povo.
Também na Irlanda, um dos Deuses mais ligados à guerra, Ogma, tem, entre os Seus epítetos, o de «Grian Ainech» ou «Rosto Solar». Lug, o Deus mais importante da mesma ilha, é também representado como um esplêndido combatente de face tão brilhante que nem pode ser contemplada de frente.
Na Celtibéria, o autor Macróbio escreveu, no século IV d.c., que o povo dos Accitani prestava culto a Neton, uma espécie de Marte (isto é, um Deus da Guerra, porque os Gregos e os Romanos, para se referirem ao significado e função de uma Divindade estrangeira, equacionavam-Na com um Deus grego/romano, como quem diz «Aquele é o Marte deles») ornado de raios (isto é, que emitia um brilho intenso):
Accitani etiam, Hispana gens, simulacrum Martis radiis ornatum, maxima religione celebrant, Neton vocantes. Em Português, «O Povo dos Accitanos, gente da Hispânia, celebra com grande devoção um similar a Marte, ornado de raios, ao Qual chamam Neton.»
No campo da Arqueologia, encontraram-se pelo menos quatro inscrições dedicadas a esta Deidade, uma em Cáceres (Netoni), outra em Conímbriga (Netus), outra em Binéfar(Neito) e a quarta em Botorrita (Neitin).
Voltando à Irlanda céltica, refira-se a existência de um Deus da Guerra denominado Net ou Neit (aparece com as duas grafias).
Não creio que a semelhança do nome e da função seja mera coincidência - o hispânico Neton e o irlandês Net devem realmente ser O mesmo.
Recorde-se também o ritual de batalha de certo tipo de guerreiros celtas, na Gália chamava-se-lhes «Gaesatae», que iam nus para o combate, armados apenas de dardos, com o intuito de atemorizar o inimigo. Ora estes guerreiros combatiam nus por causa do calor que supostamente emanava dos seus corpos em batalha.
Entre os Germanos existia também este tipo de combatentes, nus no campo de batalha, consagrados a Odin, Deus do Furor e do Êxtase Guerreiro.
Tomei entretanto conhecimento de que em Castelhano existe um ditado popular que diz «A todo o cerdo le llega su san Martín», ou seja, todo o porco tem o seu algoz, ditado este que evoca uma morte violenta como estando relacionada com São Martinho, o que indica um carácter eminentemente guerreiro do dito beato. Sucede que em Espanha a tradicional matança do porco tem lugar no Outono, quando se celebra precisamente o S. Martin de Tours.
O Ganso
Outra lenda diz que S. Martinho, não querendo ser nomeado bispo, escondeu-se muma baia de cavalos, mas um bando de gansos fez barulho e denunciou-o. Assim, o ganso tornou-se no prato oficial da comemoração de S. Martinho.
Mas donde virá realmente esta lenda cristã?
Como se lê aqui, César informou, em «De Bello Gallico» («A Guerra das Gálias»), que o ganso era sagrado para as tribos célticas e que os Britões (Celtas da Grã-Bretanha) não o comiam. Os nórdicos também não. Talvez haja esteja aí a raiz de uma superstição medieval que proibia que se matassem gansos a meio do Inverno; e que os gansos continham as almas dos não baptizados (pagãos, portanto).
Na tradição céltica, e também na germânica, o ganso estaria relacionado com os Deuses da Guerra, que eram acompanhados por um cavalo e por um ganso. Na iconografia gaulesa, Épona, a «Égua Divina», Deusa adorada pelos soldados e eventualmente ligada ao mundo dos mortos, era representada cavalgando um ganso cornudo. Outra peça iconográfica gaulesa consiste numa estatueta de uma Deusa Guerreira a usar um elmo decorado com uma crista de ganso. O Marte céltico estaria provavelmente associado ao ganso. Entre os Germanos vizinhos dos Gauleses, Mars Thincsus (provavelmente, o Deus da Assembleia dos Guerreiros, a Thing) tinha um ganso por companhia. A mesma ave acompanha igualmente a representação de Mars Lenus (em Caerwent, Gales), podendo aí representar uma espécie de guardião contra a doença. Voltando à tradição germânica, consta que o ganso, para além de ser consagrado a Wotan (Odin), é também a personificação do fantasma da vegetação, e comê-lo é partilhar o poder deste espírito da vegetação.
Uma Divindade, ou epíteto, celta relacionada/o com Marte parece ser Ocelus, como se pode ler aqui. Ocelus também surge como epíteto dos Deuses lusitanos Arantia e Arantius. Em Caerwent foi encontrada uma estátua de Ocelus na qual se vê um ganso ao pé de um guerreiro.
Em contraste com esta protecção do ganso como animal consagrado a uma das principais Deidades, institui-se no seio da Cristandade (Áustria) o costume de comer carne de ganso na festividade de S. Martinho.
O Ganso
Outra lenda diz que S. Martinho, não querendo ser nomeado bispo, escondeu-se muma baia de cavalos, mas um bando de gansos fez barulho e denunciou-o. Assim, o ganso tornou-se no prato oficial da comemoração de S. Martinho.
Mas donde virá realmente esta lenda cristã?
Como se lê aqui, César informou, em «De Bello Gallico» («A Guerra das Gálias»), que o ganso era sagrado para as tribos célticas e que os Britões (Celtas da Grã-Bretanha) não o comiam. Os nórdicos também não. Talvez haja esteja aí a raiz de uma superstição medieval que proibia que se matassem gansos a meio do Inverno; e que os gansos continham as almas dos não baptizados (pagãos, portanto).
Na tradição céltica, e também na germânica, o ganso estaria relacionado com os Deuses da Guerra, que eram acompanhados por um cavalo e por um ganso. Na iconografia gaulesa, Épona, a «Égua Divina», Deusa adorada pelos soldados e eventualmente ligada ao mundo dos mortos, era representada cavalgando um ganso cornudo. Outra peça iconográfica gaulesa consiste numa estatueta de uma Deusa Guerreira a usar um elmo decorado com uma crista de ganso. O Marte céltico estaria provavelmente associado ao ganso. Entre os Germanos vizinhos dos Gauleses, Mars Thincsus (provavelmente, o Deus da Assembleia dos Guerreiros, a Thing) tinha um ganso por companhia. A mesma ave acompanha igualmente a representação de Mars Lenus (em Caerwent, Gales), podendo aí representar uma espécie de guardião contra a doença. Voltando à tradição germânica, consta que o ganso, para além de ser consagrado a Wotan (Odin), é também a personificação do fantasma da vegetação, e comê-lo é partilhar o poder deste espírito da vegetação.
Uma Divindade, ou epíteto, celta relacionada/o com Marte parece ser Ocelus, como se pode ler aqui. Ocelus também surge como epíteto dos Deuses lusitanos Arantia e Arantius. Em Caerwent foi encontrada uma estátua de Ocelus na qual se vê um ganso ao pé de um guerreiro.
Em contraste com esta protecção do ganso como animal consagrado a uma das principais Deidades, institui-se no seio da Cristandade (Áustria) o costume de comer carne de ganso na festividade de S. Martinho.
Álcool
Já agora, informa-se que, segundo a Wikipédia, a celebração do S. Martinho em Portugal é (...)de origem pagã, em homenagem ao santo conhecido como o "padroeiro dos bêbados"; é a celebração do vinho novo. São Martinho chegava a ser representado, nas festas em sua homenagem, pela “figura de um beberrão”. A festa é comemorada com as castanhas assadas. S. Martinho era um cornudo. (?)
Em algumas regiões de Portugal, na festa do São Martinho o chifre era usado como símbolo da embriaguês e concedido solenemente, como condecoração, a quem mais se tivesse destacado na degustação da bebida; ou era deixado à porta de algum beberrão. O chifre era levado solenemente na procissão pelos “irmãos de são Martinho”.
