segunda-feira, março 10, 2008

HISTÓRIAS SAXÓNICAS...

Estandarte do Corvo, a bandeira dos invasores Dinamarqueses ao assalto da Grã-Bretanha; o corvo poderá relacionar-se com Odin, uma das principais Deidades escandinavas.
Recomendo moderadamente esta valiosa obra, da qual em Portugal foram já editados três volumes e, no Reino Unido e EUA, quatro. Já aqui referi o trabalho de Bernard Cornwell, a propósito da sua brilhante mas politicamente repulsiva saga arturiana, igualmente publicada em Portugal - a «Crónica do Senhor da Guerra», em três volumes: «O Rei do Inverno», «O Inimigo de Deus» e «Excalibur», saga esta que é aliás a favorita do autor.
Cornwell, permite, ou talvez queira, fazer passar a sua mensagem ideológica (e fá-lo com mestria, há que admiti-lo), independentemente de ser um exímio escritor de ficção histórica, cujo trabalho se pauta, até onde li, por uma intensa pesquisa histórica e por uma descrição realista, ou melhor dizendo, verosímil, de épocas, vivências e mentalidades de há mais de um milénio.
Tenho para mim que, à parte a qualidade e o magnetismo da escrita em si, a ficção histórica é tanto melhor quanto mais próxima estiver, ou parecer estar, da verdade histórica. E Cornwell sabe fazê-lo.

Tem a meu ver uma certa piada que os seus leitores o considerem apologista do Paganismo, quando o que se constata é, creio, precisamente o contrário - o autor parece favorecer por vezes (muitas vezes...) as personagens e mentalidades pagãs, mas só para, mais subtilmente, acabar por glorificar o humanismo laico, agnóstico e progressista, universalista, a par de uma mentalidade anti-racista, ou seja, a ideologia da moda no seio das elites que dirigem o Ocidente. E, no que respeita às religiões, Cornwell parece na maior parte dos casos exaltar o Paganismo, mas, bem vistas as coisas, acaba por transmitir a ideia de que o Cristianismo ao fim ao cabo é menos mau, embora também não seja bom.

Muitos foram já os livros de Cornwell editados em Portugal: mais de dez da série «Sharpe» (soldado inglês nas guerras napoleónicas; pelo menos duas das histórias passam-se em Portugal), «Stonehenge», mais uns sobre a demanda do Graal, e, cereja no topo do bolo, as duas grandes sagas da Britânia medieval. Depois da que descrevi há três anos, «Crónica do Senhor da Guerra», Cornwell avançou cronologicamente para as «Histórias Saxónicas» - passou pois da gesta arturiana à formação de Inglaterra.
Na primeira, historicamente situada no século V, contava, acrescentando um ponto, a resistência épica e trágica dos Bretões, pagãos em processo de Cristianização liderados pelo lendário rei Artur (e inspirados por Merlin, druida pagão resistente à nova ordem cristã e à diluição étnica...), contra os invasores Anglos e Saxões, ainda totalmente gentios, comandados por Aelle e por Cerdic.
Na segunda, passada no século IX, Cornwell narra várias histórias menores em torno da formação da Inglaterra por obra do primeiro monarca inglês, Alfredo o Grande, beato de todo. Nesta época, em que os povos célticos estão já mais ou menos postos à margem (Bretões em Gales, Escoceses no extremo norte da ilha, Irlandeses a dar que fazer aos invasores nórdicos), o grande confronto é entre os Anglo-Saxões, já largamente cristianizados, e os invasores Dinamarqueses, viquingues pagãos, que, com o seu «Grande Exército Pagão» (expressão usada pelos cronistas cristãos coevos), ameaçaram mortalmente o projecto de Alfredo na área meridional da Grã-Bretanha, e, mesmo depois de batidos no Wessex (reino dos «Saxões Ocidentais», reino de Alfredo) continuaram todavia a controlar a região norte, conhecida como Nortúmbria.
Enquanto a primeira foi uma trilogia já acabada, integralmente publicada em Portugal, esta segunda é uma saga em continuação que promete dar pano para mangas - em Portugal conta já com três volumes - «O Último Reino», «O Cavaleiro da Morte», «Os Senhores do Norte» -; em Inglaterra e nos EUA já há um quarto volume - «The Sword Song» - e Cornwell afirma que escreverá mais uns quantos.
Nas «Histórias Saxónicas», o autor continua fiel ao estilo observado na sua versão da gesta arturiana, tanto na violência das descrições como na estrutura da personagem principal e das situações observadas: o herói , Uthred de Bebbanburg, é um aventureiro cujo sangue pertence a um dos lados da barricada e a formação, e simpatia, ao outro (isto é talvez Cornwell a querer fazer pensar que o condicionamento cultural vale mais do que a ancestralidade... independentemente de o próprio Cornwell parecer orgulhoso por ter conseguido traçar a sua própria ascendência à nobreza anglo-saxã de há mil anos), tal como o herói da trilogia arturiana (Derfel Kadarn, de sangue anglo mas cultura bretã) e, ao longo da prosa, salientam-se os constantes choques e contrastes entre a mentalidade pagã, exaltante, alegre, guerreira, brutalmente violenta, despreocupada, dos Dinamarqueses, e a cristã, angustiada, absurda, submissa, por vezes alienante, dos Anglo-Saxões cristianizados, tudo isto matizado, ou ridicularizado, consoante os casos, pela loucura e corrupção da maior parte dos clérigos.
Salienta-se igualmente a verosimilhança com que Cornwell descreve os invasores nórdicos Dinamarqueses, liderados pelos três irmãos filhos de Ragnar Lodbrok, a saber, Ivar Lodbrokson «o Sem Ossos», Ubba Lodbrokson e Halfdan Lodbrokson, que morreram pagãos, bem como um outro rei dinamarquês, o cruel mas azarado Gutrhum, «o Desditoso», derrotado por Alfredo e reinante sobre o «Danelaw», ou «Domínio Dinamarquês», na zona oriental da Grã-Bretanha.
De notar também o modo como Cornwell continua a contrastar o tipo físico nórdico dos Dinamarqueses e também dos Anglo-Saxões, ambos germânicos (do ramo setentrional e ocidental, respectivamente) com o atlanto-ocidental moreno dos Celtas, pois que tanto os Bretões como o irlandês que aparecem nesta saga se destacam pela sua tez menos clara, conceito que o autor já tinha exposto quanto tratou da matéria arturiana, e que também Nikolai Tolstoi tinha referido, no seu magistral «O Regresso do Rei» (saga em dois volumes publicada em Portugal pelas Edições 70).

