AMEAÇAS À POLÍCIA EM GRAFITIS DE SETÚBAL

Artigo aqui trazido pela camarada Vera, à qual agradeço, e que mostra como os novos símbolos das modernas «catacumbas» (há dois mil anos eram emblemas cristãos) são usados para mover a ralé contra quem defende o direito dos legítimos herdeiros da terra:

Mensagens de revolta, visando as forças policiais, surgiram em várias paredes da cidade. Psicóloga diz que os 'grafitti' não são ameaças são formas de expressão, uma espécie de gritos de alerta dirigidos à comunidade.
Nas fachadas de alguns edifícios, públicos e privados, do centro histórico de Setúbal apareceram nos últimos dias várias inscrições - algumas mais enigmáticas do que outras - que transpiram ameaças tendo sobretudo a polícia como alvo. Os grafitti serão uma espécie de herança dos confrontos de Maio no Bairro da Bela Vista, após o funeral de Antonino Santos - um morador de 23 anos morto pela GNR em perseguição policial após um assalto no Algarve.
Os dias de agitação deram lugar a uma tranquilidade a que cidade sadina já não estava habituada há muito tempo. A PSP tem o registo de dias sem sinais de criminalidade.
Surgem agora as palavras de ordem. No túnel do Quebedo, uma das zonas de maior tráfego, a autarquia apressou-se a pintar a parede para esconder um dos graffiti mais contundentes contra as polícias. Em letras garrafais vermelhas lia-se que "Não esquecemos, não perdoamos a violência policial". Terá sido a mesma tinta que, cerca de 500 metros mais à frente, foi usada na fachada de um edifício na Avenida D. João II. "Diverte-te com a revolta", lê-se, enquanto já nos Quatro Caminhos, próximo da prisão, alguém escreveu "A revolta continua" a toda a largura de um muro.
Já com recurso a tinta preta surge a inscrição "Bela Vista em todo o lado", próximo do liceu, na fachada de um dos edifícios e os moradores não ficam indiferentes ao recado. "Já disse que isto devia ser apagado, mas ninguém toma a iniciativa", diz o Carlos Tomás, admitindo que a inscrição "pode dar que pensar", mas não provoca constrangimentos aos residentes. "Foi feita aqui como podia ter sido em qualquer outro lado. Nada tem a ver com os moradores."
O mesmo não pensam os condóminos de um prédio na Avenida Rodrigues Manito. No rodapé do bloco 65 já foi apagado o graffiti onde se lia "Aqui como na Bela Vista", porque "incomodou muito os residentes", disse uma moradora, que pediu anonimato, para admitir ter visto um grupo de jovens a escrever na fachada. "Vive aqui muita gente idosa, que todos os dias via notícias na televisão sobre a Bela Vista e isto fez muita confusão às pessoas, porque é uma espécie de guerra fria que dá cabo dos nervos e assusta as pessoas."
Fonte policial desvalorizou as inscrições, mas o DN sabe que as forças de segurança estão atentas ao fenómeno, mantendo vigilância apertada sobre alguns dos principais suspeitos da Bela Vista.