Terá algo a ver com o terceiro corno que na tradição céltica é um símbolo marcial?
O álcool tem efectivamente um lugar privilegiado neste dia - em Portugal, bebe-se sem freio a típica água-pé, e o vinho em geral, sobretudo o vinho novo. Esta mesma tradição existe em paragens mais setentrionais, nomeadamente na Alemanha (Colónia), onde se pratica o Martinsminne: beber o Martinsminne significa beber o novo vinho do ano na véspera do S. Martinho.
Na Suécia, o rei Olaf Tryggwason teve um sonho no qual S. Martinho lhe teria dito para não adorar os Deuses Thor e Odin e para beber o Martinsminne em vez do Odinsminne. E o ganso deste é chamado Martinsgans.
Já agora, informa-se que, segundo a Wikipédia, a celebração do S. Martinho em Portugal é (...)de origem pagã, em homenagem ao santo conhecido como o "padroeiro dos bêbados"; é a celebração do vinho novo. São Martinho chegava a ser representado, nas festas em sua homenagem, pela “figura de um beberrão”. A festa é comemorada com as castanhas assadas. S. Martinho era um cornudo. (?)
Em algumas regiões de Portugal, na festa do São Martinho o chifre era usado como símbolo da embriaguês e concedido solenemente, como condecoração, a quem mais se tivesse destacado na degustação da bebida; ou era deixado à porta de algum beberrão. O chifre era levado solenemente na procissão pelos “irmãos de são Martinho”.
Terá algo a ver com o terceiro corno que na tradição céltica é um símbolo marcial?
O álcool tem efectivamente um lugar privilegiado neste dia - em Portugal, bebe-se sem freio a típica água-pé, e o vinho em geral, sobretudo o vinho novo. Esta mesma tradição existe em paragens mais setentrionais, nomeadamente na Alemanha (Colónia), onde se pratica o Martinsminne: beber o Martinsminne significa beber o novo vinho do ano na véspera do S. Martinho.
Na Suécia, o rei Olaf Tryggwason teve um sonho no qual S. Martinho lhe teria dito para não adorar os Deuses Thor e Odin e para beber o Martinsminne em vez do Odinsminne. E o ganso deste é chamado Martinsgans.
O culto de S. Martinho não passa pois de um sucedâneo do culto ao(s) Deus(es) da Guerra da Europa céltica e germânica, tendo entretanto uns quantos laivos dionisíacos, pois que, coincidência ou não, os antigos Gregos também celebravam o culto a Diónisos nesta altura do ano.
Quanto à data, parece confiável dizer-se que o 11, ou o 12, de Novembro era pelos antigos Germanos celebrado como o Festival dos Einherjar, ou de Odin, Deus da Guerra, da Magia e dos Einherjar.
Os Einherjar são os guerreiros mortos em combate que estão no Valhalla, palácio de Odin, onde combatem durante todo o dia, comem carne de javali e bebem hidromel servido pelas Valquírias, e donde partem de quando em vez em atroadoras cavalgadas fantasmagóricas durante as noites de tempestade invernais.
Trata-se pois de um dia dos guerreiros - e, conforme diz Teófilo Braga em «O Povo Português nos Seus Costumes, Crenças e Tradições» (volume I), Marte, o Deus da Guerra, tem uma função de psicopompo, isto é, de condutor das almas ao outro mundo, nomeadamente as almas dos guerreiros, tal como S. Martinho também tem, no dizer do mesmo autor, um carácter funerário (op. cit., vol. II, pág. 67). Observa-se aqui uma semelhança de carácter entre o latino Marte e o germânico Odin.
A respeito deste último (Odin=Wuotan), diz Teófilo Braga o seguinte: (vol. II, pág. 223): «(...) Quase todas as igrejas e capelas pertencentes a São Miguel elevam-se sobre montanhas originariamente consagradas a Wuotan. O São Miguel cai na época em que, no norte da Alemanha, se celebrava a festa de Wuotan, enquanto que no sul, onde o Verão é mais longo, esta última coincidia com o São Martinho. Muitos dos atributos de Wuotan couberam em partilha a São Martinho, que possui o cavalo branco, o seu manto, a espada, e que se mostra às vezes à frente dos exércitos. (...)»
A semelhança entre as várias tradições europeias nesta ocasião festiva observa-se também ao nível dos costumes populares ainda praticados. O consumo de carne de porco é em toda a Europa Ocidental um dos elementos desta celebração - em Portugal, por exemplo, diz-se «No dia de S. Martinho mata o porquinho e põe-te mal com o vizinho», o que, numa só frase, refere não apenas o suíno mas também uma atitude de certo modo marcial.
Em Portugal diz-se também «Todo o porco tem o seu S. Martinho», equivalente ao inglês «His Martinmas will come, as it does to every hog», o que significa que toda a gente tem de morrer, mas que tem inequivocamente um toque de violência, o que por outro lado também evoca o facto de nesta altura do ano os povos antigos da Europa abaterem o gado que não podiam guardar, prática que se observa no Primeiro de Novembro português da Serra da Estrela. E, como as tradições estão muitas vezes encadeadas umas nas outras, e já que se fala em Primeiro de Novembro, parece pertinente recordar que, tal como os Latinos antigos faziam o ano começar no mês dedicado ao Deus da Guerra (o ano latino antigo começava em Março, mês de Marte), é possível senão provável que os seus parentes Celtas também começassem o ano com uma celebração em honra do seu Deus da Guerra, a avaliar pela proximidade entre o S. Martinho e o Samain ou Helloween.
Registe-se também a tradição alemã do Martinshörnchen (croissants de S. Martinho): a lenda diz que Martinho, enquanto soldado, usava a capa de Wotan, e por conseguinte as pessoas comem estes croissants feitos de uma determinada pasta porque os pães em forma de crescente são similares às pegadas do cavalo de Wotan, Deus da Guerra e da Sabedoria.
É particularmente relevante a tradição das Martinslampen («luzes» de S. Martinho): tal como a resplandecência de S. Martinho traz a luz às trevas, também no campo se acendem luzes em abóboras (semelhantes às abóboras luminosas do Halloween nos países anglo-saxónicos) pela noite dentro. Fazia-se inclusivamente uma procissão de luzes deste tipo, que se origina provavelmente no lucernarium, o acender de velas litúrgico.
Registe-se também que na Escócia e no norte de Inglaterra costumava-se chamar «mart» a um boi gordo, porque este animal era abatido no dia de S. Martinho.
Não será despropositado também lembrar que o dia de S. Martinho se celebra nas proximidades da celebração pagã romana da Vinália, festival do vinho, consagrado a Júpiter.
A semelhança entre as várias tradições europeias nesta ocasião festiva observa-se também ao nível dos costumes populares ainda praticados. O consumo de carne de porco é em toda a Europa Ocidental um dos elementos desta celebração - em Portugal, por exemplo, diz-se «No dia de S. Martinho mata o porquinho e põe-te mal com o vizinho», o que, numa só frase, refere não apenas o suíno mas também uma atitude de certo modo marcial.
Em Portugal diz-se também «Todo o porco tem o seu S. Martinho», equivalente ao inglês «His Martinmas will come, as it does to every hog», o que significa que toda a gente tem de morrer, mas que tem inequivocamente um toque de violência, o que por outro lado também evoca o facto de nesta altura do ano os povos antigos da Europa abaterem o gado que não podiam guardar, prática que se observa no Primeiro de Novembro português da Serra da Estrela. E, como as tradições estão muitas vezes encadeadas umas nas outras, e já que se fala em Primeiro de Novembro, parece pertinente recordar que, tal como os Latinos antigos faziam o ano começar no mês dedicado ao Deus da Guerra (o ano latino antigo começava em Março, mês de Marte), é possível senão provável que os seus parentes Celtas também começassem o ano com uma celebração em honra do seu Deus da Guerra, a avaliar pela proximidade entre o S. Martinho e o Samain ou Helloween.
