KALASH SOB ATAQUE DOS TALIBÃS - BENFEITOR GREGO RAPTADO

Crianças kalash.

Tarde ou cedo, tinha de acontecer: os Talibãs do Paquistão começam a voltar a sua acção inquisitorial contra os Kalash, arcaico povo indígena do noroeste do país já referido no Gladius como aqui se pode ler, ou reler, povo este que a lenda diz ser descendente de Alexandre o Grande quando por aí passou com o seu exército invasor.

Até agora, esta gente, em número notoriamente reduzido (não mais de três mil almas), vivendo por entre agrestes montanhas, tem escapado à atenção dos islamistas mais radicais - mas o seu descanso parece estar a acabar, depois de o mesmo ter já acontecido com outras minorias religiosas da área - sikhs, cristãos e hindus - que entretanto se põem agora em movimento para outras paragens. Tranquilamente, habitando a terra dos seus ancestrais, têm os Kalash gozado de liberdade para prestarem culto aos seus antigos Deuses indo-europeus, para beberem as suas bebidas alcoólicas e para fumarem canabis, borrifando-se para o facto de os muçulmanos circundantes lhes chamarem «kafires (infiéis) negros» devido à moralidade libertina desta arcaica grei. Mas agora os militantes da causa islamista talibã, em gesto de guerra contra esta cultura pagã, raptaram o mais devoto apoiante externo dos Kalash, que é o professor grego Athanasion Larounis, que conseguiu reunir até agora para cima de dois milhões e meio de libras (quem quiser que faça as contas para ver quanto é isto em euros, mas para já garanto que é mais de dois milhões e meio) em donativos para na terra kalash construir casas, clínicas, mecanismos de água salubre e um museu, totalizando vinte projectos.

Os talibãs exigem agora um resgate de £1.25 milhões e a libertação de três líderes em troca de garantirem o retorno seguro de Larounis.

Segundo a polícial local, a dedicação do professor helénico em preservar a cultura kalasha fez dele um alvo para os comandantes talibã do Nuristão, no lado afegão da fronteira com o Paquistão - o Nuristão, onde outrora viveram os parentes destes Kalash, que deram violenta luta aos muçulmanos, atemorizando-os e gabando-se até, culturalmente, de massacrarem islâmicos, até que um dia a superioridade numérica islâmica ditou o seu extermínio, autêntico genocídio cometido em nome do Islão, a ponto de a terra receber dos muçulmanos um novo nome - antes, chamavam-lhe «Kafiristão», ou «Terra dos Infiéis», depois passaram a chamar-lhe «Nuristão», que significa «Terra dos Iluminados», em referência à «iluminação» dos pagãos por obra da hoste de Mafoma....

O rapto deu-se no dia oito, quando o Larounis se encontrava a dormir no museu. Um professor kalash, testemunha ocular do sucedido, disse aos raptores que era muçulmano e assim salvou a própria vida... Os polícias que escoltavam Larounis foram abatidos.

Os muçulmanos nunca gostaram dos Kalash, aos quais chamam «infiéis negros», como se disse acima, devido à «imoralidade» deste povo, particularmente no que às mulheres diz respeito. Fazem troça em particular do rito kalash de passagem à fase adulta, em que um jovem passa uma temporada na montanha, durante o Verão e, quando retorna, pode ter relações sexuais com qualquer mulher que desejar. Por outro lado, as mulheres casadas podem juntar-se a outros homnens se estes aceitarem uma proposta escrita e concordarem em pagar em duplicado o seu preço ao marido abandonado, pagamento que o mais das vezes é expresso em vacas.

Desde o rapto do sábio grego que as mulheres kalash têm-se manifestado pela sua libertação, enquanto os anciãos têm tentado negociar com os raptores.

Este Povo é pois, mais do que qualquer outro de fora da Europa, merecedor de especial, diligente e activa solidariedade por parte dos Ocidentais, não apenas devivod aos laços étnicos que o ligam às gentes da Europa, mas também porque, cercado de inimigos mortais, preserva ininterrupta uma tradição religiosa genuinamente indo-europeia.