VOLKODAV IZ RODA SERYKH PSOV - LOBO-CÃO DO CLÃ DO CÃO CINZENTO - O ÚLTIMO DA TRIBO - WOLFHOUND

Cinema europeu digno de ser europeu. Autêntico, épico, grandioso.

Religioso.

Ambiente arcaizante e tribal esplêndida e verosimilmente recriado. Cenário magnífico. Fotografia ímpar. Trabalho de actores sem mácula. Efeitos especiais inteligentemente aplicados. Argumento apropriado. Só por má vontade ou interesses não declarados é que a película não foi em Portugal exibida no grande ecrã, tendo em vez disso passado logo para dvd. E tem especial piada uma determinada cena em que se faz referência a pregadores que vêm impor uma religião única e insultam os Deuses alheios... é uma carapuça boa para muita gente enfiar. E mesmo que ninguém a enfie, é bem sabido que serve a muita gente.

E depois tem outras vantagens inegáveis sobre o cinema a que se está habituado:
- é falado em Russo e não em Inglês fanhoso, corredio e abandalhado (leia-se «Americano»), o que, para além de dar autenticidade à história, que se passa entre os Eslavos, também confere seriedade e sobriedade à película;
- o herói não tem um «companheiro alegre e trapalhão», ao contrário do que acontece em todos os filmes de acção americanos;
- o mundo e os bons não se salvam «in extremis», ao contrário do que acontece em todos os filmes de acção americanos;
- não há perseguições a cavalo, ao contrário do que acontece em todos os filmes de acção americanos;
- não há piadas infantilizantes a meio da acção, ao contrário do que acontece em todos os filmes de acção americanos;
- não há «tineiges» irritantes, ao contrário do que acontece em todos os filmes de acção americanos...

Pena é que na versão legendada em Português, a tradução não se tenha lembrado de apresentar um nome mais apresentável do que o inglês «Wolfhound». Mas passa-se bem por isso. Tem parecenças com a saga cinematográfica de Conan, do início dos anos oitenta, mas não perde nada com isso. E assim se reaviva o género «Espada & Fantasia», mas desta feita pela mão de europeus. E, note-se, glorificando a cultura pagã e, mais especificamente, a ligação do homem aos Deuses, dum modo que não é frequente na cinematografia americana.

É, em suma, altamente recomendável a todos os que apreciem a Europa de mais genuíno sabor.