Registe-se também a tradição alemã do Martinshörnchen (croissants de S. Martinho): a lenda diz que Martinho, enquanto soldado, usava a capa de Wotan, e por conseguinte as pessoas comem estes croissants feitos de uma determinada pasta porque os pães em forma de crescente são similares às pegadas do cavalo de Wotan, Deus da Guerra e da Sabedoria.
É particularmente relevante a tradição das Martinslampen («luzes» de S. Martinho): tal como a resplandecência de S. Martinho traz a luz às trevas, também no campo se acendem luzes em abóboras (semelhantes às abóboras luminosas do Halloween nos países anglo-saxónicos) pela noite dentro. Fazia-se inclusivamente uma procissão de luzes deste tipo, que se origina provavelmente no lucernarium, o acender de velas litúrgico.
Registe-se também que na Escócia e no norte de Inglaterra costumava-se chamar «mart» a um boi gordo, porque este animal era abatido no dia de S. Martinho.
Não será despropositado também lembrar que o dia de S. Martinho se celebra nas proximidades da celebração pagã romana da Vinália, festival do vinho, consagrado a Júpiter.
Tudo indica pois que «São Martinho» foi erigido pela Igreja como anti-Marte, inimigo dos Deuses dos ancestrais europeus.
Assim, tratando-se ou não de uma data consagrada ancestralmente ao Deus da Guerra na Sua vertente mais luminosa, certo é que nada impede que se Lhe dedique este dia.
Assim, tratando-se ou não de uma data consagrada ancestralmente ao Deus da Guerra na Sua vertente mais luminosa, certo é que nada impede que se Lhe dedique este dia.
29 Comments:
"Alguns proponentes do nacional-anarquismo afirmam que o separatismo racial pode ser obtido sem o ódio racial e o ideal retrógrado das supremacias raciais. Southgate defende que os nacional-anarquistas anglo-saxónicos são separatistas raciais que se opõem à miscigenação mas que não tentam fazer impor os seus pontos de vista a terceiros. “Procuramos o nosso próprio espaço no qual possamos viver de acordo com os nossos princípios”."
3ª VIA NOW!!...
http://www.youtube.com/watch?v=ijr9lU2J2Wk
É caso para se dizer:o seu a seu dono!O Cockney londrino das ruas,docas e pubs do East End é virtualmente impossível de imitar na perfeição.Ainda por cima,um brasileiro...
O resultado final é pavoroso:parece um australiano,ou pior,um zimbabweano branco.
Para esquecer e rir muito...
"Cardeal de Hong Kong aponta «perigo» do nacionalismo na China
E exclui visita oficial do Papa por falta de «liberdade religiosa e de imprensa»
O Cardeal de Hong Kong, D. Joseph Zen, está preocupado com o perigo do nacionalismo na China. D. Zen, numa entrevista ao jornal «La Stampa» reafirmou a reivindicação essencial para a Igreja católica que o Papa possa nomear os Bispos.
“O nacionalismo é um perigo real”, advertiu. Referindo-se a “pesquisadores” que “vêem nos recentes eventos na China o perigo que o país por seguir caminhos facistas, ou pela via de um sistema ditatorial com fortes características nacionalistas”.
“Para os próximos Jogos Olímpicos, o governo insistiu bastante no orgulho chinês, justificando que se trata de um sentimento saudável, mas este sentimento não pode descambar para um idealismo nacionalista”, sublinha o Cardeal Zen.
Interrogado acerca dos obstáculos a um restabelecimento das relações diplomáticas entre o Vaticano e Pequim, o Cardeal sublinhou que “a principal dificuldade é a ausência de uma verdadeira liberdade religiosa na China”.
Para a Igreja é “essencial que o Papa possa escolher livremente os seus bispos”, afirmou, ainda que o “governo pretenda intervir” neste domínio.
“Manter relações diplomáticas significa legitimar uma política religiosa que não está de acordo com a efectiva liberdade para os cristãos”.
A 12 de Maio, o Cardeal de Hong Kong referiu não ser altura de uma visita oficial do Papa à China, pois “não há liberdade religiosa nem de imprensa”.
A China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas desde 1951. O restabelecimento das relações é uma questão importante para Pequim que deseja melhorar a sua imagem internacional. No entanto, o Vaticano, estabeleceu como condição que todos os católicos, quer da Igreja oficial como da clandestina se submetam à autoridade papal.
Bento XVI dirigiu, a 30 de Junho de 2007, uma carta aos católicos chineses. Um gesto “muito apreciado entre os féis, tanto da Igreja oficial como da clandestina”, segundo o Cardeal Zen.
A pedido do Papa, o dia 24 de Maio assinalou a Jornada Mundial de Oração pela Igreja da China. Bento XVI escreveu mesmo uma oração a Nossa Senhora de Shesham. Neste dia todos os católicos chineses estiveram unidos em oração."
A Persistente Atração do Nacionalismo
Em nosso século, a morte do nacionalismo foi proclamada inúmeras vezes:
- depois da primeira guerra mundiaal, quando os últimos impérios da Europa, o austríaco e o turco, fragmentaram-se em nações autônomas, de modo que (excetuados os sionistas)não restaram nacionalistas;
- depois do golpe de estado bolcheevique, quando foi afirmado que as lutas da burguesia por autodeterminação tinham sido substituídas pelas lutas dos trabalhadores, que não têm pátria;
- depois da derrota militar da Itália fascista e da Alemanha nacional-socialista, quando as conseqüências genocidas do nacionalismo foram mostradas para todo o mundo e se pensou, então, que o nacionalismo como credo e como prática estava desacreditado para sempre.
No entanto, quarenta anos depois da derrota militar dos fascistas e nacional-socialistas, podemos ver que o nacionalismo não apenas sobrevive, mas renasceu com mais força. O nacionalismo foi revitalizado, não só pela chamada direita, mas também e principalmente pela chamada esquerda. Depois da guerra nacional-socialista, o nacionalismo deixou de ser exclusividade dos conservadores, se tornou credo e prática dos revolucionários, chegando a se exibir como o único que realmente funciona.
Esquerdistas e nacionalistas revolucionários insistem que seu nacionalismo não tem nada em comum com o nacionalismo dos fascistas e nacional-socialistas, que o seu é o nacionalismo dos oprimidos, que oferece a libertação tanto pessoal quanto cultural. As exigências dos nacionalistas revolucionários foram difundidas pelo mundo por duas das mais antigas instituições hierárquicas, que sobrevivem ainda hoje: o Estado chinês e a igreja católica. Atualmente, o nacionalismo se apresenta como estratégia, ciência e teologia da libertação, como realização da máxima iluminista segundo a qual conhecimento é poder, como uma resposta comprovada à questão 'Que fazer?'.
Para questionar esses postulados e vê-los num contexto, tenho que perguntar o que é o nacionalismo - não só o novo nacionalismo revolucionário, mas também o antigo e conservador. Não posso começar definindo o termo, porque o nacionalismo não é uma palavra com uma definição estática, mas um termo que cobre uma série de experiências históricas diferentes. Começarei fazendo um breve esboço de algumas destas experiências.
