«UM» BAIRRO ASSOMBRADO POR «UM» FANTASMA

No Vale da Amoreira, Baixa da Banheira, há a convicção de que a tranquilidade só regressará ao bairro se o ‘Fantasma’ recolher em prisão preventiva. A personalidade violenta do cabo-verdiano, de 36 anos, atingiu o seu extremo no último domingo, quando, por causa de um telemóvel, o suspeito de tráfico de droga e o irmão feriram a tiro dois outros homens.
Fernando, nome verdadeiro do ‘Fantasma’, desencadeou os distúrbios de domingo no Vale da Amoreira. A um pedido de ajuda de uma amiga, que alegou que o ex-namorado lhe tinha ficado com o telemóvel, o corpulento cabo-verdiano respondeu com uma espiral de violência. No domingo à tarde, acompanhado do irmão, o alegado traficante disparou contra o homem que procurava e amigos deste. Dois homens ficaram feridos. A PSP deteve o ‘Fantasma’ e o irmão. Este último regressou ao bairro, depois de o Tribunal da Moita lhe ter aplicado apresentações periódicas. A PSP apanhou-o no dia dos distúrbios na posse de munições de calibre interdito a civis. Já o ‘Fantasma’ ainda não foi presente a tribunal. Depois de, na segunda-feira à tarde, ter sido detido por polícias da Baixa da Banheira por ter tentado atropelar um homem, o cabo-verdiano alegou problemas cardíacos, encontrando-se internado sob detenção no Hospital do Barreiro.

PORMENORES

'CAIXA BAIXA'
Os dois jovens, vítimas dos disparos do ‘Fantasma’, pertencem ao gang do ‘Caixa Baixa’, que se opõe ao domínio do cabo-verdiano no bairro.

QUINTA DA PRINCESA
‘Fantasma’ passeia riqueza no Vale da Amoreira. Residente na Quinta da Princesa, Seixal, o cabo-verdiano tem família a morar no bairro da Moita, onde chega ao volante de um Mercedes.

CORPO DE INVESTIGAÇÃO
Agentes do Corpo de Intervenção da PSP e da PSP da Baixa da Banheira mantêm-se noite e dia no Vale da Amoreira para assegurar a ordem.

Tudo isto dito assim, até dá de repente a ideia de que o problema está só num indivíduo, um, «unzinho» apenas», aquilo ali até era tudo uma maravilha, o «fantasma» é que dá cabo daquilo, se não fosse o «fantasma», tudo ali correria bem... Vamos agora ver se o sujeito vai realmente ser detido - pelos vistos, é o que toda a gente quer, não se percebe como é que o dito pode ficar em liberdade... E, depois de ser detido, veremos se a tranquilidade retorna ao bairro para todo o sempre ou se entretanto surgem outros «fantasmas», a juntar a este, a este e aos outros fantasmas que andam por aí, tais como a «culpa» da sociedade branca, o «racismo» da polícia, a pobreza que «obriga» ao crime e à agressão gratuita... fantasmas estes nos quais só acredita a elite sócio-cultural dominante.

Enfim, teve azarzinho, o doce e pacífico bairro do Vale da Amoreira. Podia-lhe ter calhado outro fantasma, daqueles mais selectos e elevados, que não cheiram mal nem roubam telemóveis, nem andam no tráfico de droga, mas que em vez disso até fazem uma brisa jeitosa...

Um destes:

em vez de um destes:

Porque um do tipo mancha negra dá muita chatice...