sexta-feira, julho 04, 2008

SER OU NÃO SER (DE DIREITA), EIS A QUESTÃO

Quem diria que o Caceteiro, apesar do seu estilo tão desabrido e ferrabrás, tem afinal vergonha de ser de Direita...

Num texto feito de lugar-comuns sobre o porquê do Nacionalismo revolucionário ter forçosamente de estar fora do âmbito Esquerda-Direita, o Caceteiro critica tanto os princípios esquerdistas como... os princípios que ele atribui à Direita.

No que respeita à Esquerda, a crítica é objectiva, simples e lúcida, pois que consiste em atacar os valores que a Esquerda reivindica de facto, além de assinalar a raiz cristã do essencial deste ideário.
Depois é a vez de fazer o mesmo contra o lado ideológico oposto... e, nessa altura, é assaz notório o atabalhoamento a que conduz a pressa de fugir ao rótulo de «Direita». Assim, a seguir a uma relativamente clara exposição da postura direitista perante a diferença, o bloguista entorna o caldo à grande ao dizer, no essencial, que o Nacionalismo não é de Direita porque, diz, «para a direita esta distinção entre os seres humanos, faz-se essencialmente pela sua condição socioeconómica, quanto mais posses tem uma pessoa, melhor ela é

Ora, em que parte do planeta ou da História é que algum grupo, partido ou ideólogo de Direita mandou fazer a distinção entre os seres humanos «essencialmente pela sua condição sócio-económica»?

Uma coisa é o que um grupo diz de si mesmo. Outra, aquilo que os seus oponentes lhe atribuem.
Assim, que a Direita tem fama de defender os privilégios e as hierarquias sócio-económicas, é uma coisa, aliás dita à saciedade pelos esquerdistas; mas que algum ideólogo assumidamente de Direita o tenha feito realmente, é outra, abissalmente diferente.
É este o mesmo tipo de erro, diga-se de passagem, que demasiada gente, por vezes ingénua, comete a respeito do Nacionalismo - julga-no por aquilo que os anti-nacionalistas dizem do Nacionalismo, não por aquilo que os próprios Nacionalistas dizem defender.
E, na verdade, nunca a Direita ideológica assume dividir as pessoas essencialmente pelo seu estatuto sócio-económico. É a este propósito irónico que o Caceteiro, e muitos outros direit... ops, nacionalistas actuais tanto apreciem Julius Evola, sem lhe porem defeito algum, e todavia Evola é um clássico pensador de Direita, mas a Direita extrema, por assim dizer - não apenas aquilo a que vulgar e mediaticamente se chama «extrema-direita», mas sim a Direita profunda, arcaizante, sacralizante e aristocrática. Para Evola, aquilo a que comumente se tem chamado «Direita», não é Direita que chegue.

É ainda mais engraçado que muitos nacionalistas como o Caceiteiro se demarquem furiosamente da Direita e depois defendam afinal todas as posições da Direita tradicional, em praticamente todas as matérias: nas do aborto, da homossexualidade, das drogas, no feminismo, na moral sexual em geral, etc.. Mas como têm imensa vergonha de serem considerados de Direita, e como a Direita está na mó de baixo, e como os conservadores politicamente correctos se querem livrar dos «nazis» e, para ficarem bem na fotografia tirada pelo fotógrafo esquerdista, fazem questão de se demarcar publicamente dos «amaldiçoados nazis», marginalizam-nos e assumem-se como «a verdadeira Direita», embora o mais das vezes não passem de velhotes mal integrados na sociedade actual e fedelhos copinhos-de-leite...

Os Caceteiros são em quase tudo de Direita, mas como economicamente têm posições de Esquerda, baseiam-se nisso para mui rapidamente declararem «por causa disto assim e tal a gente não somos de Direita, nunca fomos, nunca seremos!, nem temos nada a ver com isso e já tá, mai' nada, vamos embora!»

E já agora... economicamente têm posições de Esquerda... quem? Alguns nacionalistas revolucionários sim, outros nacionalistas, igualmente do quadrante racialista, nem por isso. Há debates no seio das fileiras nacionalistas a propósito do tema, mas o que é importante frisar neste caso é que nunca em caso algum se diz que este ou aquele não são nacionalistas porque defendem a economia liberal. Por conseguinte, não pode dizer-se que o Nacionalismo que nos interessa seja economicamente de Esquerda.

Na verdade, Direitas há muitas. Há quem fale em cinco, eu considero pelo menos três, no mínimo: liberal-económica, conservadora e nacionalista. E na conservadora já estou a meter os democrata-cristãos e os salazaristas e afins, o que, bem vistas as coisas, é muita gente... Evola, por exemplo, era um extremo-conservador, mas nada tinha de democrata-cristão, antes pelo contrário, desprezava a Democracia e rejeitava o Cristianismo. E o Fascismo, o que é? Revolucionário por princípio, mas conservador em muito da sua prática política. Evola é considerado muitas vezes como fascista, mas desprezava os movimentos colectivistas, e o Fascismo não se explica sem o apelo constante às massas.

De resto, o que toda a Direita dos valores tem em comum é a subordinação da Economia à Política. A ideia de que a Economia é a base de tudo, constitui um ponto de vista marxista. Também para o Nacionalista é ponto assente que a Economia só existe para servir a Política. Não é por isso lógico que um nacionalista se auto-determine politicamente com base no aspecto económico do seu ideário.

O que acima de tudo é demasiadas vezes esquecido é que, sendo a ideologia uma questão de qualidade, não pode ser definida com base na quantidade. Quer isto dizer que não é pela quantidade de elementos de Esquerda, ou de Direita, que alguém se pode dizer de Esquerda, ou de Direita, mas sim com base nas prioridades que estabelece.

É pois a hierarquia de valores que define a orientação do ideário.
Ora um nacionalista revolucionário até pode concordar em quase tudo com um militante do PCTP/MRPP, e até pode votar na formação de Garcia Pereira, mas... poderá ser seu militante?

Só se mudar de valores. Porque o PCTP/MRPP até pode ter por vezes um discurso patriótico, mas o seu ideal máximo é a luta de classes. O ideal máximo do Nacionalismo é a salvaguarda e exaltação da Estirpe (Nação/Etnia/Raça). Não são dois ideais sempre incompatíveis na prática, mas um é de Esquerda e quem o elege como supremo é por isso de Esquerda, enquanto outro se situa perfeitamente na Direita, pelo que quem o promova é inequivocamente de Direita.

A escolha das prioridades é que determina a essência política, o resto são «rodriguinhos» mentais.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

a culpa é do Alá sempre do Alá

Ass:
Rodriguinho paranóico

4 de julho de 2008 às 19:48:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Nem sempre.

Às vezes é só do autismo de meia dúzia de aleijadinhos enfiados no gueto de costas para a Democracia.

4 de julho de 2008 às 19:51:00 WEST  
Blogger Caturo said...

E, para justificarem o seu vício de imbecilidade, usam para isso rodriguinhos anti-bilderberguianos e conspirativos e protocolares-dos-sábios-do-Sião...

4 de julho de 2008 às 19:53:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Pelos vistos o Caceteiro já te respondeu no seu blog. Que duas doidas...

7 de julho de 2008 às 18:20:00 WEST  

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