* * *
De acordo com uma concepção errônea (e manipulatória) comumente aceita, o imperialismo é relativamente recente, consistindo na colonização do mundo inteiro e no último estágio do capitalismo. Tal diagnóstico aponta uma cura específica: o nacionalismo é oferecido como antídoto do imperialismo; as guerras de libertação nacional são recomendadas para romper com o império capitalista.
Esse diagnóstico serve a um propósito, mas não descreve nenhum evento ou situação. Estamos mais próximos da verdade quando analisamos essa concepção em suas raízes e afirmamos que o imperialismo foi o primeiro estágio do capitalismo, que o mundo foi subseqüentemente colonizado por estados-nações e que o nacionalismo é o estágio dominante, o atual, e (esperamos) o último estágio do capitalismo. Os fatos deste acontecimento não foram descobertos ontem, são tão familiares quanto a concepção errônea que os nega.
Por diversas razões, tem sido conveniente esquecer que, até poucos séculos atrás, as potências dominantes da Eurásia não eram estados-nações, mas impérios. Um Império Celestial, governado pela dinastia Ming, um Império Islâmico, governado pela dinastia otomana, e um Império Católico, dirigido pela dinastia Habsburgo, todos se enfrentavam pela posse do mundo conhecido. Dos três, os católicos foram não os primeiros, mas os últimos imperialistas. O Império Celestial dos Ming dominou a maior parte do leste da Ásia e tinha enviado grandes navios comerciais ultramar um século antes de os navegantes católicos invadirem o México.
Os que elogiam o triunfo católico esquecem que, entre 1420 e 1430, o burocrata imperial chinês Cheng Ho comandou expedições navais de 70.000 homens e navegou ao redor da Malásia, Indonésia e Ceilão, além do Golfo Pérsico, Mar Vermelho e África. Os que enaltecem os conquistadores católicos menosprezam os êxitos do império otomano, que conquistou a maioria das províncias ocidentais do antigo império romano, o norte da África, Arábia, o Oriente Médio e metade da Europa, controlou o Mediterrâneo e chegou às portas de Viena. Para escapar do cerco, o império católico se voltou para o oeste, além dos limites do mundo conhecido.
O nacionalismo só se opõe ao imperialismo no reino das definições. Na prática, o nacionalismo foi uma metodologia que conduziu ao império do capital. O contínuo aumento do capital, chamado de progresso material, desenvolvimento econômico ou industrialização, foi a principal atividade da classe média, da burguesia, já que o que possuíam era capital, enquanto as classes dominantes possuíam Estados.
A descoberta de novos mundos de recursos enriqueceu imensamente as classes médias, mas também as fez vulneráveis. Os reis e nobres, que inicialmente tinham recolhido as riquezas pilhadas do novo mundo, ressentiram-se da perda de quase todos os seus lucros para os comerciantes. Isso não podia continuar. A riqueza não chegava em formas utilizáveis; os comerciantes proviam o rei com coisas que ele podia usar em troca dos tesouros saqueados. Os monarcas, que empobreciam enquanto os mercadores ficavam cada vez mais ricos, não hesitaram em usar seus exércitos para pilhar seus ricos comerciantes. As classes médias sofreram constantes ataques sob o velho regime ? ataques às suas propriedades. Não confiavam no exército e a polícia reais como protetores de suas propriedades. E os comerciantes poderosos, que já controlavam os negócios do império, tomaram medidas para pôr fim à instabilidade. Utilizaram a política. Eles podiam contratar exércitos privados, o que fizeram com freqüência. Tão logo instrumentos para mobilizar exércitos e a polícia nacionais apareceram no horizonte, os homens de negócio recorreram a eles. A principal vanragem de uma força armada nacional é que ela garante que um empregado patriota lutará ao lado de seu patrão contra o empregado do patrão inimigo.
A estabilidade, assegurada pelo aparato repressivo nacional, deu aos proprietários algo como uma estufa em que seu capital pôde crescer e se multiplicar. O termo 'crescimento' e seus corolários vieram do vocabulário dos capitalistas. Essas pessoas vêem uma unidade de capital como uma semente que lançam no solo fértil. Na primavera, eles vêem brotar uma planta de cada semente. No verão, eles colhem tantas sementes de cada planta que, depois de pagar pelo solo, o sol e a chuva, eles têm ainda muito mais sementes do que tinham. No ano seguinte, os campos serão maiores e gradualmente o terreno melhora. Na realidade, as 'sementes' iniciais são dinheiro; o sol e a chuva são as energias dos trabalhadores; as plantas são fábricas, oficinas e minas; os frutos colhidos são mercadorias, pedaços de um mundo processado; e as sementes excedentes são os lucros, são honorários que o capitalista retém para si, em vez de dividir entre os trabalhadores. O processo como um todo consiste na transformação das substâncias naturais em itens vendáveis ou mercadorias, e no encarceramento dos trabalhadores assalariados nas indústrias processadoras.
O historiador e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, José Barreto, descobriu um artigo inédito sobre Fátima da autoria do escritor português Fernando Pessoa.
O documento teria sete páginas tipográficas, de acordo com o sumário que Pessoa deixou escrito - e destinava-se a ser publicado no primeiro número da revista Norma, um dos três projectos editoriais de Pessoa no ano da sua morte, em 1935, um quinzenário sobre Literatura e Sociologia que não chegou a concretizar.
De acordo com o historiador: "É um texto irónico, a roçar a sátira anticlerical, em que Pessoa parece regressar ao seu radicalismo de juventude. A intenção não é propriamente anti-religiosa mas anti-católica - uma ‘nuance’ que se deve sublinhar".
O texto começa assim: "Fátima é o nome de uma taberna de Lisboa onde às vezes… eu bebia aguardente. Um momento… Não é nada d’isso… Fui levado pela emoção mais que pelo pensamento e é com o pensamento que desejo escrever".
"Fátima é o nome de um lugar da província, não sei onde ao certo, perto de um outro lugar do qual tenho a mesma ignorância geográfica mas que se chama Cova de qualquer santa", escreveu o poeta.
Acrescentando: "Nesse lugar - esse ou o outro - ou perto de qualquer d’elles, ou de ambos, viram um dia umas crianças aparecer Nossa Senhora, o que é, como toda gente sabe, um dos privilégios (…) a que se não (…). Assim diz a voz do povo da provincia e a ‘A Voz’ (jornal católico e monárquico) sem povo de Lisboa".
"Deve portanto ser verdade, visto que é sabido que a voz das aldeias e ‘A Voz’ da cidade de há muito substituíram aquelas velharias democráticas que se chamam, ou chamavam, a demonstração científica e o pensamento raciocinado", ironizou.
Pessoa denunciava o aproveitamento da crença do povo por parte do poder político e afirmava: "o facto é que há em Portugal um lugar que pode concorrer e vantajosamente com Lourdes. Há curas maravilhosas, a preços mais em conta".
Em síntese: "O negócio da religião a retalho, no que diz respeito à Loja de Fátima, tem tomado grande incremento, com manifesto gaudio místico da parte dos hoteis, estalagens e outro comércio d’esses jeitos - o que, aliás, está plenamente de accordo com o Evangelho, embora os católicos não usem lê-lo - não vão eles lembrar-se de o seguir!".
Lisboa, 03 Jul (Lusa) - Fernando Pessoa encarava Fátima como o lugar mítico da construção do nacionalismo católico e monárquico que ele repudiava, segundo o historiador José Barreto, que revelou quarta-feira um texto inédito do poeta sobre aquele lugar de culto.
"É um texto irónico, a roçar a sátira anticlerical, em que Pessoa parece regressar ao seu radicalismo de juventude. A intenção não é propriamente anti-religiosa, mas anti-católica - uma 'nuance' que se deve sublinhar", disse José Barreto numa conferência proferida na Casa Fernando Pessoa, no âmbito de um ciclo intitulado "O Guardador de Papéis", que assinala os 120 anos do seu nascimento.