E vá lá que, ao menos nesta obra, não há, como na outra, mulheres saxãs casadas com guerreiros norte-africanos, nem réis celtas a dizer que os Bretões já são uma misturada e que por isso os Deuses dos seus ancestrais já não interessam a ninguém...

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vejo que continuas o mesmo histrião de sempre. Mas agora apagas as mensagens, é uma novidade. A verdade é difícil de encarar, não é vira-latas? :)

10 de março de 2008 às 18:16:00 WET  
Blogger Caturo said...

A verdade é difícil de encarar

Tu lá sabes, ó filhadaputa ignaro - é aliás por isso mesmo, pelas verdades te doerem no lombo, que andas aqui a guinchar, é porque eu te dei cabo das «verdades» beatas que tu e o teu dono marreco lá do pasquim reactivo andavam a querer fazer passar como indiscutíveis, não foi, meu bardamerda mal letrado? :) :) :)

10 de março de 2008 às 18:19:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Dono tens tu e ainda por cima é um adolescente borbulhoso que nem pentelhos tem, ó quadrúpede. E o pior é que a sua orientação não te tem servido para nada, ignaro marrequinho, a julgar pelas inúmeras vezes que te têm negado a carreira de docente nessa cara disforme. :) Vá, carantonha triste, apaga lá mais esta mensagem se isso te faz sentir melhor contigo próprio. Eu compreendo. :)

10 de março de 2008 às 20:08:00 WET  
Blogger Caturo said...

Não, capadinho, dono tens mesmo tu, e é por quereres vingá-lo que andas aqui a fazer a única coisa que sabes fazer, que é meter nojo com essa pinta de eunuco caguinchas feito bobo da corte. E, pelos vistos, a ferroada que te dei ontem no coirinho ficou aí bem enfiada, tanto que te puseste a espernear, confirmando aquilo que eu esperava, que és o merda apoiante do marreco, pois que, além de me chamares marreco, numa atitude por demais infantil («ai, marreco és tu, és tu!!!»), primeiro sinal de que levaste com força e que és mesmo um serviçal do teu dono beato e copinho de leite cobarde e mentiroso, além disso, dizia, usaste o mesmo argumento rasca de ordem pessoal que ele, impotente e indigente, tentou atirar contra mim, também para se vingar das vezes em que lhe deitei abaixo a converseta pseudo-intelectual medíocre.

Porque, de facto, quando se desce ao ponto de mandar uma «boca» dessas, é porque se está já muito desesperado e não se consegue aguentar a raivinha e os nervos de maneira a manter a máscara de «elevação filosófica», ahahahahh...

E o pior, para ambos, é que nem esse «argumento» tem qualquer ponta por onde se lhe pegue, visto que não vos passa pelos atrofiados e roídos cornos o que é ou deixa de ser a minha vida profissional, ahahhahaahhh...

Querias que apagasse, não querias? Não tiveste essa sorte... é que acabei por te escarrar outra vez nesse focinho doente. :) :) :)

11 de março de 2008 às 10:41:00 WET  
Blogger Silvério said...

Já lá vai muito tempo que não leio nada do Bernard Cornwell, quando li o Rei do Inverno gostei do ambiente que ele criava em torno dos personagem do mundo antigo (pagão), como o Merlin e a Nimue, mas realmente dava a impressão de que se tratava de um mundo em extinção. Também gostei da trilogia "Pendragon" especialmente do volume sobre Taliesin, mas é capaz de ser ainda mais pró-cristã, já não me recordo bem, na altura não estava muito desperto para estas questões. Parece que todos os autores de fantasia têm uma tendência para o cristianismo, mas um bem-haja para eles na mesma, porque acabam por provocar um interesse pelo paganismo talvez mais genuíno do que se fosse propositado.

11 de março de 2008 às 20:33:00 WET  
Blogger Caturo said...

Se também tiveres interesse na malta viquingue, aconselho-te, sempre cum grano salis, esta nova saga saxónica.

11 de março de 2008 às 20:38:00 WET  
Blogger Silvério said...

Vai para a lista :D, é que isto anda um bocado parado.

11 de março de 2008 às 22:14:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

E o pior, para ambos, é que nem esse «argumento» tem qualquer ponta por onde se lhe pegue, visto que não vos passa pelos atrofiados e roídos cornos o que é ou deixa de ser a minha vida profissional, ahahhahaahhh...

Negas o que eu disse, ignaro marrequinho? :) Vá lá, senhor doutor Caburro, quero ver-te negar.

11 de março de 2008 às 23:14:00 WET  
Blogger Caturo said...

Era o que faltava, entrar no teu jogo de eunuco cusco e dar-te satisfações da minha vida, ó sub-gente, monte de esterco, infame chupa-marrecos, ahahhahahh...

12 de março de 2008 às 15:28:00 WET  

Enviar um comentário

<< Home