quarta-feira, dezembro 03, 2008

A ESTÁTUA DE ZEUS DE OLÍMPIA

Estátua de Zeus de Olímpia, obra de Fídias, escultor ateniense do século V a.c., uma das sete maravilhas do mundo antigo (imagem reconstruída, visto que a original perdeu-se, eventualmente por vandalismo, talvez cristão)


«O nosso Zeus é um Deus de paz de de clemência, como convém ao protector de uma terra harmoniosa e unida que deixou de conhecer a discórdia. Representámo-Lo pacífico e benevolente, numa atitude natural, pois não é Ele que dispensa a vida e todos os bens, o pai comum, o conservador e salvador de todos os homens?... A majestade da Sua atitude revela o rei que comanda como senhor; a expressão amável e doce faz pensar no pai e na sua providência; o ar grave e augusto dá a conhecer o zelador das cidades e o legislador. A semelhança humana que lhe conferi representa simbolicamente o parentesco dos Deuses e dos homens. O riso e a bondade que emanam da Sua fisionomia falam de um Deus amigo, o Deus dos suplicantes, da hospitalidade e do refúgio. Enfim, o Deus da fecundidade e da abundância transparece nessa alma simples e grande, manifestada pela atitude e nobreza da estátua, e que convém aos Imortais que têm prazer em nos cumular de todos os bens. Tais são as qualidades divinas que me esforcei por traçar, através da única eloquência que é a minha arte, sem me servir da palavra.»
Palavras de Dion Crisóstomo, autor grego do século I d.c., falando em nome de Fídias, escultor grego do século IV a.c., in «O Conflito Entre o Cristianismo Primitivo e a Civilização Antiga», de Louis Rougier, editora Vega, pág. 120.
O mesmo Dion Crisóstomo diz, também a respeito da estátua, mas como que dirigindo-se a Fídias, o seguinte:
«Tu!, o melhor e o maior dos artistas, como é deleitosa e cara a imagem que soubeste criar! Como é duradoira a alegria que ilumina o coração de todos, Helenos e Bárbaros, que aqui vieram. Se alguém de entre eles carrega uma alma trabalhada por desgostos, ou se, por ter bebido a última gota da taça da infelicidade, o doce sono deixou de o visitar, parece que, posto em presença desta estátua, tudo o que a vida comporta de amarguras e penas será nele abolido. Deste modo concebeste e realizaste uma visão que dissipa o luto e traz lenitivo a qualquer dor.
Uma vez que não conhecemos, de entre todas as criaturas, senão uma que possui a razão, é lógico a ela recorrer para representar a razão invisível, e emprestamos a Deus a forma do corpo humano por ser receptáculo do pensamento e do conhecimento. Na completa ausência do modelo original, procuramos manifestar o inexplicável e o invisível por meio da imagem visível. Damos forma à força do símbolo para prender o imperceptível.
Pode surgir a objecção de que melhor seria não ter diante dos olhos dos homens nenhuma estátua nem representação figurada dos Deuses, sob o pretexto de que é preciso que o nosso olhar se dirija exclusivamente para as coisas celestes. Efectivamente, graças ao impulso que nos aproxima da Divindade, existe nos homens um desejo violento de A adorar e servir, de ficar perto Dela, de A abordar com o sentimento em nós da Sua presença real, de Lhe oferecer coroas de flores e sacrifícios. Tal como as crianças estendem em sonhos os braços para os pais ausentes, também os homens desejam estar sempre mais perto dos Deuses e na Sua companhia.»
Op. cit., págs. 119 e 120.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"(imagem reconstruída, visto que a original perdeu-se, eventualmente por vandalismo, talvez cristão)"

Mesmo sem provas tinhas de insinuar.

4 de dezembro de 2008 às 19:12:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não é insinuação minha, é uma das teorias vigentes.

4 de dezembro de 2008 às 19:13:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=118996

Pelo cartão de visita para aderir à UE. Vamos no bom caminho, espero...

4 de dezembro de 2008 às 20:29:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

http://www.youtube.com/watch?v=HpfGe_gkMkk

4 de dezembro de 2008 às 21:13:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

http://www.youtube.com/watch?v=LCBNmvbLttw

4 de dezembro de 2008 às 21:19:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

http://www.youtube.com/watch?v=FSDqOKzRKD0

4 de dezembro de 2008 às 21:24:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Teorias!!!
Também consta que afinal foram os cristãos que dizimaram os leões nos circos romanos.
Há também a teoria de que não morreu nenhum judeu nos campos de concentração nazis, foi exactamente ao contrário, aquela seita danada é que ia acabando com os pobres dos SS.

4 de dezembro de 2008 às 21:33:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Mesmo sem provas tinhas de insinuar

Sim, porque tudo indicia que uma estátua pagã em solo europeu, a ter sido destruída, há-de seguramente ter sido por obra de marcianos. Ou isso, ou os mesmos cristãos que arrasaram monumentos pagãos por todo o planeta, de Roma à Saxónia passando pelas Américas, «esqueceram-se» de abater uma estátua do mais importante Deus grego. Uma hipótese por demais plausível, bem se vê...

5 de dezembro de 2008 às 00:44:00 WET  
Blogger Caturo said...

Boa malha, Duarte, ahhahahahh...

E repare-se que nem sequer estou a dizer que foram os cristãos. Mas que há essa possibilidade, e há quem o afirme, isso há, e a hipótese é muito plausível, pelo que não deve de modo algum deixar de ser referida, tendo em conta que os cristãos, como diz o Duarte, destruíram, ou usurparam, a maior parte dos templos pagãos que encontraram pela frente.

5 de dezembro de 2008 às 02:10:00 WET  

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