Começa assim: "Fatima é o nome de uma taberna de Lisboa onde às vezes... eu bebia aguardente. Um momento... Não é nada d'isso... Fui levado pela emoção mais que pelo pensamento, e é com o pensamento que desejo escrever", disse o poeta, cujo anti-catolicismo esteve patente no seu pensamento político ao longo de toda a vida (1888-1935).
Datado de 1935, o texto de cinco páginas manuscritas descoberto pelo investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa é apenas "o preâmbulo de um artigo maior que teria um carácter de estudo de caso, permitindo caracterizar aquilo a que Pessoa chama 'esta religiosidade portuguesa, o catolicismo típico deste bom e mau povo'", explicou, citando o poeta.
"Fatima é o nome de um logar da provincia, não sei onde ao certo, perto de um outro logar do qual tenho a mesma ignorancia geographica mas que se chama Cova de qualquer santa", escreveu Pessoa.
"Nesse logar - esse ou o outro - ou perto de qualquer d'elles, ou de ambos, viram um dia umas crianças apparecer Nossa Senhora, o que é, como toda gente sabe, um dos privilégios (...) a que se não (...). Assim diz a voz do povo da provincia e a 'A Voz' (jornal católico e monárquico) sem povo de Lisboa", prosseguiu.
"Deve portanto ser verdade, visto que é sabido que a voz das aldeias e 'A Voz' da cidade de ha muito substituíram aquellas velharias democraticas que se chamam, ou chamavam, a demonstração scientifica e o pensamento raciocinado", ironizou.
Antes de iniciar a leitura, José Barreto forneceu algumas indicações "para melhor compreensão do texto", nomeadamente sobre referências feitas por Fernando Pessoa a escritores e políticos portugueses e franceses.
"Pessoa pretende estabelecer uma identificação entre Fátima e o nacionalismo católico dos reaccionários portugueses, representados neste caso pelo jornal católico e monárquico A Voz e por Alfredo Pimenta, que foi um célebre escritor integralista e católico que apoiou Salazar e também Mussolini e Hitler", referiu.
Por sua vez - explicou - "a referência ao político francês de extrema-direita Léon Daudet, filho do escritor Alphonse Daudet, bem como ao seu famoso livro 'O Estúpido Século Dezanove' (1922), enquadra-se na opinião de Pessoa de que o nacionalismo reaccionário português era importado de França".
Léon Daudet era, com Charles Maurras, "um dos chefes da Action Française, movimento monárquico, xenófobo e anti-semita que queria restaurar o catolicismo como religião de Estado", acrescentou o historiador.
O Diálogo de Deus
“Que neste texto apenas seja feita a vontade do Criador, que eu seja um instrumento ao digitar as idéias aqui expostas. Toda a inspiração é proveniente de Deus” – Max Diniz Cruzeiro
Cristão diz:
Louvado seja Deus que nos trouxe o dia e a noite e por ter purificado minha alma.
Pagão diz:
Eu posso te dar a salvação, você quer?
Cristão diz:
Tu não sabes que somente o Senhor é capaz de dar a salvação?
Pagão diz:
Deus escolhe eleitos?
Cristão diz:
Não. Deus transmite amor para toda sua criação.
Pagão diz:
É verdade que acima de tudo Deus confere ao homem o livre-arbítrio?
Cristão diz:
Sim, Deus não obriga o homem em suas atitudes. Este é o poder e o amor de Deus.
Pagão diz:
Então eu posso te salvar!
Cristão diz:
Repito. Somente Deus tem o poder de salvar uma pessoa. Cabe a você seguir a palavra de Deus através de seus muitos livros escrito pelos emissários de Deus aqui na terra.
Pagão diz:
Mas se eu quiser utilizar o meu livre-arbítrio e seguir um caminho diferente não chegarei ao mesmo caminho que você que é cristão?
Cristão diz:
Você tem que conhecer a palavra de Deus.
Pagão diz:
Te digo que para Deus não existe diferença se leio ou não leio o código. Você escolheu fazer a vontade de Deus através de regras contidas através de ensinamentos escritos. Eu escolhi aprender com a vida.
Cristão diz:
A palavra de Deus é que diferencia os homens. Com a palavra o homem se torna justo e alcança a paz e o amor eterno. Sem a palavra o homem se perde em filosofias, divagações e pecados que farão seu corpo perecer.
Pagão diz:
Mas saiba você que o ladrão da esquina tem a mesma importância para Deus que uma pessoa que se diz convertida.
Cristão diz:
Jesus ao estar pregado na cruz conversou com um ladrão que se mostrou arrependido e lhe prometeu que estariam juntos no Reino de Deus tão breve aquilo tudo passasse.
Pagão diz:
A noção de verdade que carregas, o fato de você hoje saber o que é certo ou errado foi criado a custa de muito sacrifício humano. Você hoje só sabe o que é o bem porque teve alguém que fizesse a pior parte. Teve alguém que lhe mostrou o que era o ódio, o que era o rancor, a vingança, a promiscuidade, o delírio, a gula, a inveja, a intriga, o horror, a guerra.
Cristão diz:
Estas coisas não são de Deus.
Pagão diz:
Deus confere o livre-arbítrio, mas também distribui papeis para os seres humanos executarem aqui nesta vida.
Cristão diz:
O pecado é uma coisa mundana não é deste mundo.
Pagão diz:
Mas como ficou sabendo o que era mundano do que era justo e divino?
Cristão diz:
A palavra de Deus me orienta e me mostra através de parábolas o verdadeiro caminho a seguir.
Pagão diz:
Quantos mais precisarão morrer para você sustentar a vivência da sua palavra para conseguires a perfeição espiritual? Quantos mais devem ser excluídos da sociedade para que o seu temor a Deus seja glorificado? Quantos mais terão que errar para que o sentimento de aliança com Deus seja fortificado em seu ser?
Cristão diz:
Todos têm escolhas. Não sou eu que os prendo em pecado. Minha inspiração divina é Deus. Projeto meus pensamentos no meu Criador e não me comparo com as pessoas desviadas do caminho Dele.
Pagão diz:
Não quero interferir no seu livre-arbítrio de acreditar e seguir um código. Mas eu quero que saibas que todos os caminhos são válidos.
Cristão diz:
Discordo. Têm pessoas que prefere o culto ao Demônio a do amor de Deus.
Pagão diz:
Não seria uma forma de ensinamento destas pessoas de que Deus está conferindo a elas o livre-arbítrio?
Cristão diz:
Mas você acha isto certo?
Pagão diz:
Minha opinião não conta neste caso. E te digo que estas pessoas também exercem seus direitos à vida.
Cristão diz:
Mesmo se fizerem sacrifícios humanos?
Pagão diz:
Cada um tem seu livre-arbítrio. Quando uma pessoa interfere no livre-arbítrio de outra a justiça é feita. Para isto a sociedade criou artifícios para coibir tais práticas.
Cristão diz:
Eu sou ungido por Deus, que conversa comigo nos meus momentos de solidão.
Pagão diz:
Deus também conversa comigo, conversa com os corruptos, conversa com os contraventores, com os descrentes, e com você também.
Cristão diz:
Deus está ao alcance apenas daqueles que seguem a palavra.
Pagão diz:
Repito: Deus tem escolhidos?
Cristão diz:
Não. Deus ama a todos igualmente.
Pagão diz:
Fazer a vontade de Deus pode ser minha expressão através de um gesto que você me ignore que considere pecado para realçar um pensamento seu que te fará mais feliz. Por isto eu posso te salvar.
Cristão diz:
Que Deus me afastes dos teus pensamentos mundanos.
