ALTO JUÍZ INGLÊS AFIRMA QUE A CHARIA PODE SER USADA PARA REGER A COMUNIDADE MUÇULMANA
Em terras da Britânia, sucede que, depois do líder da Igreja de Inglaterra, arcebispo de Cantuária Rowan Williams, ter dito que era aceitável e até inevitável que a lei islâmica ou charia começasse a ser aplicada no Reino Unido, o Lorde Chefe de Justiça, Lorde Philips, vem dizer que os muçulmanos a viver no país devem poder reger-se pela charia para resolver questões financeiras e maritais.
Diz a seguir que em matéria criminal, estes tribunais da charia não poderão aplicar castigos. Claro que se não fizesse esta ressalva, o escândalo seria demasiado...
Diz a seguir que em matéria criminal, estes tribunais da charia não poderão aplicar castigos. Claro que se não fizesse esta ressalva, o escândalo seria demasiado...
Ainda assim, o que diz Lorde Philips é já suficientemente grave. Ao afirmar que uma comunidade dentro do Estado pode reger-se por outra lei que não a do Estado, constitui objectivamente um recuo da lei estatal no seu próprio território.
Que uma posição destas seja defendida por quem detém tão elevados cargos de responsabilidade ética - um é juíz do mais alto nível, outro é o líder religioso da Pátria - num dos maiores e mais poderosos países do Ocidente, não deixa prever nada de bom para o futuro da Europa.
Pode até dizer-se que a ideia não seria má de todo na medida em que, ao fim ao cabo, aumenta a distância entre muçulmanos e europeus (britânicos, no caso)...
Só que tanto Lorde Philips como o arcebispo Rowan Williams fizeram estas declarações num contexto de multiculturalismo, ou seja, de cedência cultural e social e, mesmo que pensem que não, política. Porque os tribunais da charia contribuem grandemente para que se institua um Estado islâmico dentro do Estado inglês.
Em apoio da moderação da sua proposta, tanto Williams como Philips argumentam que «é possível que os indivíduos escolham voluntariamente conduzir as suas vidas de acordo com os princípios da charia sem que isso entre em conflito com os direitos garantidos pela nossa lei.»
Ora, será que quando a charia manda bater na esposa, mutilar ladrões ou matar adúlteros e apóstatas, não está em rota de colisão com a lei inglesa, ou qualquer outra lei ocidental?
A partir do momento em que a charia seja admitida, quem terá o direito de determinar a linha do «bom senso» e dos «direitos humanos»?
Suponha-se que um tribunal da charia ordena o corte da mão direita a um jovem que roubou uma laranja. Nessa altura, o arcebispo Williams e o juíz Philips aparecem em cena a dizer «alto aí, "boys", isso já é um exagero, não foi para isso que vos apoiámos...»
E os muslos do tribunal da charia dirão, com muita lógica: mas quem são estes dois para determinar os limites da charia? A charia tem origem divina. Ou é aceite na íntegra ou não é aceite de todo. Com que critério, com que justificação, em nome de que Deus é que estes dois bifes vêem tentar delimitar as ordens de Alá? Como é que a sua moral humana pode algum dia confinar a moral eterna?
E os muslos do tribunal da charia dirão, com muita lógica: mas quem são estes dois para determinar os limites da charia? A charia tem origem divina. Ou é aceite na íntegra ou não é aceite de todo. Com que critério, com que justificação, em nome de que Deus é que estes dois bifes vêem tentar delimitar as ordens de Alá? Como é que a sua moral humana pode algum dia confinar a moral eterna?
9 Comments:
"Ao afirmar que uma comunidade dentro do Estado pode reger-se por outra lei que não a do Estado, constitui objectivamente um recuo da lei estatal no seu próprio território." -- É Traição.
É bastardia mental, pelo menos.
E de que achas tu que se faz um traidor?
Sim, é verdade. Mas o traidor verdadeiro tem consciência de que o é, e talvez não seja este o caso do juíz. A bastardia mental é aqui actuante, mas não toma a forma de acção voluntária e conscientemente traidora.
É traição em termos legais. Houve resignação de cargos?
Que penas são aplicadas a terroristas segundo a charia?
Teoricamente poderiam ser acusados de traição, mas ninguém no poder ou nos mé(r)dia (ou seja, no quarto e talvez maior poder) liga a isso...
Terroristas? Depende do que se entenda no Islão por terroristas... aí é que está o busílis.
"Terroristas? Depende do que se entenda no Islão por terroristas... aí é que está o busílis."
Pois é, aí é que está o busílis.
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