VESTÍGIOS PÓS-MEDIEVAIS DUMA ANCESTRALIDADE PAGÃ NA HISPÂNIA

Carvalho no santuário de Dodona, na Grécia, consagrado a Zeus

Deste valioso trabalho, retira-se esta preciosidade:
Entre 1596 y 1600 los jesuitas del Colegio de Santander mantenían una misión evangelizadoraen pleno centro de Cantabria, en los montes del Pas, para proceder a la conversión de unos grupos humanos primitivos, paganos, adoradores del roble, a los que ni siquiera afectó la romanización y cuya estructura social, en los inicios del siglo XVII, se mantenía posiblemente aún estructurada en base a sistemas arcaicos. El relato corresponde al jesuita P. Juan de Villafafie, Relación histórica de la vida, y virtudes de la Excelentíssima señora Doña Magdalena de Ulloa Toledo Ossorio y Quiñones ..., publicado en Salamanca en 1723 en el que refiere las labores de «los primeros Padres en las famosas Misiones, con que corrieron aquellas asperezas, entre cuyas breflas se ocultavan muchos de sus moradores, compañeros de las fieras en la habitación, y aún en las costumbres*, p. 397, 67 y su tarea evangelizadora «erigiendo Altar en el sitio mismo, en que antes los Padres celebravan las Missas, inmediato al gruesso roble, que dixe (al qual por esta razon veneraban, con religioso culto) le hizieron honras.

Prova-se assim que o Paganismo da Ibéria não morreu na Antiguidade Tardia, como alguns queriam fazer crer; evidencia-se também que o combate cristão totalitário foi uma constante, não apenas nos séculos «quentes» da imposição cristã, a saber, o quarto e o quinto, mas em toda a História do Ocidente, mesmo até à Idade Moderna.

Quanto à natureza do culto acima referido, pode talvez enquadrar-se numa espiritualidade arcaica que o romano Séneca parece ecoar nestas suas considerações sobre a religiosidade pagã, o que pode relacionar-se com as raízes eventualmente ibéricas do dito filósofo latino:
«Se alguma vez tiveres estado num bosque cheio de antigas árvores que tenham crescido a uma altura incomum, tapando a vista do céu com um véu de curvos ramos entrelaçados, nesse caso a altivez da floresta, a seclusão do lugar e o teu maravilhamento perante a espessa e inquebrada sombra no meio dos espaços abertos, irão mostrar-te a presença duma Deidade. Ou se uma caverna, feita pela profunda desintegração das pedras, mantiver levantado o arco duma montanha, um local não construído por mãos mas tornado oco feito em tal espaço por causas naturais, a tua alma irá sentir-se profundamente inspirada por uma certa sensação da existência de Deus. Veneramos as fontes dos rios poderosos; erigimos altares em lugares onde grandes correntes brotam subitamente de fontes escondidas; adoramos nascentes de água quente como sendo divinas, e consagramos certos lagos por causa das suas negras águas ou da sua incomensurável profundidade.»

Por outro lado, é de notar que o testemunho dos missionários-inquisidores acima transcrito fala, não das árvores em geral, mas sim do carvalho em particular, só do carvalho.
Ora o carvalho é a árvore mais sagrada dos povos Indo-Europeus da Europa, do extremo ocidente céltico até ao mundo eslavo, passando pela Itália e e pela Grécia: entre os Celtas, há uma forte relação entre esta árvore e os Druidas, sacerdotes; quanto aos outros Indo-Europeus do continente, a saber, Latinos, Gregos, Germanos, Baltas e Eslavos, é sabido que nas suas tradições religiosas o carvalho é sempre a árvore consagrada ao Deus do Céu e do Raio, que costuma ocupar o lugar ou os lugares cimeiros da hierarquia do Seu panteão: Júpiter para os Romanos, Zeus para os Gregos, Thor para os Nórdicos, Perkunas para os Bálticos e Perun para os Eslavos.
Não é por isso de excluir que este culto pagão dedicado «ao carvalho» fosse na realidade, ou uma sobrevivência druídica, e/ou um testemunho do culto ao maior e mais relevante Deus dos Indo-Europeus em geral, o que bate certo com o facto de que, um pouco mais a Ocidente, na Galécia, Júpiter ter sido o Deus romano mais adorado durante a Romanização.