Pagão diz:
Pronto, já surtiu efeito. Te salvei, pois você acabou de me usar para realçar um pensamento seu que segundo sua doutrina te levará para o Reino de Deus.
Cristão diz:
Me desculpe, não tenho poder para julga-lo.
Pagão diz:
O arrependimento segundo sua filosofia te deixará mais próxima ao portão do paraíso. Embora que Samaritanos e Judeus, mencionando o velho testamento, também entrarão no paraíso.
Cristão diz:
Rezarei para sua alma. Para a sua conversão.
Pagão diz:
Não quero, cuide de sua própria alma. Pois o uso do meu livre-arbítrio me confere um outro papel aqui na terra.
Cristão diz:
Se não conheceres a palavra não entrara no Reino dos Céus!
Pagão diz:
Se for minha vontade entrar no Reino seguirei o meu caminho e todos estarão no mesmo “barco” quando chegar a hora.
Cristão diz:
Lamento pela sua alma é uma boa pessoa.
Pagão diz:
Da certeza desta vida só temos o instante do nascimento até o instante da morte. Ninguém nunca voltou para contar detalhes da outra vida se é que existe uma.
Cristão diz:
Se arrependeres de teus pecados estará livre.
Pagão diz:
Nem sempre o que é bom para você será bom para outras pessoas. Cada psique se adapta melhor a determinadas circunstâncias. O remorso e o arrependimento não são os únicos caminhos válidos para uma pessoa melhorar como ser humano. Meu caminho é outro.
Cristão diz:
Vou ser sincero, nada que eu diga largarei o meu Senhor. Deus me mostrou todo o seu fervor e amor. Sua palavra modificou minha vida. Eu saí de um mundo de ilusões e encontrei minha verdadeira paz. Gloria a Deus.
Pagão diz:
Eu estou feliz, pois sei que te salvei hoje.
Cristão diz:
Entendo o que você quer dizer. Se vires como instrumento de Deus eu aceito o ensinamento que Deus te confiou passar para mim. Se vires em nome do Demônio que te arrebata para bem longe de mim.
Pagão diz:
Acho que falamos a mesma língua. Na minha visão forças antagônicas servem apenas para repassar ensinamentos.
Cristão diz:
Na minha visão eu guardo as coisas que são boas, ou seja, que vem de Deus para repassar para outros Cristãos.
Pagão diz:
Só te esclareço uma coisa: nem sempre ouvir vozes na cabeça significa que você esteja ouvindo uma mensagem de Deus.
Cristão diz:
Só Deus tem o poder de conversar diretamente com seu íntimo.
Pagão diz:
Vocês cristãos têm uma carga psicossomática muito grande que divide o cérebro de vocês em conceitos do que seja o bem e o mal. Isto pode gerar delírios psicológicos que induzem a ouvir pensamentos no cérebro como se fosse a voz de Deus manifestando, mas na realidade é sua vontade agindo.
Cristão diz:
É a palavra de Deus manifestando em nossa mente.
Pagão diz:
Delírios todo mundo tem em menor ou maior grau. É como se as pessoas sonhassem acordadas projetando idealizações e sonhos.
Cristão diz:
Quanto a isto falarei com meu orientador espiritual. Como ele é ungido por Deus saberá me orientar melhor.
Pagão diz:
Nos veremos no céu então quando for chegada a hora.
Cristão diz:
Se você se converter sim!
Pagão diz:
Ok, me faça uma visita no purgatório quando você estiver lá no céu.
Cristão diz:
Que Deus tenha pena de sua alma Pagão.
Pagão diz:
Se precisar de mim te salvarei.
Cristão diz:
Já tenho a Deus! Obrigado! Vá em paz.
Diálogo Intercultura: Paganismo e cristianismo cruzam-se em exposição luso-brasileira
As propostas idealistas, pagãs e cristãs do português Albuquerque Mendes e do brasileiro Nelson Leirner integram uma nova mostra que estará patente a partir de hoje no Instituto Valenciano de Arte Moderna em Valência, IVAM (Espanha).
A mostra “Caminho de Santos”, que poderá ser vista até 26 de Abril, pretende, segundo uma nota do IVAM, promover o diálogo intercultural latino-americano, com obras de pintura e escultura dos dois continentes.
Cerca de uma centena de desenhos, figuras em miniatura, camiões e barcos de madeira, retratos de santos e filas de pratos sucedem-se nas salas da exposição, “questionando o sentido, as normas e o alcance dos rituais”.
Para a directora do IVAM, Consuelo Ciscar, a exposição “apela à ideia do desfile e das procissões como fio condutor do cruzamento de histórias e de cultural entre a América e a Europa”.
Isabel Durán, comissária da exposição, referiu que a obra de Leirner e de Mendes permite “estabelecer um diálogo entre duas culturas irmãs e entre duas formas de entender a transcendência da vida”.
O que propõe a exposição, explicou, é criar um “tapete plástico, tecido a quatro mãos e com uma série de histórias que se cruzam”.
Definindo o seu companheiro de exposição como um “criador pagão e supersticioso”, Albuquerque Mendes definiu-se a si próprio como “um cristão que faz da religião o centro de tudo”.
Lusa
ORIGEM PAGÃ DO CRISTIANISMO DOGMÁTICO
(13/10/2009)
O cristianismo dogmático e mítico (paulinismo) é todo de origem pagã, uma vez que é cópia, repetição ou plágio de temas ou ideias estabelecidas ao longo de muitos séculos ou milênios antes de Cristo. Para escrever esta matéria, valho-me exclusivamente da obra de Tom Harpur (O Cristo dos Pagãos: a sabedoria antiga e o significado espiritual da Bíblia e da história de Jesus. São Paulo: Editora Pensamento, 2008). Embora eu discorde desse autor, por ele rejeitar o “Jesus histórico” (como visto pelos pesquisadores do Seminário de Jesus), concordo com as inúmeras evidências apresentadas por ele em seu referido livro referentes à origem pagã do cristianismo dogmático e mítico. Como o Cristo da fé, também Hórus (do Egito) era visto como Deus encarnado, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nascido de um parto virginal e filho de uma mãe divina. Como o Cristo mítico, também Hórus era “o Senhor da Luz” [...], “o Caminho, a Verdade e a Vida” (HARPUR, p. 88 e 93).
Reflitamos a seguir sobre mais comparações apresentadas por Tom Harpur entre o cristianismo mítico e as religiões pagãs, particularmente a religião egípcia antiga:
Sigmund Freud, fundador da psiquiatria moderna, já dizia que a Bíblia judaico-cristã era um “plágio total” das mitologias sumérias e egípcias (HARPUR, p. 19). Segundo a Doutora Anna Bônus Kingsford, “os livros sagrados hebraicos são todos de origem egípcia” (id., ibid.). Havia até mesmo um Jesus [mítico] nas tradições egípcias muitos milhares de anos antes de Cristo. O nome dele era Iusu, ou Iusa, com o significado de “o Filho divino que virá para curar ou salvar” (id., ibid.).
O Khristós egípcio, ou Cristo, era chamado Hórus, filho do deus Osíris e da deusa Ísis. Hórus e sua mãe, Ísis, foram os predecessores da Madona com o Filho dos cristãos e juntos constituíam uma imagem dominante na religião egípcia por milênios antes dos Evangelhos (p. 20). Esse Hórus mítico antecipou por milhares de anos a maior parte das palavras e dos milagres de Jesus Cristo; Hórus também fora concebido sem pecado e em um dos seus papéis fora “um pescador de homens com doze seguidores” (id., ibid.). “Marta e Maria figuravam em uma história sobre a ressurreição de El-Asar, ou Lázaro, dentre os mortos, em uma Betânia egípcia cerca de 4 mil anos atrás. O “milagre” descrito no evangelho de João nunca foi um acontecimento histórico; ao contrário, era um símbolo recorrente, profundamente arquetípico e amplamente usado do poder de Deus de promover a ressurreição dos mortos” (ibid.).
As letras KRST que aparecem em caixões de múmias egípcias antigas séculos antes de Cristo... significam na realidade Karast ou Krist, significando Cristo” (ibid.). “O fundamento da doutrina cristã no início, a encarnação do espírito na carne humana ou matéria em cada um de nós, é na realidade o mito mais antigo e universal conhecido das religiões. Era comum na religião de Osíris ao menos 4 mil anos antes da era cristã” (ibid.).
“A Igreja atual encontra-se numa encruzilhada. Muitos dos seus melhores pensadores advertem que pode haver apenas mais uma geração antes da extinção, por causa de seu fracasso em comunicar-se eficazmente com a época pós-moderna. Richard Holloway, ex-primaz da Igreja Episcopal Escocesa... diz:
"O fim da religião cristã está próximo porque há um sistema solapando a tradicional “economia da salvação”, que mais se preocupa em preservar o seu poder do que em discutir a verdade" (id., ibid., p. 22)
“As religiões judaica e cristã realmente devem as suas origens a raízes egípcias” (id., ibid.).
Tudo – da estrela no oriente até a caminhada de Jesus sobre as águas, do pronunciamento do anjo até o massacre dos inocentes por Herodes, da tentação no deserto à conversão da água em vinho – já existia nas fontes egípcias. O Egito e o seu povo já se ajoelhavam ante a visão da Madona com o Filho, Ísis e Hórus, por muitos longos séculos antes de qualquer Maria presumidamente histórica amparar nos braços o seu Jesus supostamente histórico. [...] Há provas irrefutáveis de que nenhuma doutrina, rito, princípio ou uso isolado na religião cristã tenha sido na realidade uma contribuição nova ao universo religioso. [...] Todo o corpo da doutrina cristã é simplesmente um egipcismo adaptado e mutilado (p. 24)
A história de Jesus não é original como nos parece nos Evangelhos do Novo Testamento. Gerald Massey isolou 180 exemplos de semelhança muito próxima ou identidade real entre Hórus, o Cristo do velho Egito, e o Jesus do Evangelho. [...]
O Egito foi verdadeiramente o berço da figura do Jesus [mítico] dos Evangelhos. Ali já existia a história de como o filho divino “deixou as cortes celestiais”, conforme Massey descreve, e desceu à terra como o bebê Hórus. Nascido de uma virgem (por meio de quem ele “se fez carne”, ou entrou na matéria), ele depois se torna um substituto da humanidade, desceu ao Hades como o ressuscitador dos mortos, capaz de perdoá-los e redimi-los, “os primeiros frutos”, e líder da ressurreição para a vida futura. [...]
Depois que ocorreu a historicização e a literalização do personagem central no mito de Jesus, e que começaram como uma série de dramatizações baseadas em um redentor simbólico ou mítico fortemente cristalizadas nos quatro Evangelhos como histórias reais de um deus disfarçado, as acusações dos inimigos pagãos e dos críticos do cristianismo se fizeram ouvir. Vocês roubaram todas as nossas crenças e os nossos ritos, clamaram eles, e ao transformá-los em eventos concretos, históricos, os reivindicaram como seus. O que vocês escreveram nos seus Evangelhos já estava tudo escrito antes pelos sábios e semideuses a que reverenciamos. Na minha opinião, esse veredicto dos chamados pagãos é hoje inatacável. Quando se lê, por exemplo, sobre o personagem salvador de Hórus fazendo explicitamente afirmações do tipo “Eu sou”, que os cristãos conservadores ensinam enfaticamente como pertinentes integral e exclusivamente a Jesus – em especial no Evangelho de João –, percebe-se o que aqueles críticos pagãos estavam dizendo. Pense no seguinte: Hórus (O Ritual: O Livro dos Mortos egípcio, c. 78) diz: “Eu sou Hórus em glória”; “Eu sou o Senhor da Luz”; “Eu sou o vitorioso (...) Eu sou o herdeiro do tempo eterno”; “Eu, eu mesmo, sou aquele que conhece os caminhos para o céu”. Essas frases todas fortemente remanescentes (ou melhor, talvez se devesse dizer proféticas) das palavras de Jesus: “Eu sou a luz do mundo”, e novamente, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. [...]
A “vida” de Jesus nos Evangelhos já estava escrita, em essência, pelo menos 5 mil anos antes da vinda dele. Um Jesus egípcio ressuscitou dos mortos um Lázaro egípcio em uma Betânia egípcia, na presença de uma Maria e uma Marta egípcias, nas inscrições daquela terra antiga pelo menos 5 mil anos antes da era cristã. (HARPUR, p. 86-89).
Para concluir, todas essas evidências apresentadas por Tom Harpur realmente comprovam a origem pagã do cristianismo dogmático, mas rejeito sua tese de que Jesus de Nazaré não é uma pessoa histórica, mas inteiramente mítica (o Cristo cósmico, O Cristo interno, a divindade dentro de cada um de nós). Essa visão mítica de Jesus é muito interessante, mas não se pode negar que existiu um Jesus histórico, que nos ensinou a praticar um código de moral (ou de ética) universal, resumido na lei do amor, a única forma de religiosidade capaz de fazer-nos evoluir espiritualmente. Não é a crença num "Cristo cósmico" que nos fará evoluir espiritualmente, mas somente a vivência do amor-caridade.
Temos acompanhado em vários momentos a suposta rixa entre adeptos do Paganismo e algumas vertentes da religiosidade cristã. Disputas, agressões e simples discussões de ambos os lados causam em algumas vezes situações desagradáveis para sacerdotisas e sacerdotes pagãos que mantém um trabalho de esclarecimento e diálogo multi-religioso. Assistimos cenas patéticas de supostos sacerdotes pagãos agredindo publicamente o Cristianismo.
Seja na forma de chacotas ou longos textos destes que julgam ser eruditos e ao mesmo tempo bem esclarecidos, quando não passam simplesmente de ter a mesma postura adotada por muitos sacerdotes cristãos atacando práticas e cultos de outros segmentos.
Afinal, cabe julgar a religião cristã a respeito dos crimes cometidos na Idade Média? Não será muito mais sensato condenar posturas e determinadas figuras, do que toda uma religiosidade? Pois se assim fosse, teríamos muito bem que condenar as crueldades cometidas pelos antigos povos bárbaros – pagãos – contra inúmeros vilarejos e criaturas inocentes, massacres que muitas vezes eram feitos pelo simples prazer de matar. Aliás, condenemos quem sabe o nobre povo romano – pagão – que jogava os primeiros cristãos aos leões e se deleitava ao assistir o digladiar até o momento fatal.
Com toda certeza, no momento em que passarmos a identificar os legítimos causadores das injustiças e insanidades da humanidade, ou seja, determinadas posturas culturais e não religiões em si, a convivência entre os seres humanos se tornará mais pacífica e bem menos injusta. Não devemos condenar jamais a maneira que um ser humano utiliza para se conectar com o Divino – essa maneira pertence somente a ele – é íntima e toda especial. Tendo os cristãos desenvolvido durante séculos, posturas radicais e intolerantes contra outras religiões, não obstante o contra-ataque jamais deverá ser o desmerecer de seus ritos, sua mítica ou suas divindades, pois isso não valoriza nem legitima sermos mais nobres em essência do que eles: nos torna iguais, quando não, menos nobres, já que nossa religiosidade é pautada na universalidade dos Deuses, reconhecendo que cada indivíduo tem o direito de vê-los como preferir. Diante desse entendimento, podemos simplesmente ignorar determinados comportamentos, pois muitos entram no contexto religioso mal-interpretado de alguns seguidores. Ou em casos mais severos, procurarmos uma maneira pacífica de nos defendermos, seja por meios legais ou simplesmente manifestos sociais em prol da liberdade de culto e respeito à diversidade.
Não pretendo ser hipócrita e dizer que jamais agi como muitos têm agido atualmente. No início de minha caminhada tive vários momentos de fúrias e revoltas contra as religiões cristãs, na maioria das vezes, movido pelo meu próprio passado cristão e em outras, fomentado por algumas pessoas que já haviam chegado à senda antes de mim. Com o tempo, pude ter a graça de entender que religião não faz caráter: deparei-me com indivíduos no Paganismo absolutamente iguais àqueles que eu encontrei nas religiões cristãs do meu passado. No primeiro momento, até parei para pensar se tinha correlação com nossa espiritualidade, mas foi quando entendi que seres humanos são simples e meramente seres humanos – sejam cristãos, pagãos, judeus ou muçulmanos.
Vejo algumas pessoas alegando: “somos pagãos, não precisamos respeitar aqueles que não nos respeitamos”. Creio que a frase até possa fazer muito sentido, mas somente para aqueles que não desenvolvem e talvez nem saibam o que é desenvolver um trabalho público. Aceitação para nossa cultura e nossas religiões na sociedade, implica necessariamente em tolerância e maneiras amenas de lidarmos com situações onde somos agredidos ou simplesmente não somos levados à sério. E falar em tolerância, não é falar em esquecer a agressão ou fazer que nada foi visto: é ter a destreza de saber lidar com a situação, tendo plena consciência de que apesar de sermos pagãos, não habitamos mais um mundo onde a política constitui o dito “olho por olho; dente por dente”. Infelizmente, pensar que com mais desrespeito e mais agressão algumas coisa ganhará resolução nos dias de hoje, é uma das mais puras ignorâncias e das mais baixas grosserias.
Você que já foi ofendido ou agredido por um cristão ou qualquer outra pessoa que não pertença ao Paganismo, já parou para simplesmente dar um sorriso e dizer: “abençoado seja pelos Deuses Antigos, que Eles possam iluminar sua mente e salvá-lo da ignorância...”? Quem sabe, simplesmente dar as costas e nada dizer? Aliás, você que fica aí gritando aos quatro ventos, sentado em sua cadeira na frente do computador, já parou para quem sabe organizar um evento de esclarecimento público em prol do Paganismo? Já conseguiu despir-se do ranço de que o seu próximo não precisa ser igual a você para ser respeitado?
Não se preocupe: se tornar mais educado e ponderado para com as demais crenças não fará você pertencente a elas; fará de você um legítimo pagão.
Um grande abraço e abençoados sejam por Brigit e Kali Ma Negra.
Este comentário foi removido pelo autor.
«Afinal, cabe julgar a religião cristã a respeito dos crimes cometidos na Idade Média? Não será muito mais sensato condenar posturas e determinadas figuras, do que toda uma religiosidade? Pois se assim fosse, teríamos muito bem que condenar as crueldades cometidas pelos antigos povos bárbaros – pagãos – »
Não - porque nada há no Paganismo em si que ordene a crueldade. Pelo contrário, no Cristianismo há um fundo doutrinal de intolerância. Não se trata apenas de actos isolados, cometidos por este ou por aquele, mas de toda uma estrutura mental que motiva acções frequentes, criando um padrão de actuação.
Eu gostava de saber se o anónimo que fez uma longa dissertação sobre o nacionalismo, é contra ou favor do nacionalismo? É que sinceramente não percebi.
Rihanna é a mulher do ano
"Women of the Year Awards"A cantora foi homenageada pela sua luta contra violência doméstica. Michelle Obama, Stella McCartney e Serena Williams estão no ranking "Women of the Year Awards", publicado há 20 anos pela revista Glamour para homenagear mulheres que fizeram contribuições importantes para entretenimento, negócios, desporto, moda, ciência e política.
Depois de adoptar um posicionamento público contra a violência doméstica, a cantora Rihanna juntou-se à primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, à estilista britânica Stella McCartney e a nove outras mulheres hoje homenageadas como "Mulheres do ano".
Nascida em Barbados, Rihanna, 21, cujas canções de sucesso incluem "Umbrella" e "Disturbia", entrou para a lista por ter assumido uma postura pública contra a violência doméstica e exortado outras mulheres a seguir seu exemplo, depois de ter sido agredida por seu ex-namorado, Chris Brown.
O cantor, que até a agressão contra Rihanna, em Fevereiro, era um dos maiores artistas de R&B em ascensão nos Estados Unidos, foi condenado a cinco anos de liberdade condicional e prestação de serviços comunitários.
"Ela demonstrou coragem em ajudar a próxima geração de mulheres a ampliar os seus horizontes, dando-lhes inspiração para se assumirem como líderes do amanhã", disse a revista em comunicado.
Michelle Obama recebeu um prémio de reconhecimento especial como mentora de novas gerações.
A estilista Stella McCartney foi elogiada por suas criações e por ser vegetariana e activista em defesa dos animais, recusando-se a trabalhar com peles ou couro.
A tenista Serena Williams foi escolhida por usar a sua Fundação Serena Williams para pagar os estudos universitários de estudantes nos EUA e, recentemente, abrir uma escola secundária no Quénia.
As jornalistas Laura Ling e Euna Lee foram homenageadas depois de fazer manchetes este ano por terem sido presas enquanto faziam uma reportagem sobre norte-coreanas que cruzam a fronteira da China para escapar da fome.
Entre as homenageadas estão também a escritora, educadora e activista dos direitos civis Maya Angelou, a pediatra Jane Aronson - que chamou a atenção do mundo para a difícil situação de órfãos, com sua Fundação Mundial Órfãos_, e Marissa Mayer, que ajudou a fazer do Google o maior motor de buscas do mundo.
A comediante Amy Poehler também entrou para a lista, citada como inspiração para a nova geração de mulheres. Susan Rice, a primeira embaixadora afro-americana dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), foi elogiada por impor as necessidades das mulheres na agenda americana na ONU, e Maria Shriver, a primeira-dama da Califórnia, por redefinir o seu papel, convertendo-o em plataforma de liderança e transformações das mulheres.
Muitas pessoas lêem vários textos nesse site e aparecem com a opinião ignorante, "Ah, meu deus, esses caras são nazis - eles são ruins!!!". É engraçado ver isso, uma vez que a intolerância deles é chocante e errônea. Eles só vêem o que querem, de acordo com categorias pequenas artificialmente definidas pela sua própria marcha dogmática, e como resultado são muito parecidos com os conservadores e racistas reacionários que eles clamam desprezar! Mesmo se seu dogma é 100% contra algo, se os seus métodos e valores são os mesmos só que ao contrário disso, você é o que você despreza!...
Quase que eu morri na Serra Gaucha,gente...
Vc´s tinham de ver do jeito que a minha moto ficou!Putz...
Chega de papo,cadê a Vera?!
vai pró caralho, islamico de merda!
Southern Brazilian = Marcos Baumann?
Southern Brazilian = Marcos Baumann?
Brancos do sul do Brasil=racistas primários.
"Brancos do sul do Brasil=racistas primários."
Antifa detectado :)
Antifa e primário.
Anónimo disse...
Southern Brazilian = Marcos Baumann?
13 de Novembro de 2009 10:49:00 WET
acho que é o zuca, caps lock, brasucagay, brasucaguei...
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